1. "Eu renovo todas as coisas... estas palavras são fiéis e verdadeiras" (Ap 21, 5).
Cristo renova todas as coisas. Santa Brígida, ilustre filha da terra da Suécia, acreditou muito e com profundo amor em Cristo. Adornou com o seu cântico de fé e as suas boas obras a Igreja, na qual reconhecia a comunidade dos crentes, habitada pelo Espírito de Deus.
Hoje recordamos esta singular figura de Santa e sinto-me particularmente feliz por que nesta celebração estejam ao meu lado os mais altos representantes das Igrejas luteranas da Suécia e da Finlândia, juntamente com os meus venerados Irmãos no Episcopado de Estocolmo e de Copenhaga. Saúdo-os a todos e cada um com grande afeto.
Com deferência saúdo também o Rei e a Rainha da Suécia, que quiseram honrar esta celebração com a sua presença. A minha saudação estende-se, além disso, às Personalidades políticas que estão aqui connosco. Saúdo por fim todas vós, queridas Irmãs do Santíssimo Salvador de Santa Brígida, aqui guiadas pela vossa Superiora-Geral.
2. Estamos mais uma vez reunidos para renovar diante do Senhor o empenho pela unidade da fé e da Igreja, que Santa Brígida, com convicção, fez próprio em tempos difíceis. A paixão pela unidade dos cristãos foi o alimento de toda a sua existência. E este empenho, graças ao seu testemunho e ao da Madre Isabel Hesselblad, chegou até nós através da corrente misteriosa da Graça que ultrapassa os confins do tempo e do espaço.
A celebração hodierna impele-nos a meditar sobre a mensagem de Santa Brígida, que eu quis recentemente proclamar co-Padroeira da Europa, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz. O seu amor ativo pela Igreja de Cristo e o testemunho que deu da Cruz constituem um símbolo e uma inspiração para todos nós, que nos preparamos para cruzar o limiar de um novo milénio.
É-me muito grato inaugurar e benzer nesta tarde, no termo da presente celebração, uma estátua que tornará mais viva, aqui no Vaticano, a memória desta grande testemunha da fé. Colocada no exterior desta Basílica e precisamente ao lado da Porta chamada "da oração", a efígie em mármore de Santa Brígida constituirá para todos um constante convite a orar e a trabalhar sempre pela unidade dos cristãos.
3. O meu pensamento dirige-se agora para o dia 5 de Outubro de 1991, quando, nesta mesma Basílica, teve lugar uma solene celebração ecuménica no sexto centenário da canonização de Santa Brígida. Naquela circunstância pude dizer: "Já há vinte e cinco anos luteranos e católicos se esforçam por encontrar de novo o caminho comum... O diálogo teológico tornou evidente o vasto património de fé que nos une... Ninguém ignora que da doutrina da justificação teve início a Reforma protestante e que ela rompeu a unidade dos cristãos do Ocidente. Uma sua comum compreensão... ajudar-nos-á, disto estamos certos, a resolver as outras controvérsias que, directa ou indirectamente, a ela estão ligadas" (cf. L'Osserv. Rom. ed. port. de 13/X/1991, pág. 2).
Aquela "comum compreensão" a que eu almejava há nove anos, hoje, graças ao Senhor, tornou-se realidade animadora. No dia 31 de Outubro passado, na cidade de Ausburgo, foi assinada solenemente uma Declaração conjunta, na qual luteranos e católicos amadureceram um consenso sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação. Esta aquisição do diálogo ecuménico, marco miliário no caminho rumo à unidade plena e visível, é o resultado de um intenso trabalho de pesquisa, encontros e oração.
Contudo, permanece diante de nós um longo caminho a percorrer: "grandis resta nobis via". Devemos fazer ainda mais, conscientes das responsabilidades que nos competem no limiar de um novo milénio. Devemos continuar a comunhão juntos, sustentados por Cristo, que no Cenáculo, na vigília da sua morte, pediu ao Pai para que todos os seus discípulos "fossem um só" (Jo 17, 21).
4. Como mais do que nunca necessário, no texto da Declaração conjunta está escrito que o consenso obtido pelos católicos e luteranos "sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação, deve ter efeitos e encontrar uma verificação na vida e no ensino das Igrejas" (n. 43).
Neste caminho, confiamo-nos à ação incessante do Espírito Santo. Além disso, temos confiança também em quem, antes de nós, amou tanto Cristo e a sua Cruz e orou, como Santa Brígida, pela característica irrenunciável da Igreja, a da sua unidade.
Não conhecemos o dia do encontro com o Senhor. Por isto o Evangelho convida-nos a vigiar, tendo acesas as nossas lâmpadas para que, quando o Esposo chegar, possamos estar prontos a acolhê-l'O. Nesta expectativa vigilante, ressoa no coração de cada crente a invocação do divino Mestre: "Ut unum sint".
Santa Brígida nos sirva de exemplo e interceda por nós. A vós, suas caríssimas filhas espirituais da Ordem do Santíssimo Salvador, peço de modo especial que prossigais com fidelidade no vosso precioso apostolado ao serviço da unidade.
O novo milénio já está às portas: "Cristo ontem, hoje e sempre" seja o centro e a meta de todas as nossas aspirações. É Ele que renova todas as coisas e traça para nós um itinerário de jubilosa esperança. Oremos sem cessar para que Ele nos conceda a sabedoria e a força do seu Espírito; invoquemo-l'O para que todos os cristãos cheguem quanto antes à unidade. Nada é impossível a Deus!
João Paulo II – Homilia proferida em 13 de Setembro de 1999
Hoje recordamos esta singular figura de Santa e sinto-me particularmente feliz por que nesta celebração estejam ao meu lado os mais altos representantes das Igrejas luteranas da Suécia e da Finlândia, juntamente com os meus venerados Irmãos no Episcopado de Estocolmo e de Copenhaga. Saúdo-os a todos e cada um com grande afeto.
Com deferência saúdo também o Rei e a Rainha da Suécia, que quiseram honrar esta celebração com a sua presença. A minha saudação estende-se, além disso, às Personalidades políticas que estão aqui connosco. Saúdo por fim todas vós, queridas Irmãs do Santíssimo Salvador de Santa Brígida, aqui guiadas pela vossa Superiora-Geral.
2. Estamos mais uma vez reunidos para renovar diante do Senhor o empenho pela unidade da fé e da Igreja, que Santa Brígida, com convicção, fez próprio em tempos difíceis. A paixão pela unidade dos cristãos foi o alimento de toda a sua existência. E este empenho, graças ao seu testemunho e ao da Madre Isabel Hesselblad, chegou até nós através da corrente misteriosa da Graça que ultrapassa os confins do tempo e do espaço.
A celebração hodierna impele-nos a meditar sobre a mensagem de Santa Brígida, que eu quis recentemente proclamar co-Padroeira da Europa, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz. O seu amor ativo pela Igreja de Cristo e o testemunho que deu da Cruz constituem um símbolo e uma inspiração para todos nós, que nos preparamos para cruzar o limiar de um novo milénio.
É-me muito grato inaugurar e benzer nesta tarde, no termo da presente celebração, uma estátua que tornará mais viva, aqui no Vaticano, a memória desta grande testemunha da fé. Colocada no exterior desta Basílica e precisamente ao lado da Porta chamada "da oração", a efígie em mármore de Santa Brígida constituirá para todos um constante convite a orar e a trabalhar sempre pela unidade dos cristãos.
3. O meu pensamento dirige-se agora para o dia 5 de Outubro de 1991, quando, nesta mesma Basílica, teve lugar uma solene celebração ecuménica no sexto centenário da canonização de Santa Brígida. Naquela circunstância pude dizer: "Já há vinte e cinco anos luteranos e católicos se esforçam por encontrar de novo o caminho comum... O diálogo teológico tornou evidente o vasto património de fé que nos une... Ninguém ignora que da doutrina da justificação teve início a Reforma protestante e que ela rompeu a unidade dos cristãos do Ocidente. Uma sua comum compreensão... ajudar-nos-á, disto estamos certos, a resolver as outras controvérsias que, directa ou indirectamente, a ela estão ligadas" (cf. L'Osserv. Rom. ed. port. de 13/X/1991, pág. 2).
Aquela "comum compreensão" a que eu almejava há nove anos, hoje, graças ao Senhor, tornou-se realidade animadora. No dia 31 de Outubro passado, na cidade de Ausburgo, foi assinada solenemente uma Declaração conjunta, na qual luteranos e católicos amadureceram um consenso sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação. Esta aquisição do diálogo ecuménico, marco miliário no caminho rumo à unidade plena e visível, é o resultado de um intenso trabalho de pesquisa, encontros e oração.
Contudo, permanece diante de nós um longo caminho a percorrer: "grandis resta nobis via". Devemos fazer ainda mais, conscientes das responsabilidades que nos competem no limiar de um novo milénio. Devemos continuar a comunhão juntos, sustentados por Cristo, que no Cenáculo, na vigília da sua morte, pediu ao Pai para que todos os seus discípulos "fossem um só" (Jo 17, 21).
4. Como mais do que nunca necessário, no texto da Declaração conjunta está escrito que o consenso obtido pelos católicos e luteranos "sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação, deve ter efeitos e encontrar uma verificação na vida e no ensino das Igrejas" (n. 43).
Neste caminho, confiamo-nos à ação incessante do Espírito Santo. Além disso, temos confiança também em quem, antes de nós, amou tanto Cristo e a sua Cruz e orou, como Santa Brígida, pela característica irrenunciável da Igreja, a da sua unidade.
Não conhecemos o dia do encontro com o Senhor. Por isto o Evangelho convida-nos a vigiar, tendo acesas as nossas lâmpadas para que, quando o Esposo chegar, possamos estar prontos a acolhê-l'O. Nesta expectativa vigilante, ressoa no coração de cada crente a invocação do divino Mestre: "Ut unum sint".
Santa Brígida nos sirva de exemplo e interceda por nós. A vós, suas caríssimas filhas espirituais da Ordem do Santíssimo Salvador, peço de modo especial que prossigais com fidelidade no vosso precioso apostolado ao serviço da unidade.
O novo milénio já está às portas: "Cristo ontem, hoje e sempre" seja o centro e a meta de todas as nossas aspirações. É Ele que renova todas as coisas e traça para nós um itinerário de jubilosa esperança. Oremos sem cessar para que Ele nos conceda a sabedoria e a força do seu Espírito; invoquemo-l'O para que todos os cristãos cheguem quanto antes à unidade. Nada é impossível a Deus!
João Paulo II – Homilia proferida em 13 de Setembro de 1999
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