Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 2 de abril de 2021

A hora de Maria


A partir das 17h00 de Sábado Santo (fuso horário de Itália), algumas cadeias de televisão vão expor a imagem do Sudário de Turim, para acompanharmos Nossa Senhora enquanto esperava a Ressurreição de Jesus. Tradicionalmente, a Igreja dedica os sábados a Maria, em recordação desse sábado em que ela foi a única pessoa na Terra que teve fé na Ressurreição. Em face da violência da tortura e Morte de Jesus, os primeiros cristãos resistiam a pensar na Ressurreição, parecia-lhes que tudo tinha acabado. Só Maria manteve a serenidade suficiente para recordar o que Jesus tinha dito e repetido tantas vezes: que tinha de padecer muito, que tinha de morrer e que, ao terceiro dia, ressuscitaria.


O Sudário de Turim que vai ser mostrado na televisão é um lençol absolutamente único, com uma imagem extraordinária pelas características técnicas e, sobretudo, pela expressividade. No ano passado, o Papa escreveu no «Twitter»: «Este Rosto desfigurado pelas feridas comunica-nos uma grande paz. O seu olhar não busca os nossos olhos mas o nosso coração».


A imagem do Sudário é um conjunto de manchas ténues, que representa o cadáver deitado de Cristo, pela frente e por trás. Além disso, tem marcas de sangue e outras resultantes de acidentes. Ao fim de muitos séculos, esta imagem, de leitura difícil, quase imperceptível, foi revelada em 1898. Literalmente: foi «revelada» como uma película fotográfica, quando a fotografaram pela primeira vez em 1898.


Quando incide sobre uma película fotográfica, a luz escurece-a, enquanto as partes escuras se mantêm brancas ou transparentes. Isto é, o preto fica branco e o branco fica a preto. Assim, por causa desta inversão de luz, a fotografia com película exige duas etapas. Primeiro, capta-se a imagem «em negativo», isto é, a película fica com a iluminação invertida. A seguir, imprime-se o «negativo do negativo», ou seja, inverte-se o negativo, para a imagem ficar normal, com a luz a branco e a escuridão a preto. Esta imagem final chama-se o «positivo».



O curioso do Sudário de Turim é que, ao fim da primeira etapa fotográfica, que deveria ser o passo intermédio, se obteve uma imagem nítida e fácil de compreender, como se o lençol de Turim fosse uma pintura «em negativo».


Não podia ser uma pintura em negativo, porque ninguém fazia a inversão da luz antes de se inventar a química fotográfica. E, para maior surpresa, a imagem de Turim nem sequer é uma pintura. O lençol tem manchas, mas não há tinta, nem há desenho, é a própria superfície do tecido de linho que dá o tom às manchas. As manchas não impregnam os fios, nem se nota sobre eles qualquer pintura, por isso, as manchas não têm um carácter direccional, como as marcas do pincel numa pintura.


À medida que se estuda o Sudário de Turim, descobrem-se cada vez mais singularidades. Talvez por não estar pintada com tinta, a imagem não é afectada pela água, nem por reagentes químicos, nem sequer pelo calor.


O mais estranho, parece-me a mim, é que a imagem não só é um «negativo», como contém informação tridimensional: as tonalidades da cor dão a medida do relevo, de modo que se pode reconstruir a três dimensões a forma do cadáver representado no lençol. É que a imagem não é uma simples imagem visual, com zonas claras do lado da luz incidente e sombras do lado oposto: a cor é proporcional à distância do cadáver ao lençol, independentemente de estar do lado da luz ou do lado da sombra. Com um computador, fazem-se imagens deste tipo, mas como é que ela aparece num lençol com tantos séculos?


Os grãos microscópicos de pólen são fáceis de compreender. A polícia judiciária faz essas observações da roupa para determinar onde é que os sujeitos estiveram. No caso do lençol de Turim, dezenas de grãos de pólen remetem para a Terra Santa e alguns outros são de Turim ou de outros sítios onde o lençol esteve.


O Sudário de Turim impressiona por este tipo de pormenores difíceis de explicar e alguns deles impossíveis até de reproduzir com os meios técnicos actuais. A tradição garante que este lençol envolveu o Corpo morto de Cristo, «embrulhado num lençol com perfumes, à maneira dos judeus», como diz o Evangelho de S. João, e a palavra «sudário» por que é conhecido designa este tipo de lençol.



É bom continuar a investigar, mas podemos ir mais longe e, como diz o Papa no «Twitter», podemos pensar que o olhar de Jesus morto por nós na Cruz não busca os nossos olhos mas o nosso coração. O propósito da transmissão televisiva deste Sábado Santo é aprender a olhar Jesus com o olhar de fé de Maria, por isso o evento se chama a hora de Maria.

José Maria C.S. André

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