Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 19 de maio de 2020

MISTÉRIOS DO EVANGELHO Quarto Mistério

Instituição do Sacramento do perdão

Podemos julgar - e talvez inconscientemente o façamos - que sabemos muito bem o que é o perdão. Talvez o que nos convenha ter claro seja: o que é PERDOAR!
Sim... digo bem - o que é PERDOAR! Parece muito claro que PERDOAR consiste em relevar uma ofensa - intencionalmente cometida contra a nossa pessoa. Parece que sim, é uma conclusão aceitável, mas há algumas "condições" que se impõem: Realmente o que ficou "ferido": a minha personalidade ou a minha soberba?
Ouvimos falar de soberba e, talvez, pensemos numa atitude despótica e avassaladora, com grande barulho de vozes que aclamam o triunfador que passa, como um imperador romano, debaixo dos altos arcos, inclinando a cabeça, pois teme que a sua fronte gloriosa toque o alvo mármore... Sejamos realistas. Este tipo de soberba só tem lugar numa fantasia louca. Temos de lutar contra outras formas mais subtis, mais frequentes: o orgulho de preferir a própria excelência à do próximo; a vaidade nas conversas, nos pensamentos e nos gestos; uma susceptibilidade quase doentia, que se sente ofendida com palavras ou acções que não são de forma alguma um agravo... Tudo isto, sim, pode ser, é uma tentação corrente. O homem considera-se a si mesmo como o sol e o centro dos que estão ao seu redor. Tudo deve girar em torno dele. Por isso, não raramente acontece que ele recorre, com o seu afã mórbido, à própria simulação da dor, da tristeza e da doença: para que os outros se preocupem com ele e o mimem. A maior parte dos conflitos que se apresentam na vida interior de muitas pessoas, fabrica-os a imaginação: é que disseram isto ou aquilo, são capazes de pensar aqueloutro, não me consideram... E essa pobre alma sofre, graças à sua triste fatuidade, com suspeitas que não são reais. Nessa aventura desgraçada, a sua amargura é contínua e procura desassossegar os outros, porque não sabe ser humilde, porque não aprendeu a esquecer-se de si mesmo para se entregar, generosamente, ao serviço dos outros por amor de Deus». (Cfr. São Josemaria, Amigos de Deus 101)
A "ofensa" foi real, concreta, feita directamente, ou por "me ter constado"? Trata-se de uma falsidade a meu respeito, ou de uma crítica a alguma faceta do meu carácter ou comportamento? Qual foi a minha primeira reacção?
A estas duas perguntas só é possível responder fazendo um exame sério e “desapaixonado” e justo. A nossa susceptibilidade é muitas vezes exagerada considerando agravos e ofensas o que, talvez, não passe de uma manifestação de “correcção fraterna”, ou seja, de amizade. Alguns – eu incluído – mantêm actualizada uma lista de “agravos” que consideram ter sido vítimas. É verdade que muitas destas supostas - ou reais – ofensas já as perdoamos mas, não obstante, mantemos viva a sua lembrança.
Diz-se: Eu perdoo mas não esqueço! Isto é um contra-senso, um disparate. Não esqueço porquê? Pensar na simples hipótese que se Deus Nosso Senhor procedesse assim connosco - perdoasse mas não esquecesse – deve causar-nos um imediato “calafrio”, medo e angústia.
No julgamento a que - todos – seremos sujeitos logo após a nossa morte terrena, quão extenso seria o volume do nosso “processo”? Esta maneira de ser apresenta, ainda, um outro perigo a ter muito em conta: A lembrança dos pecados do nosso passado - recente ou não – por vezes com detalhes que podem levar-nos a uma tentação terrível: A tentação da memória.
Sei - experimentei-o muitas vezes - que mesmo sem o desejar se pode repetir o pecado mesmo pecado. Não há, pois, outro caminho: - Perdoar e esquecer!

(AMA, 2019)

Sem comentários: