Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 23 de abril de 2020

REFLEXÕES SOBRE A PESTE DE 2020 (IV) Luís Filipe Thomaz

Desta conclusão tiro pretexto para uma quarta reflexão. Se nos não é lícito dizer que tal ou tal acontecimento sobreveio como castigo de Deus para tal ou tal pessoa, é-nos possível, mesmo desejável, ver nas tribulações que de quando em quando nos afetam apelos do Senhor, que através delas nos educa. Recordemos o ensinamento do próprio Cristo, reportado por S. Lucas (13, 1-5):

Nessa ocasião apareceram alguns a dar-Lhe a notícia dos galileus cujo sangue Pilatos havia misturado com o dos sacrifícios deles. Disse-lhes Ele em resposta: "Julgais que esses galileus por terem sofrido tal pena eram mais pecadores que todos os outros galileus? Não, digo-vos Eu; mas se não vos arrependerdes, perecereis todos igualmente. E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou: julgais que eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, digo-vos Eu; mas se vos não arrependerdes, perecereis todos da mesma maneira!"

              De facto, a pedagogia divina tem por vezes de recorrer a modalidades mais fortes, já que, por falta de sensibilidade e atenção, nem todos conseguem apreender as mais fracas. Isso recorda-me o comentário de S. Agostinho ao milagre da multiplicação dos pães, no seu 24º Tratado sobre o Evangelho de João:

Os milagres que fez nosso Senhor Jesus Cristo são deveras obras divinas e movem a mente humana a compreender Deus a partir de cousas visíveis. Já que sua substância não é tal que se possa ver com os olhos, e os milagres pelos quais rege todo o mundo e administra toda a criatura, devido à sua assiduidade, perderam preço, a ponto de quase ninguém se dignar atender às admiráveis e estupendas obras de Deus em qualquer grão de semente, segundo a sua própria misericórdia reservou para si algumas, para as fazer em tempo oportuno, contra a ordem e curso habitual da natureza: para que as admirassem não por serem maiores, mas mais raras que as quotidianas, que perderam o valor. Maior milagre é, com efeito, o governo de todo o mundo que a satisfação de cinco mil pessoas com cinco pães. E no entanto, com aquele ninguém se admira, não porque esta seja maior, mas porque é mais rara. Quem é que agora alimenta o mundo inteiro, senão Aquele que de poucos grãos cria as searas?

(continua, são no total VII reflexões)

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