Celebra-se amanhã, segunda-feira 16 de Novembro, a memória de uma mulher que marcou fortemente a história da humanidade. Chamava-se Margaret, ou «Magret», como dizem os escoceses.
O pai era o Príncipe inglês Edward,
que devia ter herdado o trono mas foi obrigado a exilar-se pelos invasores
dinamarqueses. Refugiado na Hungria, Edward casou-se com a Princesa húngara
Agatha. A filha Margaret nasceu a 8 de Setembro de 1045 no castelo de Reka, na
localidade de Mecseknádasd, Pécsváradi, na região de Baranya, na Hungria. Os
irmãos Cristina e Edgar também nasceram aí.
Entretanto, a vida política deu
uma volta em Londres e Edward, pai de Margaret, foi chamado ao trono inglês. A
família regressou, mas Edward morreu pouco depois de desembarcar, sem chegar a
tomar posse. Margaret tinha 10 anos.
Nova reviravolta: os normandos
invadem a Inglaterra e conquistam-na na batalha de Hastings em 1066. A mãe de
Margaret tem de fugir com os filhos para o Norte, para perto da fronteira com a
Escócia. Margaret tinha 21 anos.
Malcolm Canmore III, Rei da Escócia, que acolheu generosamente a viúva e os seus três filhos, mereceu um grande prémio por esse seu gesto cavalheiresco: conhecer Margaret, uma donzela linda e encantadora. Malcolm era viúvo e o presente veio mesmo «caído do céu». Em 1070, casa com Margaret em Edinburgh, no castelo de Dunfermline.
Tiveram 8 filhos, seis rapazes e
duas raparigas. Margaret transformou o severo Malcolm e ficou para a história o
ambiente muito vivo e a alegria desta família, adorada pelo povo. O casal vivia
profundamente a sua fé e os filhos acompanhavam-nos. Rezavam juntos, cuidavam
dos pobres e dos doentes, defendiam com justiça os fracos, multiplicavam-se em
iniciativas para promover a cultura, a arte e a educação na Escócia. Sem perder
o carácter íntimo de uma casa de família, o castelo de Dunfermline
transformou-se num hospital, numa universidade, num centro de espiritualidade e
catequese e num parlamento.
A ideia do parlamento foi de Margaret,
que se inspirou no sistema que tinha visto em Londres, para os representantes
do povo participarem activamente na governação e serem co-responsáveis por ela.
Malcolm apoiava-se em Margaret
para tudo, também no governo do Reino, e ela, com a sua doçura e inteligência, ajudou-o
a transformar o país. Graças a eles, a Igreja cresceu e purificou-se. Foram
corrigidos os abusos de alguns clérigos e de alguns poderosos, lançou-se uma
evangelização profunda, organizaram-se actividades, convocaram-se sínodos,
construíram-se igrejas, fundaram-se abadias e escolas. Renovou-se a liturgia,
promoveram-se os sacramentos, em particular a Confissão. Sobretudo, a população
aderiu ao exemplo de virtude daquela mulher e da sua família.
Margaret não era só linda,
simpática, divertida, cheia de vida e de iniciativa. Não era só uma mulher de
grande visão, cultural e política. Era tudo isto, e uma alma de profunda vida
interior. Todos os dias oferecia sacrifícios a Deus, alguns bem grandes, e
dedicava tempo e energia à oração, porque sabia que o verdadeiro fruto dos seus
esforços dependia dessa generosidade com Deus. O povo ainda hoje lhe chama a
«Pérola da Escócia». Malcolm, que não sabia ler, compreendeu o valor da oração
de Margaret e fez com que lhe decorassem os livros de devoção com iluminuras de
qualidade artística. Um desses exemplares, que se salvou depois de grandes
peripécias, pode admirar-se actualmente em Oxford.
Em 1093, quando Margaret estava a
ponto de morrer, o marido Malcolm e Edward, o filho mais velho de Malcolm, do
anterior casamento, morreram numa batalha em Alnwick. Quando lhe dão a notícia
terrível, Margaret afirma que de Deus só recebemos coisas boas e agradece-Lhe ter-lhe
enviado essa aflição tão grande como estímulo para a purificar dos seus
pecados. Três dias depois do marido, a 16 de Novembro, com 48 anos, Margaret
morre.
O Papa Inocêncio IV canonizou
esta mulher extraordinária. Margaret é a padroeira da Escócia e a sua memória
celebra-se a 16 de Novembro, para festejar o dia em que esta santa foi recebida
por Deus no Céu.
José
Maria C.S. André
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