São Josemaria aconselhava séria e carinhosamente aos pais, que eles mesmos se ocupassem de falar para os filhos sobre a origem da vida, utilizando exemplos inteligíveis. É também um grande horizonte para os casais aos que Deus não concedeu a descendência, para colaborar com seu exemplo e sua palavra em defesa da estupenda virtude da castidade.
Recordava que Deus chama a maior parte dos homens e mulheres ao estado matrimonial. Na preparação deste passo, um papel importante corresponde ao namoro. O Catecismo da Igreja Católica afirma que os filhos têm o direito e o dever de escolher a sua profissão e seu estado de vida, e acrescenta: «Devem assumir as novas responsabilidades numa relação de confiança com os seus pais, a quem pedirão e de quem de boa vontade receberão opiniões e conselhos. Os pais terão o cuidado de não condicionar os filhos, nem na escolha duma profissão, nem na escolha do cônjuge. Mas este dever de discrição não os proíbe, muito pelo contrário, de os ajudar com opiniões ponderadas, sobretudo quando tiverem em vista a fundação dum novo lar»[7].
O nosso Fundador recomendava que o tempo do namoro não se prolongasse muito: o lógico para chegar a conhecimento mútuo suficiente e comprovar a existência de um amor, que depois deverá crescer sempre mais. Enquanto isso, é preciso ater-se com temperança e domínio às exigências da lei de Deus.
Infelizmente, também neste campo estão difundidas ideias e comportamentos indevidos, que contrastam frontalmente com a lei natural e a lei divina positiva. O Papa Francisco, numa audiência, expunha há meses atrás alguns pontos do ensinamento tradicional da Igreja. Entre outros, recorda que a aliança de amor entre o homem e a mulher, aliança para a vida, não se improvisa, não se faz de um dia para outro. Não há o matrimónio rápido: é preciso trabalhar sobre o amor, é necessário caminhar. A aliança do amor do homem e da mulher aprende-se e aperfeiçoa-se [8]. E acrescenta com realismo: quem pretende tudo e imediatamente, depois também cede sobre tudo — e já — na primeira dificuldade (ou na primeira ocasião) [9].
Se os pais estiverem atentos ao desenvolvimento físico e espiritual dos filhos, poderão advertir com maior facilidade quando precisam de um conselho oportuno ou de uma orientação. Ao mesmo tempo, deverão reconhecer a possível e magnífica chamada de algum, para dedicar-se ao serviço de Deus e das almas no celibato apostólico. Quando os pais se assustam perante esta circunstância, e se opõe radicalmente a essa eleição, demonstram – pelo menos – que o espírito de Jesus Cristo penetrou pouco nas suas almas, que seu cristianismo é muito superficial. É lógico que considerem o assunto na presença de Deus e que, se tinham uma postura intransigente, mudem de atitude. Penso que só aqueles que amam o caminho do celibato, entenderão com mais profundidade a grandeza de um casamento limpo.
[7] Catecismo da Igreja Católica, n. 2230.
[8] Papa Francisco, Discurso na audiência geral, 27-V-2015.
[9] Ibid.
(D. Javier Echevarría na carta do mês de agosto de 2015, excerto a partir do site do Opus Dei no Brasil com uma ligeiríssima adaptação)
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