Desde muito pequenos, os filhos testemunham o que acontece em casa. E percebem logo se os pais se comportam de acordo com o que ensinam, se se sacrificam com alegria pelos outros, se encaram com paciência e compreensão os defeitos, se sabem desculpar e perdoar e, quando é necessário, corrigir de modo afável mas claro. Ou seja, explicava o nosso Fundador, tudo o que acontece em casa influi, para bem ou para mal, nas vossas crianças. Procurai dar-lhes bom exemplo, procurai não esconder a vossa vida de oração, procurai ser limpos no vosso comportamento. E então aprenderão, e serão a coroa da vossa maturidade e da vossa velhice. Sois para eles como um livro aberto. Por isso deveis ter vida interior, lutar por ser bons cristãos. Se não, é inútil o trabalho que pretendeis fazer com os vossos filhos ou com os filhos dos vossos amigos [9].
Para dar vigor a esta primeira e maior responsabilidade, os pais e os outros educadores devem esforçar-se pessoalmente por aprofundar os conteúdos da fé, através do estudo e da consulta a quem está bem preparado, de forma que a luz da doutrina ilumine o seu entendimento e inflame o seu coração. Tudo isto se vai refletir na sua atuação quotidiana, e então poderão afirmar o que o Espírito Santo põe na boca dos pais quando os filhos, pelo exemplo e conselhos dos seus progenitores, procuram os caminhos de Deus: meu filho, se o teu coração for sábio, o meu também se alegrará, e hei-de rejubilar no meu íntimo quando os teus lábios disserem coisas retas [10].
Comentando estas palavras, o Papa Francisco acrescenta: Não se poderia expressar melhor o orgulho e a emoção de um pai que reconhece que transmitiu ao seu filho aquilo que realmente conta na vida, ou seja, um coração sábio (…). Um pai sabe bem quanto custa transmitir esta herança: quanta proximidade, quanta meiguice e quanta firmeza. No entanto, que consolação e recompensa se recebe quando os filhos honram esta herança! É uma alegria que compensa todos os esforços, que supera qualquer incompreensão e que cura todas as feridas [11].
Apesar destes cuidados, não é raro, sobretudo nalguns países, que a entrada na adolescência ou na juventude vá acompanhada por uma aparente perda da fé. Mais que de abandono, costuma tratar-se de tibieza ou desleixo na prática religiosa, que passam a considerar como uma imposição exterior, que contrasta com o ambiente da escola, da universidade, dos amigos ou amigas. A primeira reação dos pais ou amigos cristãos é sempre rezar mais por essas pessoas, tratá-las com afeto, procurar compreender. Como és uma mãe cristã, comentava S. Josemaria a uma mãe atribulada, descobriste a primeira forma e a mais eficaz: a oração. Invoca a Santíssima Virgem, que entende muito bem as mães, porque ela é Mãe de Deus, tua Mãe e dos teus filhos, e minha Mãe.
Depois, procura encontrar bons amigos para os teus filhos (…).Muitas vezes, as mães não se devem impor porque eles se podem queixar de que não lhes dais liberdade, mas através desses amigos, irão voltando, a pouco e pouco (…). E, protegidos pela tua oração, outras pessoas farão bem aos teus filhos, para que voltem à Igreja, com amor [12].
[9]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 12-XI-1972.
[10]. Pr 23, 15-16.
[11]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 4-II-2015.
[12]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 22-X-1972.
(D. Javier Echevarría na carta do mês de julho de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
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