A reedição de religiões e cultos pré-cristãos, que hoje se procura fazer com frequência, tem muitas explicações. Se não existe a verdade comum, vigente precisamente porque é verdadeira, o cristianismo passa a ser somente algo importado de fora, um imperialismo espiritual que se deve sacudir com não menos força que o político. Se os sacramentos não proporcionam o contacto com o Deus vivo de todos os homens, então não são mais que rituais vazios que não nos dizem nada nem nos dão nada, e, quando muito, nos permitiriam perceber o mistério que reina em todas as religiões. [...]
Mas, sobretudo, se a "sóbria embriaguez" do mistério cristão não nos consegue embriagar de Deus, então é preciso recorrer à embriaguez real de êxtases forçados, cuja paixão nos arrebata e nos converte - ao menos por uns instantes - em "deuses", e nos permite perceber por alguns momentos o prazer do infinito e esquecer a miséria do finito.
(Cardeal Joseph Ratzinger in Conferência no encontro de presidentes de comissões episcopais da América Latina para a doutrina da fé, Guadalajara - México, nov. 1996)
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