A fé precisa realmente da filosofia, ou a fé - que, em palavras de Santo Ambrósio, foi confiada a pescadores e não a dialéticos - é completamente independente da existência ou inexistência de uma filosofia aberta em relação a ela? Se se contempla a filosofia apenas como uma disciplina académica entre outras, então a fé é de facto independente dela. Mas o Papa [João Paulo II] entende a filosofia num sentido muito mais amplo e mais conforme com a sua origem. A filosofia pergunta-se se o homem pode conhecer a verdade, as verdades fundamentais sobre si mesmo, sobre a sua origem e o seu futuro, ou se vive numa penumbra que não é possível esclarecer e tem de enclausurar-se, em última análise, no âmbito da utilidade.
A característica própria da fé cristã no mundo das religiões é que afirma dizer-nos a verdade sobre Deus, o mundo e o homem, e que pretende ser a religio vera, a religião da verdade. [...] Mas isto significa o seguinte: a questão da verdade é a questão essencial da fé cristã, e, neste sentido, a fé tem inevitavelmente a ver com a filosofia.
(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘Fe, verdade y cultura’)
Sem comentários:
Enviar um comentário