Fizeram-nas sair da prisão da Consiergerie e obrigaram-nas a dirigirem-se para o local do suplício, a Praça do Trono, já repleta de gente sedenta de sangue. Era o dia 17 de Julho. Ao chegarem perto da guilhotina, estas 16 mulheres que se preparavam para morrer, começaram a cantar o hino Veni Creator Spiritus. A morte, para um cristão, não tem nunca a última palavra. Este modo de actuar, numa situação humanamente tão difícil, manifestava tudo menos fanatismo e intolerância.
Mas o cântico começou a tornar-se cada vez mais débil, à medida que as suas cabeças caíam uma após a outra. Por fim ficou somente uma, a prioresa, Madre Teresa de Santo Agostinho. As suas últimas palavras foram estas: «O amor será sempre vitorioso, porque o amor vence sempre». Não condenou ninguém. Não morreu com ódio a ninguém. As suas últimas palavras foram um grito de esperança.
Ontem como hoje, marcar com a suspeita de intolerância todo aquele que defende convicções religiosas é uma atitude pouco tolerante. E com facilidade, quantas pessoas caiem imperceptivelmente neste erro. Muitas vezes defendem que uma opinião, para ser verdadeiramente tolerante, tem de ser completamente “laica”.
Parece que pôr este “adjectivo” é sinónimo de que se trata de algo neutro, que está por cima de qualquer tipo de debate, e que por isso deve ser aceite pacificamente por todos. E em nome de “verdades laicas”, que combatem sem tréguas qualquer tipo de “intolerância”, já se cortaram muitas cabeças.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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