Ao chegar à idade e tempo da reforma, pus-me a pensar no que tal facto me dizia na minha relação com Deus.
Enquanto trabalhamos, (num trabalho fixo, porque os reformados nunca deixam de trabalhar), servimo-nos muitas vezes dessa situação para nos desculparmos interiormente com a falta de tempo para a oração, para um melhor conhecimento das coisa de Deus e da Igreja, para uma relação mais assídua e, portanto, fortalecida, com a família e com os outros.
Ora quem quer viver com Deus, segundo a vontade de Deus, sabe bem que Ele deve estar presente em todos os momentos e situações da vida, pelo que, quando nos desculpamos com a falta de tempo, estamos, mais coisa menos coisa, a dizer que a vida que Deus nos proporciona, é causa, afinal, da nossa falta de tempo para aquilo que verdadeiramente devemos fazer, segundo a sua vontade.
Claro que haveria muito a dizer sobre isto, mas o que me interessa agora é, em que medida, o tempo da reforma pode alterar tudo isto.
Logicamente, dispondo de mais tempo, por falta do trabalho fixo de condições exigentes e obrigatórias, podemos desaproveitar esse tempo nada fazendo, ou podemos aproveitá-lo então, para um maior e melhor tempo de oração, (ou seja de relação e diálogo com Deus), para ler, e quem sabe, frequentar alguma formação em Igreja, sobre Deus, a Doutrina, etc., para dar mais atenção à família, (sem o stress do trabalho diário que provoca, por vezes, incompreensões e discussões), tornando-a mais igreja doméstica, e também no serviço aos outros, que é sem dúvida serviço a Deus.
Então, e já que ainda há tão pouco tempo celebrámos a Páscoa, a Ressurreição, (que continuamos a celebrar durante 50 dias), podemos ver este tempo de reforma, como um tempo novo, na nossa vida.
E é assim curioso pensar, que o tempo de reforma, que aos olhos da sociedade é uma espécie de “fim de vida”, se pode tornar afinal numa vida nova, numa “ressurreição” para a vida, se realmente, mais livres do “mundo do trabalho”, e não só, nos aproximarmos mais de Deus, procurando ainda mais fazer a sua vontade, (em todas as circunstâncias da vida), sendo assim testemunhas do seu amor.
Quisera eu saber entregar-me assim e fazer aquilo que aqui escrevo, (para não ser «Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz»), e pela graça de Deus, dar uma vida nova à vida que Ele me deu.
Tudo e sempre para a sua glória!
Marinha Grande, 16 de Abril de 2015
Joaquim Mexia Alves
Nota:
Texto da minha colaboração no "Grãos de Areia", Boletim Paroquial da Marinha Grande, do mês de Abril.
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