O namoro é, essencialmente, uma preparação para o casamento. É necessário conhecer-se a fundo — com objectividade — antes de responder à pergunta mais transcendente da vida: com quem é que me vou comprometer de verdade e para sempre?
Podem parecer óbvias estas afirmações. No entanto, encontram-se não poucas pessoas hoje em dia que negam a estreita relação entre o namoro e o casamento.
Se não se perde a perspectiva do casamento, entende-se com facilidade que o namoro não é nenhuma brincadeira sentimental. É um tempo de profundo e objectivo discernimento. Uma etapa na vida em que é necessário colocarmo-nos uma pergunta radical e responder-lhe sem superficialidades: esta pessoa é ou não é aquela com quem me vou comprometer para sempre?
Como um cristão sabe que o casamento é uma vocação divina, faz a mesma pergunta também com a perspectiva que lhe dá a fé: esta pessoa é ou não é aquela que foi criada por Deus para percorrer comigo o caminho que conduz ao Céu?
Porque não convém que nos enganemos: é mais fácil chegar ao Céu com alguém que nos ajude, do que com alguém que nos atrapalhe — por muito boa e prendada pessoa que ela seja.
Na decisão de casar-se, como em tudo na vida, existe um conhecimento — que significa para mim dar esse passo? — e um risco associado — não tenho a certeza absoluta de que o barco não possa vir ao fundo, por muito bem construído que ele esteja.
Quanto maior, mais profundo e objectivo for o conhecimento — o namoro — menor será o risco de que o casamento naufrague. E convém não esquecer que a pessoa com quem casarmos será de longe aquela que terá maior influência na nossa felicidade.
Atribui-se a D. Quixote uma sábia e encantadora afirmação: “Aquele que acerta no casar (no comprometer-se), já não lhe fica nada em que acertar”.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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