"A fundação do Opus Dei saiu sem mim; a Secção de mulheres, contra a minha opinião pessoal, e a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, querendo eu encontrá-la e não a encontrando. Também durante a Missa. Sem milagrices: providência ordinária de Deus. Para mim é tanto milagre o nascer e o por do sol todos os dias como se se detivesse".
"Se – em 1928 – tivesse sabido aquilo que me esperava - comentava muitos anos mais tarde -, teria morrido. Mas Deus Nosso Senhor tratou-me como a um menino: não me apresentou de uma só vez o peso todo e foi-me levando para diante, a pouco e pouco…. A um menino pequeno não se lhe dão quatro encargos de uma vez. Dá-se-lhe primeiro um, e depois outro, e outro mais quando já fez o anterior. Já vistes como uma criança brinca com o seu pai? O menino tem uns pedaços de madeira, de formas e cores diversos... E o seu pai vai-lhe dizendo: põe este aqui, e esse ali, e aquele encarnado mais além... E no fim – um castelo!"
14 DE FEVEREIRO DE 1930
Desde el 14 de Fevereiro de 1930, Mons. Escrivá de Balaguer pôs-se a trabalhar, para iniciar a Secção Feminina do Opus Dei. O seu trabalho foi mais lento porque, por delicadeza e prudência, não podia ter, com as mulheres que se sentiram atraídas pela mensagem da Obra, a relação constante e contínua que tinha com os homens (e assim seria sempre: concretamente, jamais viveu num Centro da Secção de mulheres).
A primeira: María Ignacia García Escobar
No entanto, atendeu sacerdotalmente, com um zelo extraordinário María Ignacia García Escobar, uma das primeiras associadas do Opus Dei, que faleceu no Hospital do Rei a 13 de Setembro de 1933, de uma maneira verdadeiramente santa. Sofreu muito, porque sofria de tuberculose intestinal e teve que fazer várias operações. É emocionante ler os cadernos que María Ignacia escreveu naquele hospital de incuráveis, com um estilo que recorda a mais clássica literatura espiritual espanhola. Tinha pedido a admissão na Obra a 9 de Abril de 1932 –"uma nova era de Amor", anota no seu caderno dois dias mais tarde –, mas antes dessa data estava a oferecer pela intenção do Pe. Josemaría a sua febre, as suas múltiplas moléstias, as suas intensas dores que, por exemplo, lhe impediam escrever durante semanas seguidas. María Escobar teve consciência certa de estar a fazer a Obra de Deus na sua cama do hospital: "É necessário colocar bons alicerces. Para isso, procuremos que estes alicerces sejam de granito, não nos aconteça o que aconteceu àquele edifício de que fala o Evangelho, que foi edificado em areia. Os alicerces antes demais; depois, virá o resto"...
Tinha a certeza sobrenatural de que os sacerdotes deviam proceder dos seculares da própria Obra, mas não sabia como resolver os graves problemas jurídicos que isso apresentava. A sua oração de anos foi escutada.
Também para sacerdotes diocesanos
Na alma de São Josemaría houve, durante anos, uma inquietação sobrenatural: e os sacerdotes diocesanos: como poderiam fazer parte do Opus Dei? De novo se colocavam problemas de carácter canónico difíceis de resolver... O seu amor e vontade de servir os seus irmãos sacerdotes era tão forte e as dificuldades jurídicas pareciam tão insuperáveis naquele tempo que, por volta do ano 1950 pensou iniciar uma nova fundação que prestasse aos sacerdotes uma assistência espiritual adequada.
Isso não foi necessário, o Senhor inspirou-lhe de novo que também os sacerdotes diocesanos podiam fazer parte da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, mantendo a sua dependência exclusiva do Bispo da diocese em que estivessem incardinados.
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