Nestas últimas semanas, a Igreja
lançou, em todo o mundo, um projecto renovado de evangelização. Este mês de
Outubro foi declarado um Mês Missionário Extraordinário, do qual ninguém está
excluído. Porque, justificou o Papa, «ninguém está excluído da missão da
Igreja».
O Papa identificou a alegria como
sinal da evangelização verdadeira. «Deus ama quem dá com alegria. E ama uma
Igreja em saída». Este programa é para todos, cada um no ambiente em que vive.
«Se não estiver sem saída, não é Igreja. É preciso que sejamos uma Igreja em
saída, missionária, uma Igreja que não perde tempo a chorar as coisas que
correm mal, os fiéis que faltam, os valores de um tempo que passou. Uma Igreja
que não busca oásis protegidos para estar tranquila; deve ser “sal da terra e
fermento do mundo”. Sabe que a sua força é a do próprio Jesus: não a relevância
social ou institucional, mas o amor humilde e gratuito».
E qual é o sinal que garante a
evangelização verdadeira, aquela que é realizada pelo Espírito Santo? É
transbordarmos de alegria. Deus não quer gente de má cara.
O livro do profeta Neemias tem
uma página muito curiosa, que se leu na Igreja católica em todas as Missas da
passada quinta-feira. O povo todo reuniu-se na praça de Jerusalém e o escriba
Esdras trouxe o Livro da Lei de Moisés. Desde a aurora até ao meio-dia, leu-se o
livro e os levitas explicavam a Lei ao povo. O Governador e o escriba Esdras
exortavam o povo «não vos entristeçais, nem choreis!» e mandaram-nos celebrar
um almoço de festa, repartindo com os que não tivessem nada preparado. Esdras e
o Governador repetiam a mensagem: «Não vos entristeçais, porque a alegria do
Senhor é a vossa fortaleza». Os levitas acalmavam o povo dizendo: «Não vos
lamenteis nem aflijais, porque este dia é santo». E o povo banqueteou-se,
repartindo com quem não tinha, e manifestaram grande alegria porque tinham
compreendido as palavras que lhes anunciaram.
O Papa Francisco comentou que
aquela reunião emocionou o povo porque o Livro da Lei tinha ficado fechado
muito tempo. Para nós, habituados a ouvir a palavra de Deus cada Domingo, este
encontro com a palavra de Deus pode parecer quase rotineiro, enquanto, quando
Esdras trouxe o Livro, o povo chorava de alegria a ponto de ser preciso
acalmá-lo.
O Papa comentou que a alegria é a
nossa força. O demónio produz «corações tristes» enquanto a alegria de Deus
«nos levanta, faz-nos ver e cantar e chorar de alegria». O Papa recordou um
salmo que descreve o momento em que os judeus foram libertos do cativeiro da
Babilónia: «pensavam que estavam a sonhar, nem podiam acreditar. Esta é a nossa
experiência, isto é um sonho!, não podemos acreditar numa beleza tão
deslumbrante!».
S. Lucas também diz que, depois
da Ressurreição de Jesus, os discípulos «não podiam acreditar por causa da alegria»
(Lc 24, 41). Foi preciso Jesus ficar a comer peixe assado com eles para se
convencerem de que Jesus tinha mesmo ressuscitado.
O Papa terminou a homilia de
quinta-feira pedindo a Deus «a graça de nos abrir os corações para o encontro
com a sua palavra, sem medo da festa da alegria».
José Maria C.S. André
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