Quando se candidatam a um cargo, os anglófonos dizem que vão "correr" rumo a esse cargo. As eleições são sempre uma "corrida" para os parlamentos, congressos ou senados. A pergunta mais comum nas vésperas de campanha é sempre: "are you running?". Os meus amigos mais próximos, e alguns deles estão na política, disseram-me ao longo deste este ano: estás sempre a correr. Tem graça isso; talvez seja verdade. Agora que a corrida se aproxima da meta, é importante falar da pista.
Há uns dias, num debate, lembrei-me como o jornalismo me obrigou a ir conhecer o meu país. Como as reportagens levaram um beto da avenida a ver de perto a terra. Como trabalhar nos jornais me mostrou um Portugal que eu não conhecia. A campanha eleitoral, na rua, obrigou-me a conhecer os portugueses. A falar com eles sobre os seus anseios, as suas queixas, as suas aspirações. Mostrou-me como temos vários portugais dentro de um só; que em meio quilómetro vamos do condomínio mais moderno a barracas debaixo de um viaduto, do trânsito mais cerrado a quintas onde ainda se cria gado.
É um enorme desafio levar um programa único a um território tão diverso – e muitas vezes tão desigual –, mas creio profundamente que o fizemos bem e que cada ideia faz justiça a cada diversidade desse território.
Um homem muito mais velho do que eu disse-me, uma vez, que 'a democracia é o ato de coragem que coloca o nosso próprio futuro nas mãos do nosso semelhante, tão diferente de nós'. Fazer parte desse ato foi – foi mesmo – um privilégio. Não sei, afinal, o que acontecerá este domingo. Sei que vou continuar a correr.
Sebastião Bugalho (candidato independente pelo CDS no círculo eleitoral de Lisboa)
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