O Reino dos céus é comparado a um pai de família que contrata trabalhadores para cultivar a vinha. Ora, quem, a não ser o nosso Criador, merecerá com justiça ser comparado a tal pai de família, Ele que governa aqueles que criou, e que exerce neste mundo o direito de propriedade sobre os Seus eleitos como um amo o faz com os servos de sua casa? Possui uma vinha, a Igreja universal, que produziu, por assim dizer, tantos sarmentos quanto santos, desde Abel, o justo, até ao último eleito que nascerá no fim do mundo.
Este Pai de família contrata trabalhadores para cultivar a Sua vinha ao nascer do dia, à terceira hora, à sexta, à nona e à décima primeira, dado que não terminou, do princípio do mundo até ao fim, de reunir pregadores para instruir a multidão dos fiéis. O nascer do dia, para o mundo, era de Adão a Noé; a terceira hora, de Noé a Abraão; a sexta, de Abraão a Moisés; a nona, de Moisés até à vinda do Senhor; e a décima primeira, da vinda do Senhor até ao fim do mundo. Os santos apóstolos foram enviados para pregar nesta última hora e, apesar da sua vinda tardia, receberam o salário por completo.
O Senhor não pára, portanto, em tempo algum, de enviar trabalhadores para cultivar a Sua vinha, isto é, para ensinar o Seu povo. Porque, enquanto fazia frutificar os bons costumes do Seu povo através dos patriarcas, dos doutores da Lei e dos profetas, e finalmente dos apóstolos, Ele procurava, por assim dizer, que a Sua vinha fosse cultivada por intermédio dos Seus trabalhadores. Todos aqueles que, a uma fé justa, acrescentaram boas obras, foram os trabalhadores dessa vinha.
São Gregório Magno (c. 540-604), papa e doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho, nº 19
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