Eu diria que duas coisas. Em primeiro lugar, devemos ter um grande respeito por essas pessoas, que também sofrem e querem viver de um modo digno. Por outro lado, compreender que a criação de uma forma jurídica mais ou menos semelhante ao matrimónio na verdade não as ajudaria.
Portanto, o senhor considera negativa a medida adotada pelo governo da Espanha?[a equiparação das uniões homossexuais com o matrimónio].
Sim, porque destrói a família e a sociedade. O Direito cria a moral ou uma forma de moral, já que a população habitualmente julga que o que o Direito afirma é moralmente lícito. E se considerarmos essa união mais ou menos equivalente ao matrimónio, construiremos uma sociedade que já não reconhece o que é particular à família nem o seu carácter fundamental, isto é, o seu carácter de algo próprio do homem e da mulher, que tem o objetivo de dar continuidade - e não apenas no sentido biológico – à humanidade. Por isso, a medida adotada na Espanha não traz verdadeiro benefício aos homossexuais, uma vez que destrói os elementos fundamentais de uma ordem de direito.
A Igreja já se viu derrotada algumas vezes pelo facto de dizer "não" [,..]. Não seria possível, pelo menos, um pacto de solidariedade, reconhecido e protegido pela lei, entre dois homossexuais?
Institucionalizar um acordo desse tipo - quer o legislador queira, quer não - pareceria, aos olhos da opinião pública, como que uma nova forma de matrimónio, que passaria inevitavelmente a assumir um valor relativo. Em contrapartida, não se pode esquecer que as decisões para as quais tende hoje uma Europa por assim dizer decadente, separam-nos de todas as grandes culturas da humanidade, que sempre reconheceram o significado específico da sexualidade: que o homem e a mulher foram criados para serem, unidos, a garantia do futuro da humanidade. Garantia não apenas física, mas também moral.
(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘El laicismo está poniendo eu peligro la libertad religiosa’)
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