São Josemaria encontra-se em Valhadolid durante uma das suas viagens apostólicas por Espanha.
Ao longo do ano, as viagens sucedem-se a ritmo acelerado em comboios desconjuntados e frios ou por estradas em péssimo estado: Valência, Saragoça, Valhadolid, Barcelona, Salamanca…
Ao chegar ao seu destino, o Padre e os que o acompanham instalam-se num hotel modesto e começam a procurar amigos ou conhecidos. São Josemaria fala sem se cansar, aos que são capazes de entender, do ideal de santidade no meio das ocupações normais que constitui a razão de ser da sua vida desde o dia 2 de Outubro de 1928.
Obrigado, Perdão Ajuda-me
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
Casamento: um caminho divino na terra
Vídeo de 3 minutos em que se recorda que, tal como dizia S. Josemaria, a vocação para o matrimónio é "um caminho divino na terra". Legendas em português.
Desnorte
«O homem tem medo de ficar a sós consigo mesmo, perde o seu centro, torna-se um vagabundo intelectual que está sempre fora de si mesmo».
(“Olhar para Cristo” - Joseph Ratzinger)
A graça divina
«A todos, pois exortamos a que estreitamente unidos ao Redentor, com cuja ajuda podemos (cfr Phil 4,13), vos dediqueis com toda a solicitude à salvação daqueles que a Providência confiou aos vossos cuidados. Quão ardentemente desejamos, amados filhos, que tenhais emulação daqueles santos que, (…), com as suas grandes obras demonstraram a quanto chega neste mundo o poder da graça divina!»
(Menti nostrae, nº 31 – Pio XII)
(Menti nostrae, nº 31 – Pio XII)
O Evangelho do dia 29 de fevereiro de 2016
Depois acrescentou: «Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel no tempo de Elias, quando foi fechado o céu durante três anos e seis meses e houve uma grande fome por toda a terra; e a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma mulher viúva de Sarepta, do território de Sidónia. Muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi curado, senão o sírio Naaman». Todos os que estavam na sinagoga, ouvindo isto, encheram-se de ira. Levantaram-se, lançaram-n'O fora da cidade, e conduziram-n'O até ao cume do monte sobre o qual estava edificada a cidade, para O precipitarem. Mas, passando no meio deles, retirou-Se.
Lc 4, 24-30
domingo, 28 de fevereiro de 2016
Bom Domingo do Senhor!
Estejamos sempre disponíveis a deixar aqueles que atuam em nome do Senhor que «deitem os estrume» como nos fala o Evangelho de hoje (Lc 13, 1-9) pois só através da permanente formação e cheios de humildade conseguiremos a nossa conversão permanente e para Ele totalmente virada.
Senhor Jesus concede-nos a oportunidade de nos reconvertermos amando-Te acima de todas as coisas!
Imitemos a paciência do Bom Pastor
Astério de Amaseia (?-c. 410), bispo
Homilia n.º 13, Sobre a conversão (trad. do Breviário)
Se quereis parecer-vos com Deus, uma vez que fostes criados à Sua imagem, imitai o Seu exemplo. Se sois cristãos, nome que é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo.
Considerai as riquezas da Sua bondade. [...] Como acolheu Ele os que escutaram a Sua palavra? Concedeu-lhes generosamente o perdão dos pecados e libertou-os, sem demora, de toda a ansiedade. [...] Imitemos o exemplo de Cristo, o Bom Pastor. [...]
Vemos descrita [nos Evangelhos], na linguagem misteriosa das parábolas, a figura de um pastor de cem ovelhas, o qual, ao verificar que uma delas se tresmalhara e andava errante, não permaneceu junto das que pastavam tranquilamente: pôs-se a caminho à procura da ovelha perdida, atravessando vales e florestas, transpondo montanhas altas e escarpadas e percorrendo desertos, num esforço incansável até a encontrar.
Ao encontrá-la, não lhe bateu nem a impeliu violentamente, mas, pondo-a aos ombros e tratando-a com doçura, reconduziu-a ao rebanho. E foi maior a sua alegria por uma só ovelha reencontrada do que pela multidão das restantes (Lc 15,4-6).
Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola [e o seu] ensinamento sagrado: nunca devemos julgar os homens perdidos sem remédio, nem deixar de ajudar com toda a diligência os que se encontram em perigo. Pelo contrário: reconduzamos ao bom caminho os que se extraviaram e afastaram da verdadeira vida, e alegremo-nos com o seu regresso à comunhão daqueles que vivem recta e piedosamente.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Se quereis parecer-vos com Deus, uma vez que fostes criados à Sua imagem, imitai o Seu exemplo. Se sois cristãos, nome que é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo.
Considerai as riquezas da Sua bondade. [...] Como acolheu Ele os que escutaram a Sua palavra? Concedeu-lhes generosamente o perdão dos pecados e libertou-os, sem demora, de toda a ansiedade. [...] Imitemos o exemplo de Cristo, o Bom Pastor. [...]
Vemos descrita [nos Evangelhos], na linguagem misteriosa das parábolas, a figura de um pastor de cem ovelhas, o qual, ao verificar que uma delas se tresmalhara e andava errante, não permaneceu junto das que pastavam tranquilamente: pôs-se a caminho à procura da ovelha perdida, atravessando vales e florestas, transpondo montanhas altas e escarpadas e percorrendo desertos, num esforço incansável até a encontrar.
Ao encontrá-la, não lhe bateu nem a impeliu violentamente, mas, pondo-a aos ombros e tratando-a com doçura, reconduziu-a ao rebanho. E foi maior a sua alegria por uma só ovelha reencontrada do que pela multidão das restantes (Lc 15,4-6).
Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola [e o seu] ensinamento sagrado: nunca devemos julgar os homens perdidos sem remédio, nem deixar de ajudar com toda a diligência os que se encontram em perigo. Pelo contrário: reconduzamos ao bom caminho os que se extraviaram e afastaram da verdadeira vida, e alegremo-nos com o seu regresso à comunhão daqueles que vivem recta e piedosamente.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
sábado, 27 de fevereiro de 2016
O Evangelho de Domingo dia 28 de fevereiro de 2016
Neste mesmo tempo chegaram alguns a dar-Lhe a notícia de certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com o dos sacrifícios deles. Jesus respondeu-lhes: «Vós julgais que aqueles galileus eram maiores pecadores que todos os outros galileus, por terem sofrido tal sorte? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo. Assim como também aqueles dezoito homens sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou; julgais que eles também foram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo». Dizia também esta parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi buscar fruto e não o encontrou. Então disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho buscar fruto a esta figueira e não o encontro; corta-a; para que está ela inutilmente a ocupar terreno? Ele, porém, respondeu-lhe: Senhor, deixa-a ainda este ano, enquanto eu a cavo em volta e lhe deito estrume; se com isto der fruto, bem está; senão, cortá-la-ás depois».
Lc 13, 1-9
Lc 13, 1-9
O Chefe dos assaltantes
Toda a minha vida tem sido a de um autêntico marginal, dedicando-me a roubar quanto me aparece a jeito.
A princípio, teria talvez escassos dezoito anos, juntava-me a outros rapazes da minha idade, marginais como eu, e assim levava-mos uma vida de sobressaltos sempre em fuga das autoridades e, muitas vezes, alguns dos que assaltávamos reagiam e as coisas corriam mal, para o nosso lado, já se vê.
Um dia as coisas mudaram bastante porque veio ter connosco um sujeito bastante mais velho que nós e que – para encurtar – nos reuniu num bando passando a agir sob as suas ordens e instruções.
O homem era de facto um autêntico facínora que não hesitava em empregar violência para atingir os seus fins.
Chamava-se Barrabás!
Dizia ele que, como Zelote que era, o seu principal alvo era provocar o ocupante romano de modo a mantê-lo ocupado em acções de polícia desviando-o de outras acções mais aparatosas com que tentavam manter a férrea disciplina que impunham ao povo.
Dividiu-nos em grupos de três e quatro e a cada grupo dava instruções sobre o que fazer e onde.
O meu grupo – eu e mais três – tinha sido “destacado” para a via que descia de Jericó para Jerusalém que, segundo ele, tinha numerosos viandantes a maioria dos quais eram gente que comerciava, logo, trazendo consigo ou bens ou o dinheiro produto da sua venda.
E, realmente, a nossa actividade produzia bons resultados e Barrabás estava muito satisfeito connosco pois arrecadava a maior parte dos “proventos” da nossa actividade.
Hoje, porém, as coisas não correram muito bem, ou antes, correram muito mal.
Do nosso esconderijo avistámos um homem sozinho que descia, o jumento que conduzia estava ajoujado de mercadoria. Todo o seu aspecto e a forma como trajava indicavam que seria um homem de posses.
Não se avistando mais ninguém por perto resolvemos assaltá-lo e, foi aqui, que tudo se complicou. O homem era bastante robusto e ofereceu uma resistência feroz e determinada a não se deixar roubar.
Um dos meus companheiros recebeu vários golpes que o deixaram práticamente inanimado e outro recebeu um profundo corte provocado pela adaga que o homem esgrimia com destreza.
Não estive com contemplações e com um bastão de ferro agredi o sujeito prostrando-o no chão poeirento.
Depois… movido pela raiva dei-lhe pontapés, murros, eu sei lá… arranquei-lhe os vestidos deixando-o em farrapos e pondo o meu companheiro em cima do jumento fugimos para o nosso esconderijo para tentar recuperar dos ferimentos recebidos e deitar contas ao espólio arrecadado.
Os outros dois, amparando-se mutuamente, puseram-se a caminho de Jerusalém para procurar tratamento para as suas feridas, eu fiquei ali escondido remoendo a minha raiva pelo que acontecera. Deixara-me dominar pela ira ao atacar de forma tão desumana o desgraçado que nos caíra nas mãos.
Ora um chefe, um verdadeiro chefe, não pode deixar que os seus sentimentos extravasem colocando-se fora de controlo, É fundamental manter a calma em qualquer situação para se impor aos que têm de ver nele capacidade e aptidão para chefiar e comandar.
Ouvi um ruido de cavalgadura e avistei um homem que se aproximava. Já era o terceiro desde que decorrera o assalto. Antes tinham aparecido um sacerdote e um levita que mal olharam para o desgraçado que jazia na vera do caminho, antes estugaram o passo seguindo viajem. [ii]
Porém, este, deteve-se e debruçou-se sobre a vítima, voltando-o de costas, retirou o manto e pôs-lho debaixo da cabeça. Depois dirigiu-se à sua montada e dos alforges retirou um pequeno odre com vinho e uma garrafa com azeite. Com grande cuidado e destreza foi destapando as numerosas feridas e contusões deitando-lhes azeite e vinho [iii] e cobrindo-as com pequenos pedaços de pano que rasgava de um lençol.
O pobre ferido começou a falar e embora eu não pudesse ouvir o que diziam percebi que mostrava gratidão e reconhecimento.
Depois e a muito custo conseguiu coloca-lo sobre a sua cavalgadura e afastaram-se por outro caminho.
Tenho de confessar que estava atónito com o que acabara de presenciar é que, esquecia-me de dizer, o socorrista era um samaritano que, como toda agente sabe, não suportam os judeus.
Fiquei longo tempo ali sentado pensando em tudo aquilo que tanto me impressionara, sobretudo na solicitude e compaixão demonstradas pelo samaritano para com a vítima e não pude deixar de me avaliar a mim mesmo se, acaso, procederia de igual forma.
O meu coração empedernido por anos de violências e desacatos, abusos e esbulhos parece que me estalava no peito e, num impulso irresistível dei um salto para fora do esconderijo e abalei numa corrida desenfreada em direcção Jerusalém.
Mas tive de parar a minha correria, um aglomerado de gente atravancava o caminho.
Escutavam um homem que falava com uma voz tão clara e segura que me percebi logo ser alguém excepcional.
Parecia estar a acabar um longo discurso e ouvi estas palavras finais:
Fiquei por ali pensando no que acabara de ouvir e, dentro de mim algo se transformou como se, sem eu compreender bem o que me acontecia, estivesse a ver toda a minha vida num relance, uma vida feita de assaltos, roubos, violências de toda a ordem e percebi, sim, entendi, que tinha de mudar radicalmente.
Retomei a corrida e cheguei ofegante, mal podendo respirar, à escadaria do Templo e, pela primeira vez na minha vida, entrei. Não sabia o que fazer ou o que dizer mas, a verdade, é que caí de joelhos e pus a cabeça no chão.
Então, como se fosse outro que não eu, ouvi-me dizer:
‘Senhor, tem misericórdia de mim que sou um desgraçado, um malfeitor, um miserável!’
Quando saí parecia-me que mal punha os pés no chão de tal forma me sentia outro, mais leve, muito mais leve e voltei pelo mesmo caminho, decidido a encontrar a minha vítima para lhe restituir o que lhe roubara.
(ama, reflexões no Ano Jubilar da Misericórdia – 3)
Nota: Este trecho do Evangelho escrito por São Lucas [i] poderia ser o Evangelho “oficial” do Ano Jubilar da Misericórdia.
De facto, aparte a magistral descrição da parábola proferida por Jesus Cristo, a beleza do texto, a economia das palavras, o ritmo da descrição – características deste Evangelista – põem-nos perante um autêntico quadro ou, melhor, perante um filme que se desenrola aos nossos olhos prendendo-nos a atenção e excitando os nossos sentidos.
São Josemaria recomendou: “aconselho-te a que, na tua oração, intervenhas nas passagens do Evangelho, como um personagem mais”. [i]
É isso mesmo que me proponho fazer.
Sob o Título: “Próximos do próximo” (sugerido por um bom amigo) vou tentar personificar alguns dos personagens da parábola e, também, introduzir-me nela como observador directo.
[ii] Cfr. Lc 10, 31-32
[iii] Cfr. Lc 10, 34
[iv] Cfr. Mt 9
O Evangelho do dia 27 de fevereiro de 2015
Aproximavam-se d'Ele os publicanos e os pecadores para O ouvir. Os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: «Este recebe os pecadores e come com eles». Então propôs-lhes esta parábola: Disse mais: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. O pai repartiu entre eles os bens. Passados poucos dias, juntando tudo o que era seu, o filho mais novo partiu para uma terra distante e lá dissipou os seus bens vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, houve naquele país uma grande fome e ele começou a passar necessidade. Foi pôr-se ao serviço de um habitante daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. «Desejava encher o seu ventre das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Tendo entrado em si, disse: Quantos jornaleiros há em casa de meu pai que têm pão em abundância e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho, trata-me como um dos teus jornaleiros. «Levantou-se e foi ter com o pai. Quando ele estava ainda longe, o pai viu-o, ficou movido de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o. O filho disse-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Porém, o pai disse aos servos: Trazei depressa o vestido mais precioso, vesti-lho, metei-lhe um anel no dedo e os sapatos nos pés. Trazei também um vitelo gordo e matai-o. Comamos e façamos festa, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi encontrado. E começaram a festa. «Ora o filho mais velho estava no campo. Quando voltou, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e os coros. Chamou um dos servos, e perguntou-lhe que era aquilo. Este disse-lhe: Teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque o recuperou com saúde. Ele indignou-se, e não queria entrar. Mas o pai, saindo, começou a pedir-lhe. Ele, porém, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, nunca transgredi nenhuma ordem tua e nunca me deste um cabrito para eu me banquetear com os meus amigos, mas logo que veio esse teu filho, que devorou os seus bens com meretrizes, mandaste-lhe matar o vitelo gordo. Seu pai disse-lhe: Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Era, porém, justo que houvesse banquete e festa, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi encontrado».
Lc 15,1-3.11-32
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
O Evangelho do dia 26 de fevereiro de 2016
«Ouvi outra parábola: Havia um pai de família que plantou uma vinha, e a cercou com uma sebe, e cavou nela um lagar e edificou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros, e ausentou-se daquela região. Estando próxima a época da colheita, enviou os seus servos aos vinhateiros para receberem os frutos da sua vinha. Mas os vinhateiros, agarrando os servos, feriram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. Enviou novamente outros servos em maior número do que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo. Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: “Hão-de respeitar o meu filho”. Porém, os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: “Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e ficaremos com a herança”. E, agarrando-o, puseram-no fora da vinha, e mataram-no. Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». Responderam-Lhe: «Matará sem piedade esses malvados, e arrendará a sua vinha a outros vinhateiros que lhe paguem o fruto a seu tempo». Jesus disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular; pelo Senhor foi feito isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos”? Por isso vos digo que vos será tirado o reino de Deus e será dado a um povo que produza os seus frutos. Tendo os príncipes dos sacerdotes e os fariseus ouvido as Suas parábolas, perceberam que falava deles. Procuravam prendê-l'O, mas tiveram medo do povo, porque este O tinha como um profeta.
Mt 21, 33-43.45-46
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
O Evangelho do dia 25 de fevereiro de 2016
«Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e todos os dias se banqueteava esplêndidamente. Havia também um mendigo, chamado Lázaro, que, coberto de chagas, estava deitado à sua porta, desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico, e até os cães vinham lamber-lhe as chagas. «Sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado. Quando estava nos tormentos do inferno, levantando os olhos, viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. Então exclamou: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda Lázaro que molhe em água a ponta do seu dedo para refrescar a minha língua, pois sou atormentado nestas chamas. Abraão disse-lhe: Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida, e Lázaro, ao contrário, recebeu males; por isso ele é agora consolado e tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os daí podem passar para nós. O rico disse: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à minha casa paterna, pois tenho cinco irmãos, para que os advirta disto, e não suceda virem também eles parar a este lugar de tormentos. Abraão disse-lhe: Têm Moisés e os profetas; oiçam-nos. Ele, porém, disse: Não basta isso, pai Abraão, mas, se alguém do reino dos mortos for ter com eles, farão penitência. Ele disse-lhe: Se não ouvem Moisés e os profetas, também não acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos».
Lc 16, 19-31
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Papa Francisco na Audiência geral (resumo em português)
Locutor: A Bíblia em diversas passagens nos fala dos perigos do poder e das riquezas. Em si mesmos, riqueza e poder podem ser bons e úteis ao bem comum, colocados ao serviço dos necessitados, com justiça e caridade. Mas quando são vividos como privilégio, egoísmo e prepotência, tornam-se instrumentos de corrupção e de morte, como aconteceu no caso da vinha de Nabot, narrado no primeiro Livro dos Reis. Vemos aqui, através do exemplo do rei Acab, até onde leva a sede de riqueza e poder: transforma-se numa cobiça que nunca se sacia e que não mede esforços para alcançar o que deseja, chegando até a matar. Contudo, a misericórdia de Deus é maior do que a maldade do coração humano. Cristo, verdadeiro rei, cujo trono é a Cruz, exerce seu poder entregando a sua vida, mostrando assim que a ternura pode sanar as feridas do pecado e mudar o mundo.
Santo Padre:
Saluto i pellegrini di lingua portoghese, in particolare i fedeli di Leiria-Fátima, di Nova Oeiras e Lisboa, come pure quelli venuti dal Brasile. Auguro che il vostro pellegrinaggio quaresimale a Roma fortifichi in tutti la fede e rafforzi, nell’amore divino, i vincoli di ciascuno con la sua famiglia, con la comunità ecclesiale e con la società. La Madonna vi accompagni e protegga.
Locutor: Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, particularmente os fiéis de Leiria-Fátima, Nova Oeiras e Lisboa, bem como os fiéis vindos do Brasil. Faço votos de que a vossa peregrinação quaresmal a Roma fortaleça em todos a fé e consolide, no amor divino, os vínculos de cada um com a sua família, com a comunidade eclesial e com a sociedade. Que Nossa Senhora vos acompanhe e proteja!
O Evangelho do dia 24 de fevereiro de 2016
Ao subir Jesus para Jerusalém, tomou à parte os doze discípulos, e disse-lhes pelo caminho: «Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, e O condenarão à morte, e O entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado, e ao terceiro dia ressuscitará». Então, aproximou-se d'Ele a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos, prostrando-se, para Lhe fazer um pedido. Ele disse-lhe: «Que queres?». Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no Teu reino, um à Tua direita e outro à Tua esquerda». Jesus disse: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Disse-lhes: «Efectivamente haveis de beber o Meu cálice, mas, quanto a sentar-se à Minha direita ou à Minha esquerda, não pertence a Mim concedê-lo; será para aqueles para quem está reservado por Meu Pai». Os outros dez, ouvindo isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Vós sabeis que os príncipes das nações as subjugam e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós, mas todo aquele que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo, e quem quiser ser entre vós o primeiro, seja vosso escravo. Assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida para resgate de todos».
Mt 20, 17-28
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Amor ao próximo na Quaresma e sempre
Estamos em pleno tempo quaresmal e, certamente, porque queremos ser bons fiéis de Jesus Cristo, fizemos os nossos propósitos para viver muito bem este tempo litúrgico. A Paixão e Morte do Senhor, que surge como o cume da Redenção do homem, orienta a nossa vida, que deve ser mais abnegada na oração e na preocupação pelos outros. À oração vamos buscar a intimidade com Deus, que nos ilumina a inteligência, vigoriza a vontade e purifica os nossos afectos, incentivando-os a amar o bem, a fazermos o bem e a ter como nossos, tanto quanto nos for possível, os problemas das pessoas que convivem connosco todos os dias. Por obrigação de caridade devo dar-lhes mais atenção e tentar tornar a sua vida mais agradável.
Tanto quanto dependa de mim, é a elas que me obrigo a estar mais atento perante as suas necessidades. Mais e melhor as devo compreender. E sempre, ajudar no que precisem.
Para que esta atitude se torne realidade, tenho de saber que os meus juízos sobre elas só lhes são benéficos, em primeiro lugar, quando correspondem à verdade e jamais a algumas impressões superficiais, fáceis de aceitar e difíceis de dominar, quando vão unidas a algum mal-estar que o seu modo de ser me provoca. Rapidamente, confundo o que me choca com a sua realidade. E esta não pode ser positiva.
Em segundo lugar, quando o meu juízo está alicerçado na caridade, que é paciente, benigna e tudo suporta, como a define S. Paulo. Esta virtude, que deve caracterizar as atitudes dos filhos de Deus, não significa passividade ou indiferença perante os outros. Pelo contrário, é a mola do amor que lhes devo ter. E o amor quer o bem de quem sou amigo. Por isso, se algum aspecto do seu comportamento não é objectivamente adequado, devo, com suavidade e com fortaleza, fazer aquilo que Jesus Cristo nos ensinou com a correcção fraterna. Em privado, e depois de rezar longamente pela pessoa a quem a vou fazer, de me mortificar para que tudo corra da melhor forma, dir-lhe-ei com calma, suavidade e fortaleza, o que, em consciência, julgo que não está bem no seu procedimento.
Um cristão não critica: reza; não emite juízos fáceis sobre os outros, que podem ser temerários, se não são minimamente fundamentados e caluniosos se não correspondem à verdade. Além disso, a obrigação que temos é rezar pela santidade dos outros. Devo desejar, do fundo da minha alma, que os outros sejam verdadeiramente santos, isto é, bons cristãos que põem em prática o que Jesus nos legou como norma de conduta: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”.
Não temos o mínimo dever de criticar os outros. É um vício que podemos ganhar facilmente, sempre que ao lidar com o próximo, me esqueço da sua condição de filho de Deus, que mereceu, tanto como eu, o Sangue que Cristo verteu no Calvário pela nossa Redenção. Criticar por futilidade ou por má-língua alguém é esquecer que ofendemos não apenas essa pessoa, mas sobretudo a Deus, que é seu Pai, Jesus Cristo, seu irmão, que deu a vida para que ela se salvasse e o Espírito Santo, que através do seu dom do conselho não nos inspira o juízo negativo, mas o que está de acordo com a caridade. Também Nossa Senhora, sua mãe desde a Cruz, se encherá de pena por ver um seu filho a maltratar com tanta falta de fraternidade um seu irmão.
Estamos na Quaresma, tempo de penitência e de conversão. Não será de fazer um propósito franco e corajoso para este período? Não criticar ninguém; antes, rezar por todos: por aqueles com quem simpatizo e com os que não tenho facilidade de relação.
Decerto que Deus Pai ficará contente por descobrir mais solidariedade entre os seus filhos, que Deus Filho verá com mais satisfação os resultados do Sacrifício da sua vida e Deus Espírito Santo sentirá uma maior liberdade para sugerir atitudes mais difíceis de tomar. Também a nossa Mãe, Nossa Senhora, a medianeira de todas as graças, regozijar-se-á pelas suas petições constantes pelos seus filhos que conduziram a tão salutares resoluções.
Sejamos corajosos, confiando mais na ajuda da graça de Deus do que nas nossas forças. Deus apoia todo o que quer fazer a sua vontade, mesmo que ela possa custar ou corresponder a uma espécie de marcha-atrás em relação a um vício muito assumido.
(Pe. Rui Rosas da Silva – Prior da Paróquia de Nossa Senhora da Porta Céu em Lisboa in Boletim Paroquial de Março de 2012, seleção do título da responsabilidade do blogue)
O Evangelho do dia 23 de fevereiro de 2016
Então, Jesus falou às multidões e aos Seus discípulos, dizendo: «Sobre a cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Observai, pois, e fazei tudo o que eles vos disserem, mas não imiteis as suas acções, porque dizem e não fazem. Atam cargas pesadas e impossíveis de levar, e as põem sobre os ombros dos outros homens, mas nem com um dedo as querem mover. Fazem todas as suas obras para serem vistos pelos homens. Trazem mais largas as filactérias, e mais compridas as franjas dos seus mantos. Gostam de ter os primeiros lugares nos banquetes, e as primeiras cadeiras nas sinagogas , das saudações na praça, e de serem chamados rabi pelos homens. Mas vós não vos façais chamar rabis, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. A ninguém chameis pai sobre a terra, porque um só é o vosso Pai, O que está nos céus. Nem façais que vos chamem mestres, porque um só é o vosso Mestre, Cristo. Quem entre vós for o maior, seja vosso servo. Aquele que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.
Mt 23, 1-12
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Evangelho do dia 22 de fevereiro de 2016
Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus disse-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus».
Mt 16, 13-19
domingo, 21 de fevereiro de 2016
Bom Domingo do Senhor!
Roguemos ao Senhor que nos faça gozar do esplendor do Seu Reino tal como nos narra o Evangelho de hoje (Lc 9, 28b-36) e fez ver a Pedro, João e Tiago. Permite-nos, Senhor, que um dia venhamos a montar a nossa tenda junto de Ti, de Elias e Moisés!
Jesus Cristo ouvi-nos e atendei-nos!
«Levou-os, só a eles, a um monte elevado»
São João Damasceno (c. 675-749), monge, teólogo, Doutor da Igreja
Homilia para a festa da Transfiguração; PG 96, 545
Noutros tempos, no monte Sinai, o fumo, a tempestade, a escuridão e o fogo (Ex 19, 16ss.) revelavam a extrema condescendência de Deus, anunciando que Aquele que dava a Lei era inacessível [...] e que o criador Se fazia conhecer pelas suas obras. Mas agora, tudo está cheio de luz e de esplendor. Porque o artífice e o Senhor de todas as coisas veio do seio do Pai. Não abandonou a morada que Lhe pertencia, isto é, o Seu assento no seio do Pai, mas desceu para estar com os escravos. Tomou a condição de servo e tornou-se homem na sua natureza e no seu comportamento (Fil 2, 7), para que Deus, que é incompreensível para os homens, pudesse ser compreendido. Por Si e em Si, Ele mostra o esplendor da natureza divina.
Outrora, Deus tinha estabelecido o homem em união com a Sua própria graça. Quando insuflou o espírito de vida no novo homem formado do barro, quando lhe comunicou o que tinha de melhor, honrou-o com a Sua própria imagem e semelhança (Gn 1, 27). Deu-lhe o Paraíso como morada e fez dele o irmão íntimo dos anjos. Mas, como escurecemos e fizemos desaparecer a imagem divina debaixo da lama dos nossos desejos desregrados, o Misericordioso decidiu-Se a uma segunda comunhão connosco, muito mais segura e extraordinária do que a primeira. Permanecendo na elevação da Sua divindade, aceita também o que está abaixo dela, criando em Si mesmo a natureza humana; mistura o arquétipo com a imagem e, nela, mostra hoje a Sua própria beleza.
O Seu rosto resplandece como o sol porque, na Sua divindade, Ele Se identifica com a luz imaterial; por isso Se tornou o Sol de justiça (Mal 3, 20). Mas as Suas vestes tornam-se brancas como a neve, porque recebem a glória por revestimento e não por união, por relação e não por natureza. E «uma nuvem de luz os cobriu com a sua sombra» tornando sensível o resplendor do Espírito.
sábado, 20 de fevereiro de 2016
Papa Francisco na segunda Audiência Jubilar (resumo em português)
Locutor: Neste tempo da Quaresma, somos convidados a conhecer melhor o Senhor Jesus e a viver de forma coerente a fé, com um estilo de vida que exprima a misericórdia do Pai. É um compromisso, uma responsabilidade, um dever que somos chamados a assumir. Mas que significa comprometermo-nos? Significa que pomos a melhor vontade e toda a nossa força naquilo que fazemos, concretamente a viver a nossa fé de forma coerente com o estilo de Deus. Como é este estilo de Deus Pai? Dar tudo a quem nada lhe pode dar; é pura misericórdia. No-lo ensina São Paulo: Ele «nem sequer poupou o seu próprio Filho, mas entregou-O por todos nós», e, com Ele, deu-nos tudo aquilo de que necessitamos. Em Jesus, Deus pôs todo o seu empenho em restituir a esperança aos pobres, a quantos vivem privados da sua dignidade, aos doentes, aos presos e aos pecadores que acolhia com bondade. Em tudo isto, Jesus era a expressão viva da misericórdia do Pai. E nós devemos corresponder ao seu amor com o nosso empenho, o nosso compromisso. Que este Jubileu possa ajudar a nossa mente e o nosso coração a moldar-se segundo este estilo de empenho que Deus assumiu a favor de cada um de nós, para, deste modo, se transformar a nossa vida num compromisso de misericórdia para com todos.
Santo Padre:
Carissimi pellegrini di lingua portoghese, un fraterno saluto a tutti voi. Nel compiere questo pellegrinaggio giubilare, Dio vi benedica con un coraggio grande per abbracciare quotidianamente la vostra croce e con un vivo anelito di santità per illuminare di speranza la croce degli altri fratelli. Conto sulle vostre preghiere per me. Buon cammino di Quaresima!
O Evangelho de Domingo dia 21 de fevereiro de 2016
Cerca de oito dias depois destas palavras, tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu a um monte para orar. Enquanto orava modificou-Se o aspecto do Seu rosto, e as Suas vestes tornaram-se brancas e resplandecentes. E eis que dois homens falavam com Ele: Moisés e Elias, os quais apareceram cheios de majestade, e falavam da morte que Ele devia sofrer em Jerusalém. Entretanto, Pedro e os que estavam com ele tinham-se deixado vencer pelo sono. Mas despertando, viram a majestade de Jesus e os dois varões que estavam com Ele. Enquanto estes se separavam d'Ele, Pedro que não sabia o que dizia, disse a Jesus: «Mestre, que bom é nós estarmos aqui; façamos três tendas, uma para Ti, uma para Moisés, e uma para Elias». Estando ele ainda a falar, formou-se uma nuvem, que os envolveu; e tiveram medo quando entraram na nuvem. Então saiu uma voz da nuvem que dizia: «Este é o Meu Filho dilecto, escutai-O». Ao soar aquela voz, Jesus ficou só. Eles calaram-se, e naqueles dias a ninguém disseram nada do que tinham visto.
Lc 9, 28b-36
O Evangelho do dia 20 de fevereiro de 2016
«Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. Deste modo sereis filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o sol sobre maus e bons, e manda a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem também assim os próprios gentios? Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.
Mt 5, 43-48
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
O Evangelho do dia 19 de fevereiro de 2016
Porque Eu vos digo que, se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. «Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás”, e quem matar será submetido ao juízo do tribunal. Porém, Eu digo-vos que todo aquele que se irar contra o seu irmão, será submetido ao juízo do tribunal. E quem chamar cretino a seu irmão será condenado pelo sinédrio. E quem lhe chamar louco será condenado ao fogo da Geena. Portanto, se estás para fazer a tua oferta diante do altar, e te lembrares ali que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem fazer a tua oferta. Concilia-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para que não suceda que esse adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá antes de ter pago o último centavo.
Mt 5, 20-26
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
Homilia na Santa Missa em Ciudad Juárez do Papa Francisco
A glória de Deus é a vida do homem: dizia Santo Ireneu, no século II; uma afirmação, que continua a ressoar no coração da Igreja. A glória do Pai é a vida dos seus filhos. Não há maior glória para um pai do que ver a realização dos seus; não há maior satisfação do que vê-los avançar, vê-los crescer e desenvolver-se. Assim o atesta a primeira Leitura que escutámos e nos falava de Nínive, uma grande cidade que se estava auto-destruindo em consequência da opressão e degradação, da violência e injustiça. A grande capital tinha os dias contados, pois não era mais tolerável a violência nela gerada. Então aparece o Senhor movendo o coração de Jonas; aparece o Pai convidando e enviando o seu mensageiro. Jonas é chamado para receber uma missão: Vai lá! Porque, «dentro de quarenta dias, Nínive será destruída» (Jn 3, 4). Vai! Ajuda-os a compreender que, com esta forma de comportar-se, regular-se, organizar-se, a única coisa que estão a gerar é morte e destruição, sofrimento e opressão. Faz-lhes ver que não há vida para ninguém, nem para o rei nem para o súbdito, nem para os campos nem para o gado. Vai e anuncia que eles se habituaram de tal maneira à degradação, que perderam a sensibilidade perante o sofrimento. Vai e diz-lhes que a injustiça se apoderou do seu olhar. Por isso, Jonas parte; Deus envia-o para pôr em evidência o que estava a acontecer; envia-o para despertar um povo inebriado de si mesmo.
Neste texto, encontramo-nos perante o mistério da misericórdia divina. A misericórdia sempre rejeita o mal, tomando muito a sério o ser humano; sempre faz apelo à bondade adormecida, anestesiada, de cada pessoa. Longe de aniquilar, como muitas vezes pretendemos ou queremos fazê-lo, a misericórdia aproxima-se de cada situação para a transformar a partir de dentro. Isto é precisamente o mistério da misericórdia divina: aproxima-se e convida à conversão, convida ao arrependimento; convida a ver o dano que está a ser causado a todos os níveis. A misericórdia sempre entra no mal para o transformar.
O rei ouviu, os habitantes da cidade reagiram e foi decretado o arrependimento. A misericórdia de Deus entrou no coração, revelando e manifestando algo que será a nossa certeza e a nossa esperança: há sempre a possibilidade de mudar, estamos a tempo de reagir e transformar, modificar e alterar, converter aquilo que nos está a destruir como povo, o que nos está a degradar como humanidade. A misericórdia anima-nos a olhar o presente e confiar naquilo que, de são e bom, está escondido em cada coração. A misericórdia de Deus é o nosso escudo e a nossa fortaleza.
Jonas ajudou a ver, a tomar consciência. Que se passa depois? O seu apelo encontra homens e mulheres capazes de se arrependerem, capazes de chorar: deplorar a injustiça, deplorar a degradação, deplorar a opressão. São as lágrimas que podem abrir o caminho à transformação; são as lágrimas que podem abrandar o coração, são as lágrimas que podem purificar o olhar e ajudar a ver a espiral de pecado em que muitas vezes se está enredado. São as lágrimas que conseguem sensibilizar o olhar e a atitude endurecida, e sobretudo adormecida, perante o sofrimento alheio. São as lágrimas que podem gerar uma ruptura capaz de nos abrir à conversão.
Hoje esta palavra ressoa vigorosamente no meio de nós; esta palavra é a voz que clama no deserto e nos convida à conversão. Neste Ano da Misericórdia, quero implorar convosco neste lugar a misericórdia divina, quero pedir convosco o dom das lágrimas, o dom da conversão.
Aqui em Ciudad Juarez, como noutras áreas fronteiriças, concentram-se milhares de migrantes da América Central e doutros países, sem esquecer tantos mexicanos que procuram também passar para «o outro lado». Uma passagem, um caminho carregado de injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objectos de extorsão, muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano.
Não podemos negar a crise humanitária que, nos últimos anos, levou à migração de milhares de pessoas, quer por via ferroviária ou rodoviária quer mesmo a pé atravessando centenas de quilómetros de montanhas, desertos, caminhos inóspitos. Hoje, esta tragédia humana que é a migração forçada, tornou-se um fenómeno global. Esta crise que se pode medir em números, queremos medi-la por nomes, por histórias, por famílias. São irmãos e irmãs que partem, forçados pela pobreza e a violência, pelo narcotráfico e o crime organizado. No meio de tantas lacunas legais, estende-se uma rede que apanha e destrói sempre os mais pobres. À pobreza que já sofrem, vem juntar-se o sofrimento destas formas de violência. Uma injustiça que se radicaliza ainda mais contra os jovens: como «carne de canhão», eles vêem-se perseguidos e ameaçados quando tentam sair da espiral de violência e do inferno das drogas. E o que dizer de tantas mulheres que foram injustamente tirado deles vida!
Peçamos ao nosso Deus, o dom da conversão, o dom das lágrimas. Peçamos-Lhe a graça de ter o coração aberto, como os Ninivitas, ao seu apelo no rosto sofredor de tantos homens e mulheres. Não mais morte nem exploração! Há sempre tempo para mudar, há sempre uma via de saída e uma oportunidade, é sempre tempo para implorar a misericórdia do Pai.
Hoje, como sucedeu no tempo de Jonas, também apostamos na conversão; há sinais que se tornam luz no caminho e anúncio de salvação. Conheço o trabalho de muitas organizações da sociedade civil em favor dos direitos dos migrantes. Estou a par também do trabalho generoso de muitas irmãs religiosas, de religiosos e sacerdotes, de leigos votados ao acompanhamento e à defesa da vida. Prestam ajuda na vanguarda, muitas vezes arriscando a própria vida. Com a sua vida, são profetas de misericórdia, são o coração compreensivo e os pés da Igreja que acompanha, que abre os seus braços e apoia.
É tempo de conversão, é tempo de salvação, é tempo de misericórdia. Por isso, juntamente com o sofrimento de tantos rostos, digamos: «Pela vossa imensa compaixão e misericórdia, Senhor, tende piedade de nós (...), purificai-nos dos nossos pecados e criai em nós um coração puro, um espírito novo» (cf. Sal 51/50, 3.4.12).
Desejo aproveitar esta ocasião para saudar desde aqui os nossos queridos irmãos e irmãs que nos acompanham em simultâneo do outro lado da fronteira, em especial aqueles que se juntaram no estádio da Universidade de El Paso, conhecido como o Sun Bowl, guiados pelo seu Bispo, S.E. D. Mark Seitz. Graças à ajuda da tecnologia, podemos rezar, cantar e celebrar unidos esse amor misericordioso que o Senhor nos dá e que nenhuma fronteira poderá impedir de compartilhar.
Obrigado irmãos e irmãs de El Paso por nos fazer sentir uma só família e uma mesma comunidade cristã.
A Quaresma é o momento favorável para se converter ao amor ao próximo
No tempo quaresmal a Igreja nos dirige dois importantes convites: ter uma consciência mais viva da obra redentora de Cristo; e viver com mais compromisso o próprio Batismo.
Viver profundamente o Batismo significa não nos acostumarmos às situações de degradação e de miséria que encontramos caminhando pelas ruas de nossas cidades e de nossos países.
Há o risco de aceitarmos passivamente certos comportamentos e de não nos surpreendermos diante das tristes realidades que nos circundam. Acostumamo-nos à violência, como se fosse uma notícia cotidiana normal; acostumamo-nos a irmãos e irmãs que dormem pelas ruas, que não têm um teto para se abrigar. Acostumamo-nos aos refugiados em busca de liberdade e dignidade, que não são acolhidos como deveriam ser. Acostumamo-nos a viver em uma sociedade que pretende deixar Deus de lado, na qual os pais não ensinam mais aos filhos a rezar nem a fazer o sinal da cruz. Este vício de comportamentos não cristãos e de comodidades nos anestesia o coração!
A Quaresma deve ser vivida como tempo de conversão, de renovação pessoal e comunitária através da aproximação a Deus e da adesão confiante ao Evangelho. Por isso a Quaresma é momento favorável para se converter ao amor ao próximo.
Papa Francisco na Audiência geral de 5 de março de 2014
O Evangelho do dia 18 de fevereiro de 2016
«Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede, recebe, e quem busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á. Qual de vós dará uma pedra a seu filho, quando este lhe pede pão? Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhas pedirem. «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a Lei e os Profetas.
Mt 7, 7-12
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