Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Significado da Cruz

A Cruz, um símbolo horrível?

Em certo sentido, a Cruz envolve um horror que não lhe devemos tirar. É o modo de execução mais cruel que a Antiguidade conhecia e que não se podia aplicar aos romanos, porque mancharia a honra romana. Ver que o mais puro dos homens, que era mais do que um homem, é executado de modo tão cruel pode levar-nos, primeiro, a ficar horrorizados. Mas precisamos horrorizar-nos connosco e sair do nosso comodismo.

Neste ponto, penso que Lutero estava com a razão quando disse que o homem tem de se horrorizar consigo mesmo para chegar ao bom caminho.

Mas não se há-de ficar no horror, não se trata apenas de horror, pois quem nos olha do alto da Cruz não é um homem fracassado, um homem desesperado, uma das terríveis vítimas da humanidade: esse Crucificado diz-nos uma coisa diferente do que nos dizem Espartaco e os seus seguidores derrotados. Dessa Cruz, olha-nos uma bondade que permite que a vida recomece mesmo no horror. Olha-nos a própria bondade de Deus, que se entrega às nossas mãos, que se dá a nós e que, por assim dizer, suporta connosco todo o horror da História. Numa perspectiva mais profunda, esse sinal, que nos apresenta a dimensão perigosa do ser humano e todos os seus horrores, deixa-nos então contemplar ao mesmo tempo o Deus mais forte, mais forte na sua fraqueza, e o facto de sermos amados por Ele. É um sinal de perdão, na medida em que dá esperança, mesmo nos abismos da História.

Actualmente, faz-se muito a pergunta de como ainda seria possível falar de Deus depois de Auschwitz e de como ainda seria possível fazer teologia. Eu diria que a Cruz resume antecipadamente o horror de Auschwitz. Deus está crucificado e diz-nos que esse Deus, aparentemente tão fraco, é o Deus que -incompreensivelmente - perdoa, e que, na sua aparente ausência, é o Deus mais forte.

(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘O sal da terra’, págs. 22-23)

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