Nem sempre é fácil falar hoje de paternidade, disse o Papa. Sobretudo no mundo ocidental, as famílias desagregadas, os compromissos de trabalho sempre mais exigentes, as preocupações e frequentemente a dificuldade de enquadrar as contas familiares, a invasão dos meios de comunicação de massa são alguns dos factores que podem impedir uma relação serena e construtiva entre pais e filhos.
Muitas vezes a comunicação é difícil, falta confiança e a relação com a figura paterna pode-se tornar problemática; e problemático se torna imaginar Deus como um pai, não tendo modelos adequados de referência. Quem teve a experiência de um pai demasiado autoritário e inflexível, ou indiferente e pouco afetuoso, ou até mesmo ausente, não é fácil pensar com serenidade a Deus como Pai e abandonar-se a Ele em confiança.
Mas a revelação bíblica ajuda-nos a compreender esta relação paterna. Deus é Pai porque nos escolheu e abençoou antes da criação do mundo; nos fez realmente seus filhos em Jesus; porque acompanha nossa existência, dando-nos a sua Palavra, os seus ensinamentos a sua graça e o seu Espírito, e porque podemos confiar no seu perdão quando erramos o caminho. Ele é um Pai bom, que não abandona, mas que ampara, ajuda e salva com uma fidelidade que supera infinitamente a dos homens. Ele deu-nos o seu Filho para que sejamos seus filhos e nos oferece o Espírito Santo para que possamos chamá-lo «Abbá, Pai».
(Bento XVI - Audiência geral de 30.01.2013)
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