Este entusiasmo não se deve ficar numa quimera. Temos de assimilar de forma muito pessoal aquele queremos que Cristo reine, que estava latente no coração do nosso Padre desde o princípio do Opus Dei, e que D. Álvaro nos repetia. Desde que conheceu a Obra, foi aprofundando nas riquezas da vida interior de S. Josemaria, e assim foi saboreando e amando as frequentes jaculatórias do nosso Fundador: Regnáre Christum vólumus! Deo omnis glória! Omnes cum Petro ad Jesum per Maríam! Estas claras e exigentes coordenadas de atuação fomentaram no Bem-Aventurado Álvaro a necessidade de deixar Cristo reinar no seu coração, dando a Deus toda a glória, bem unido à Igreja e ao Papa, mediante a intercessão da Santíssima Virgem, e acompanhando toda a humanidade.
São considerações muito adequadas para este mês, ao preparar-nos para a solenidade de Cristo Rei. O nosso Padre pergunta-nos a cada um, a cada uma: Onde está o Cristo que o Espírito Santo procura formar na nossa alma? Cristo não pode estar na soberba, que nos separa de Deus, nem na falta de caridade, que nos isola dos outros. Aí não podemos encontrar Cristo, mas apenas a solidão [2]. Deus quer reinar antes de mais nos nossos pensamentos, palavras, obras e ações. Mas como Lhe responderíamos, prossegue o nosso Padre, se Ele nos perguntasse: como é que tu Me deixas reinar em ti? Eu responder-lhe-ia que, para que Ele reine em mim, preciso da Sua graça abundante, pois só assim é que o mais impercetível pulsar do meu coração, o mínimo sopro de respiração, o olhar menos intenso, a palavra mais corrente, a sensação mais elementar se traduzirão num Hossana ao meu Cristo Rei [3].
Ao rezarmos o Pai-nosso, suplicamos a vinda do Reino de Deus, advéniat regnum Tuum [4]. Sabemos que já está presente no mundo – regnum Dei intra vos est [5] –, mas ainda se deve manifestar na sua plenitude. Em palavras de Nosso Senhor, o reino atua como a semente que cresce no campo, sem ruído, embora com o trigo apareça também a erva daninha que o inimigo semeia. E é o fermento que transforma a flor de farinha em pão saboroso. Com estas parábolas, Jesus explica as caraterísticas do reino de Deus para todas as etapas da história, também para a nossa. E porque o Seu reino não é deste mundo [6], Ele não se manifesta com barulho e aparato, embora esteja presente na Terra e vá crescendo até à Sua aparição gloriosa no fim dos tempos.
[2]. S. Josemaria, Cristo que passa, n. 31.
[3]. Ibid., n. 181.
[4]. Mt 6, 10.
[5]. Lc 17, 21.
[6]. Cfr. Jo 18, 36.
D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de novembro de 2014
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Deia
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