«O meu pai parece que não confia em mim. Quando me pede para fazer alguma coisa, não descansa enquanto não verifica pessoalmente que o assunto está resolvido. Então para que é que pergunta? Não acredita naquilo que eu lhe digo?».
Estas afirmações de um adolescente fizeram-me pensar. Será que com desconfianças se podem educar de verdade os filhos?
A resposta é, evidentemente, que não. A educação e a amizade requerem um clima de genuína confiança. Clima que manifesta uma verdadeira estima pelo outro ― seja ele de que idade for. É óbvio que é muito importante que os filhos respeitem os seus pais. Mas também devia ser óbvio que isso é muito mais fácil de conseguir quando os filhos se apercebem de que os pais têm uma verdadeira estima por eles.
A desconfiança esfria sempre uma amizade. E o ambiente ideal para os pais educarem os seus filhos é de amizade. Claro que a amizade pai-filho não é equivalente à amizade entre colegas na escola.
Quando notamos que desconfiam de nós, ficamos paralisados. A confiança, pelo contrário, move-nos a actuar com empenho. A corresponder a essa manifestação de verdadeiro apreço. A procurar sermos dignos dessa confiança depositada em nós. A ter iniciativa naquilo que se nos pede. A crescer em sentido de responsabilidade.
Tudo isto, pelo contrário, vem por água abaixo se falta a confiança. Além disso, convém ter em conta que os adolescentes valorizam muito ― às vezes, demasiado ― aquilo que os outros pensam deles. Confiar, no fundo, também é sinónimo de ter fé. Acreditar naquilo que nos dizem. E essa atitude costuma provocar um duplo efeito que favorece muito a tarefa educativa: um sentimento de gratidão e um maior sentido de responsabilidade. Os filhos querem esforçar-se para serem dignos dessa confiança neles depositada.
Mas, atenção: a confiança não se pode aparentar! Se um pai diz que confia e depois “verifica” por sua conta, então, não confia!
Os pais devem conquistar essa confiança dos seus filhos, confiando de verdade neles e fazendo com que sintam isso. Porque só nesse clima é que os filhos comunicarão o seu mundo interior ― preocupações, dificuldades, perplexidades ― e se deixarão ajudar pelos pais.
Que pena que tantos adolescentes estejam mais à vontade para perguntar certos assuntos aos seus colegas da escola do que aos seus pais! Talvez isto seja uma indicação óbvia de que os pais não souberam dedicar-lhes todo o tempo de que eles necessitavam. Não souberam ganhar de verdade a sua confiança.
A confiança dá-se ― mas não se pode impor nem exigir. Os pais ― e em geral, todos os educadores ― fazem-se dignos de confiança pelo exemplo da sua integridade. Pela sua autoridade moral. Valha um exemplo muito actual para terminar: um pai que ajuda em casa nas tarefas domésticas possui toda a autoridade moral para pedir o mesmo aos seus filhos.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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