As recordações do primeiro sucessor de S. Josemaria, precisamente no ano da sua beatificação, podem muito bem servir-nos para avançar na vida interior pessoal. Agora, em concreto, preparando-nos para percorrer com amor e agradecimento a Semana Santa. «Meditemos com profundidade e devagar as cenas destes dias. Contemplemos Jesus no Horto das Oliveiras, vejamos como procura na oração a força para enfrentar os terríveis sofrimentos, que Ele sabe tão próximos. Naqueles momentos, a Sua Santíssima Humanidade precisava da proximidade física e espiritual dos Seus amigos. E os Apóstolos deixam-no sozinho: Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora? (Mc 14, 37). Pergunta-nos isso também a ti e a mim, que tantas vezes garantimos, como Pedro, que estávamos dispostos a segui-Lo até à morte e que, contudo, com frequência O deixamos só, adormecemos.
Devemos condoer-nos por estas deserções pessoais e pelas dos outros, e havemos de perceber que abandonamos o Senhor, talvez diariamente, quando descuidamos o cumprimento do nosso dever profissional, apostólico; quando a nossa vida interior é superficial, rotineira; quando nos desculpamos porque sentimos humanamente o peso e a fadiga; quando nos falta o entusiasmo divino para secundar a Vontade de Deus, mesmo que a alma e o corpo resistam» [9].
D. Álvaro aprendeu, na escola de S. Josemaria, a meditar sobre a Paixão do Senhor. E por isso, como escrevi, animava-nos a meter-nos cada vez mais no Evangelho como um personagem mais, traduzindo em oração pessoal as cenas que contemplamos. Assim surgirá nas nossas almas uma poderosa vontade de reparar, com coração grande, pelos pecados de toda a humanidade, e não apenas pelas próprias faltas. «Ao meditar na Paixão – confiava-nos numa carta de família – surge espontaneamente na alma um desejo de reparar, de consolar o Senhor, de aliviar-Lhe as Suas dores. Jesus sofre pelos pecados de todos e, nestes nossos dias, os homens empenham-se, com uma triste tenacidade, em ofender muito o seu Criador.
Decidamo-nos a expiar! Não é verdade que todos sentis o desejo de oferecer muitas alegrias ao nosso Amor? Compreendeis que uma falta nossa, por pequena que seja, tem que implicar uma grande dor para Jesus? Por isso insisto que valorizeis muito o pouco, que vos esmereis nos detalhes, que tenhais autêntico pavor de cair na rotina: Deus tem-nos dado tanto! E Amor com amor se paga! Dirijo-me a Jesus, contemplando-O no patíbulo da Santa Cruz, e rogo-Lhe que nos alcance o dom de que as nossas confissões sacramentais sejam mais contritas: porque, como nos ensinava o nosso Padre, Ele continua no Madeiro desde há vinte séculos, e já é hora de que lá nos coloquemos nós. Suplico-Lhe também que aumente em nós o imperioso esforço de levar mais almas à Confissão» [10].
[9]. D. Álvaro del Portillo, Carta, 1-IV-1987.
[10]. D. Álvaro del Portillo, Carta, 1-IV-1987.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de abril de 2014)
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