Perguntas: responsabilidade de
"É o Carteiro!"
5- Mas se os peritos não se entendem, não devia a Igreja optar pela
interpretação mais benévola para as pessoas?
Contudo, a Igreja não pode basear a sua doutrina e a
sua prática em hipóteses exegéticas controversas. Ela deve ater-se ao
ensinamento claro de Cristo.
Paulo estabelece que a proibição de divórcio é uma
vontade expressa de Cristo: «Mando aos casados, não eu mas o Senhor, que a
mulher se não separe do marido. Se, porém, se separar, que não torne a casar,
ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não repudie a mulher» (1
Cor 7, 10-11).
6- Mas será também assim no caso de uma pessoa que se converte ao
cristianismo e que vê, nessa ocasião, o marido não cristão, ou a mulher não
cristã, abandoná-lo?
Ao mesmo tempo, baseando-se na própria autoridade,
Paulo concede que um não cristão possa separar-se do seu cônjuge que se tornou
cristão. Neste caso o cristão já não está «submetido à escravidão», isto
é, já não está obrigado a permanecer não-casado (1 Cor 7, 12-16).
A partir desta posição, a Igreja reconheceu que só o
matrimónio entre um homem e uma mulher baptizados é sacramento em sentido próprio
e só para estes é válida a indissolubilidade incondicional.
7- Se a indissolubilidade "incondicional" é só para o
matrimónio entre um homem e uma mulher baptizados, isso quer dizer que no matrimónio
entre não baptizados também há indissolubilidade mas "condicional"?
Como assim?
De facto, o matrimónio dos não-baptizados está
subordinado à indissolubilidade, mas pode contudo ser dissolvido em
determinadas circunstâncias – devido a um bem maior (Privilegium Paulinum).
Não se trata portanto de uma excepção ao ensinamento
do Senhor: a indissolubilidade do matrimónio sacramental, do matrimónio no âmbito
do Mistério de Cristo, permanece.
8- O que é que um matrimónio que seja sacramento tem a mais relativamente
a um matrimónio que não seja sacramento?
De grande significado para o fundamento bíblico da
compreensão sacramental do matrimónio é a Carta aos Efésios, na qual se afirma:
«Maridos, amai as vossas mulheres como também Cristo amou a Igreja e por ela
se entregou» (Ef 5, 25).
E mais adiante o apóstolo escreve: «Por isso, o
homem deixará pai e mãe, ligar-se-á à mulher e passarão os dois a ser uma só
carne. É grande este mistério; digo-o porém, em relação a Cristo e à Igreja» (Ef
5, 31-32).
O matrimónio cristão é um sinal eficaz da aliança de
Cristo e da Igreja.
O matrimónio entre baptizados é um sacramento porque
distingue e age como mediador da graça deste pacto.
Fonte: artigo de D. Gerhard Ludwig Müller no Osservatore Romano
Fonte: artigo de D. Gerhard Ludwig Müller no Osservatore Romano
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