Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Na Igreja aprendemos a pedir a Deus as coisas boas

Entrevista exclusiva para o "Mensageiro da Misericórdia Divina" (Julho 2013) com o Pe. José Rafael Espírito Santo, Vigário Regional do Opus Dei em Portugal. Por Pe. Artur Karbowy S.A.C.

O que é a Obra de Deus?

Josemaria Escrivá, o fundador, tinha 26 anos e era padre recém-ordenado quando "viu" – entre aspas, porque foi um "ver" diferente do habitual – que Deus lhe pedia para refrescar na Igreja uma ideia antiga: a de que a vida diária das pessoas comuns podia ser como a de Jesus, Maria e José, pequena e grandiosa ao mesmo tempo.


A prelatura do Opus Dei ("trabalho ou obra de Deus") ajuda os cristãos comuns a encontrar Deus na família, trabalho, diversão, preocupações. Como? Proporcionando uma formação que é complementar à acção das paróquias e dioceses às quais as pessoas pertencem, e que leva a procurar ser bons fiéis da sua paróquia e da sua diocese. Essa formação inclui direcção espiritual, aulas sobre a doutrina cristã, retiros, recolecções. Uma formação aberta a todos os interessados. Não é preciso ser do Opus Dei para participar.

Quem pode ser membro da Obra? Quais são os deveres dos membros da Obra?
Acho importante repetir que a formação do Opus Dei está aberta a todos, não sendo necessário pertencer ao Opus Dei para beneficiar dela.

Cada pessoa tem uma história muito própria. Quando nos aproximamos de Deus é natural que a sua luz nos encha, e que percebamos o projecto que Deus tem para nós. É a vocação. Há muitas vocações na Igreja. Há também uma vocação para o Opus Dei: vocação para viver como filho de Deus, vendo no trabalho concreto (ou no desemprego...), na família concreta, nos vizinhos concretos, em tudo isso, que podia ser tão banal, um talento recebido de Deus. Ser do Opus Dei envolve o compromisso de procurar a santidade e realizar o apostolado na vida corrente, mediante o percurso formativo e de vida espiritual que o fundador definiu.

Santidade pessoal é um dos desafios dos membros do Opus Dei. Como poderá ter uma vida santificada nos dias de hoje?
A santidade é um desafio para todos os cristãos e até para todos os seres humanos. A todos, por mais longe que se encontrem, Deus chama a um encontro pessoal com Cristo, que transforma a vida e dá a possibilidade de realizar o anseio de amor pleno que experimentamos no coração. É a convocação a que chamamos Igreja.

Ora, a vida moderna habituou-nos a confiar demasiado na capacidade do homem, no progresso, na técnica, e desabituou-nos de falar com Deus e de confiar nele. E até nos pode ter levado a pensar erradamente que ser santo é ser "impecável, observante, rigoroso". Mas ser santo é sobretudo deixar Deus entrar na nossa vida e com Ele fazer da nossa vida um lugar de beleza, como disse Bento XVI aqui em Portugal. Deus, sim, é a bondade, o amor paterno que não se cansa, a fonte do bem e da verdade; nós, não.

Ou seja: ser santo começa, hoje como ontem, por deixar-se tocar por Deus. É prioritário participar na Eucaristia, diária se possível, curar as feridas interiores na Confissão frequente, dedicar tempo a falar com Deus, para pedir e também para adorar, para dizer as coisas comuns e saborosas que dizem aqueles que se amam e também para ouvir o que Deus nos tem para dizer.

É esse "gerador" que permite deixar-se tocar por Deus em tudo o resto que compõe o nosso dia-a-dia – os nossos afazeres e as pessoas que nos rodeiam – e deixar que aí Deus actue. É a fonte da energia para fazer coisas boas e belas. Antes de mais apoiando-se no trabalho: a primeira boa obra tem de ser um trabalho bem feito, competente, acabado, ajudar com a nossa profissão bem exercida as pessoas que contam com os nossos serviços.

Qual é o trabalho do Opus Dei em Portugal? Tem algum trabalho social? Alguma Obra de misericórdia?
O Opus Dei é no fundo um grande investimento em formação. Se consolidarmos nos leigos de todas as condições sociais a prática cristã, o conhecimento fundamentado do catecismo, a experiência da oração, o treino na generosidade e solidariedade, isso inevitavelmente tem um enorme "impacto ambiental". Aumenta a criatividade para resolver os problemas sociais e gera-se comunhão entre pessoas muito diversas entre si.

É significativo que o fundador às vezes definisse o Opus Dei como "uma grande catequese"; ao mesmo tempo, alentava o pluralismo de iniciativas e gostava muito de ver os cristãos como pessoas que se abrem a todos, trabalham com todos, e evitam tudo o que seja fechar-se no seu próprio ambiente. 

Em Portugal, o Opus Dei tem centros em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Viseu, Montemor-o-Novo, Estoril, Miramar, Ponte de Lima e Ponta Delgada. Há também acções de formação católica em Faro, Évora, Setúbal, Montijo, Cascais, Caldas da Rainha, Funchal, Vila Real, Viana do Castelo, Lamego, Bragança, Guarda, Famalicão, Aveiro, Tomar, Leiria, Fátima.

Um pouco por todo o lado, fruto das boas inquietações e sentido de responsabilidade cristã e cívica que a formação suscita, os fiéis do Opus Dei, junto com outras pessoas de boa vontade (católicos ou não), promovem iniciativas de intervenção social, cultural, educativo e assistencial.

Nalguns casos a prelatura do Opus Dei presta assistência pastoral a alguns projectos de interesse social, a pedido dos seus promotores.

D. Javier Echevarría, quando foi eleito Prelado do Opus Dei, indicou três objectivos: o robustecimento da família, a cristianização da cultura, e a aposta na juventude. Como é que na prática, a Obra está a conseguir realizar esses objectivos? 
É muito preocupante saber que em Portugal, em 2011, por cada 100 casamentos houve 74 divórcios. Há muito sofrimento por detrás deste número. É um fenómeno que afecta os filhos, ameaçando a sua robustez interior e desempenho escolar; afecta o cônjuge mais vulnerável, normalmente a mulher; afecta a motivação de todos à hora de enfrentar dificuldades. Tudo isto também é resultado da grande pressão cultural que subtil ou ostensivamente exalta o efémero, promove o relativismo e desvaloriza o respeito dos compromissos, a grandeza da fidelidade.

Como dizia recentemente o Papa Francisco, diante de uma época como a nossa na qual impera o relativismo, é importante lembrar que o Espírito Santo é Aquele que nos permite encontrar a Verdade, que se fez um de nós, Jesus Cristo. E é este encontro que nos torna homens novos, com a alegria que enche o coração. Por isso esses três grandes objectivos dependem de se manter a prioridade de deixar Deus presidir à vida comum. Porque tudo o resto vem depois.

Por outro lado vejo com muito agrado o esforço de muitos cristãos, também do Opus Dei, por criar consultórios familiares, cursos de orientação familiar, projectos de férias para famílias, actividades para os tempos livres dos filhos. São ajudas para resolver um problema que é do país e que é global.

Em Portugal, muitas pessoas mesmo sendo baptizados vivem no secularismo, como lidar com essa situação? 
Na Igreja aprendemos a pedir a Deus as coisas boas. É boa ideia, portanto, pedir a Deus a graça da conversão do nosso tempo. Com este Papa ficamos com uma ideia mais viva de que Deus é bondoso, é terno, vive ansioso com os nossos problemas. Isso dá-nos vontade de rezar mais, de falar com Deus e pedir-lhe que se apresse, que ponha remédio a tanta coisa do mundo que precisa de remédio. Um dessas coisas é que as pessoas voltem a confiar em Deus. Deus é de confiança. É o único que é de total confiança.

Por outro lado, este Ano da fé é uma oportunidade excelente para ajudar todos, como disse Bento XVI, a descobrir de novo Deus e a alegria de crer, e a reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé.

“Nas mãos de Jesus, o trabalho – e um trabalho profissional, semelhante ao que milhões de homens realizam, em todo o mundo – converte-se em tarefa divina, em actividade redentora, em caminho de salvação” (Temas Actuais do Cristianismo, 55), neste tempo de crise, quando tanta gente encontra-se desempregada, sem poder realizar o seu trabalho profissional, como podemos dar a essas pessoas o consolo?
Temos de estar ao lado dessas pessoas, e fazer nossas as suas preocupações. Quem sofre sozinho, sofre muito mais. Numa situação dessas é bom estar por perto e partilhar o que é nosso. As palavras e gestos de consolo não são tudo, mas não são inúteis. E rezar juntos, pedir insistentemente a Deus soluções urgentes. Socorrer-nos dos santos. Quem passa por essa provação tão dura terá de combater o desânimo e a desconfiança. 
Será bom não se render ao ócio: ter o tempo bem ocupado, ajudar outros, construir a alegria como fruto maduro da fé. Também na dificuldade está Deus. Esse Deus que acode sempre às necessidades verdadeiras. E portanto estas situações são também ocasião de santidade.

Estamos dentro do Ano da Fé, aproximam-se as férias, tempo de descanso que também pode e deve ser aproveitado para aprofundar a fé pessoal, qual proposta do Senhor, para as pessoas que vão entrar em período de férias?
Deus vai para férias connosco. Nas malas podemos levar a Sagrada Escritura, e a vontade pôr Deus em primeiro lugar. Conhecemos bem aquela desculpa tão repetida durante o ano para rezar: "não tenho tempo". As férias são muitas vezes a prova de que é uma falsa desculpa, porque também nas férias é difícil pôr Deus em primeiro lugar.

Descansamos quando aproveitamos o tempo e fazemos o que é bom e certo, começando por pôr Deus e os outros à frente de nós. Pelo contrário, cansamo-nos quando fazemos o que nos apetece. Parece que não deveria ser assim, que satisfazer os nossos desejos deveria ser o cume, mas não. Fomos feitos para os outros e para Deus. É uma lei universal que também vigora no verão.

E por outro lado, há que aproveitar também os relacionamentos que proporciona o descanso para aproximar essas pessoas de Deus.

O fundador da Opus Dei, São Josemaria Escrivá e, o fundador dos Padres Palotinos, São Vicente Pallotti, deram maior importância aos leigos na Igreja. 50 anos depois da abertura do Concilio Vaticano II, ainda existem muitos leigos que não se sentem membros vivos da Igreja, como alterar isso?
Já é bom que se fale mais da importância dos leigos. Porém é verdade que por vezes se tende a falar do papel dos leigos como se eles fossem apenas como aqueles suplentes que entram só no fim do jogo e para substituir os padres que faltam, ou para desempenhar funções organizativas na Igreja. Ora isso é muito pouco, e esquece que os leigos têm uma "competência própria e exclusiva".

Essa "competência exclusiva" é o mundo do trabalho, da família, da política, da cultura, da arte, do desporto, do entretenimento. Apelar à importância dos leigos passa, antes de mais, por lhes dizer: "não saiam daí, essas coisas são a vossa função na Igreja! Estejam aí como a Sagrada Família, como Jesus durante 30 anos, como os primeiros cristãos que cristianizaram o mundo". E é por isso que toda formação dos leigos tem de ser ao mesmo profunda, para serem maduros e consistentes, mas flexível para não os afastar da sua "competência exclusiva".
Mensagem do Vigário Regional do Opus Dei em Portugal, para os leitores do Mensageiro da Misericórdia Divina.
Confiemos totalmente em Deus e em Nossa Senhora. A Santa Faustina legou-nos uma oração tão simples e tão consoladora, boa para ser dita muitas vezes e encher o nosso dia: "Jesus, eu confio em Vós". Sempre em união com o Papa.

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