«Diariamente fazemos a experiência da precariedade», frisa D. António Vitalino
O bispo de Beja, D. António Vitalino, considera que a renúncia ao pontificado anunciada por Bento XVI evidencia que a Igreja, a “estrutura mais estável da sociedade ao longo de séculos”, também “é frágil”.
“Diariamente fazemos a experiência da precariedade. Até a renúncia do Santo Padre nos apanhou de surpresa no princípio da semana passada e nos acordou para uma nova realidade do papado”, sublinha na nota semanal enviada à Agência ECCLESIA.
Diante da “insegurança familiar, laboral, económica, política e até religiosa”, perante “muitos lares a desfazer-se” e o “desemprego a crescer”, face à emigração dos jovens e a ausência de medidas políticas “que assegurem o nível de vida dos cidadãos”, impõe-se a pergunta sobre o “sentido” da “existência humana”, acentua.
“Onde e em quem pomos a nossa esperança? Nos homens, em Deus, nos bens materiais, no poder, nas glórias e vaidades humanas?”, questiona o prelado, que também se interroga sobre a existência de “tantas desigualdades e rivalidades” quando “tudo” se deixa na hora da morte.
D. António Vitalino acentua que a fé em Cristo permite recusar “uma vida contrária ao amor a Deus e aos irmãos”, bem como “resistir às tentações do materialismo, do poder e das glórias e vaidades do mundo”.
O prelado convida os fiéis a que nesta Quaresma meditem mais na “palavra de Jesus” e no seu “testemunho de vida”, ao mesmo tempo que fortalecem a “comunhão fraterna”, a começar pela família, paróquia e movimentos eclesiais.
“Arranjemos mais tempo para escutar, em grupo, a mensagem evangélica e façamos uma leitura da nossa vida à luz dessa palavra, para na Páscoa podermos sentir a alegria da ressurreição e de uma vida nova, toda informada pelo Espírito de Deus, pela caridade”, apela.
Com a fé os católicos podem dar o seu “contributo valioso para vencer o desânimo e a falta de alegria e criatividade” que “domina” a sociedade portuguesa, vinca D. António Vitalino.
O texto anuncia que foram elaboradas catequeses no âmbito do Sínodo da Diocese de Beja, que devem ser meditadas em pequenos grupos com o objetivo de favorecer “a renovação da vida cristã e eclesial”.
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Agência Ecclesia
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