21 Dezembro 2012
«Não se nasce mulher; fazem-na mulher – On ne naît pas femme, on le devient».
Nestas palavras [de Simone de Beauvoir], manifesta-se o fundamento daquilo que hoje, sob o vocábulo «gender - género», é apresentado como nova filosofia da sexualidade.
De acordo com tal filosofia, o sexo já não é um dado originário da natureza que o homem deve aceitar e preencher pessoalmente de significado, mas uma função social que cada qual decide autonomamente, enquanto até agora era a sociedade quem a decidia.
Salta aos olhos a profunda falsidade desta teoria e da revolução antropológica que lhe está subjacente.
O homem contesta o facto de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um facto pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria.
De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher.
Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez.
É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada.
Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: «Ele os criou homem e mulher» (Gn 1, 27).
Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto.
Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem.
O homem contesta a sua própria natureza; agora, é só espírito e vontade.
A manipulação da natureza, que hoje deploramos relativamente ao meio ambiente, torna-se aqui a escolha básica do homem a respeito de si mesmo.
Agora existe apenas o homem em abstracto, que em seguida escolhe para si, autonomamente, uma outra coisa para sua natureza. Homem e mulher são contestados como exigência, ditada pela criação, de haver formas da pessoa humana que se completam mutuamente.
Se, porém, não há a dualidade de homem e mulher como um dado da criação, então deixa de existir também a família como realidade pré-estabelecida pela criação.
Mas, em tal caso, também a prole perdeu o lugar que até agora lhe competia, e a dignidade particular que lhe é própria; Bernheim mostra como o filho, de sujeito jurídico que era com direito próprio, passa agora necessariamente a objecto, ao qual se tem direito e que, como objecto de um direito,
se pode adquirir.
Onde a liberdade do fazer se torna liberdade de fazer-se a si mesmo, chega-se necessariamente a negar o próprio Criador; e, consequentemente, o próprio homem como criatura de Deus, como imagem de Deus, é degradado na essência do seu ser.
Na luta pela família, está em jogo o próprio homem.
E torna-se evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se também a dignidade do homem.
Quem defende Deus, defende o homem.
Vídeos da ocasião em espanhol e inglês
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