Os factos são factos, não vale a pena discuti-los. As opiniões, sim, podem discutir-se quase eternamente. E foi no plano das opiniões que Isabel Jonet foi atacada de uma forma inacreditável (do meu ponto de vista, que aqui escrevi isso mesmo), levando a que nas redes sociais muita gente jurasse nem mais um quilo de arroz oferecer ao Banco Alimentar.
A verdade é que as dádivas deste fim de semana ficaram acima das expectativas. No plano dos factos, as palavras de Isabel Jonet não tiveram qualquer influência negativa na generosidade dos portugueses. Pelo contrário. Se alguém recusou dar (os que juravam não mais dar, alguma vez deram?), não se notou entre as 2914 toneladas de ajuda.
As redes sociais estão a tornar-se num viveiro de declarações grandiloquentes, mas despidas de qualquer sentido. Numa espécie de amplificador de ferrabrases e de vociferadores. Basta lembrar os pretensos boicotes ao Pingo Doce ou recentes convocatórias de manifestações pífias (depois do enorme sucesso que teve a de 15 de Setembro) para perceber que um pretenso boicote ao Banco Alimentar era fanfarra.
Felizmente, as pessoas são muito mais sensatas na sua ação concreta do que as redes sociais deixam a entender.
Henrique Monteiro in ‘Expresso’ online AQUI
1 comentário:
Obrigada pela lucidez e simplicidade de escrita.
No Facebook, a propósito da "contenda", sem saber como manifestar o meu agradecimento ao bem que o Banco Alimentar faz por todos nós portugueses, transcrevi de Hamlet: "Perdoai-me a virtude. Nesta era venal, a virtude tem de pedir perdão ao vício e implorar permissão para fazer o bem".
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