Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 25 de março de 2012

"Marcelo e as mulheres" - José António Saraiva (agradecimento 'É o Carteiro!')

EXCERTOS

Um destes domingos, no seu costumeiro programa na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa falou do papel da mulher.

Segundo Marcelo, a situação da mulher tem melhorado bastante. Hoje as mulheres são mais independentes, têm maior presença no mercado de trabalho, formam-se em maior número do que os homens nas universidades e
são melhores alunas, ascendem com mais frequência a lugares de administração, etc., etc.

Tudo isto é verdade e tudo isto é estatístico. Mas este fenómeno só teve aspectos positivos?

Em duas gerações, a família mudou radicalmente. 

Quando eu era criança, a maior parte dos meus amigos tinha a mãe em casa. As mães eram domésticas, donas de casa, como se dizia, e asseguravam a gestão familiar.

Quando os meus amigos chegavam da escola, a presença das mães em casa para os receber dava-lhes conforto e segurança.

A minha família era diferente - e, por isso, às vezes eu invejava-os. O meu pai vivia no estrangeiro e a minha mãe era professora, pelo que eu não tinha em casa a mãe à espera. Mas tínhamos empregada (na altura dizia-se 'criada') que me assegurava a mim e aos meus irmãos a retaguarda. Abria-nos a porta quando voltámos das aulas, fazia-nos as refeições, ia às compras. E isso dava-nos algum equilíbrio. A casa funcionava o dia todo, nós sabíamos que lá havia sempre gente.

Esse mundo acabou. As casas das famílias da classe média estão hoje vazias durante todo o dia. Os miúdos acabam a escola e não podem ir para casa porque não há lá ninguém.

Têm de ir para actividades extra-escolares, onde os pais - exaustos e sem paciência - os vão buscar ao fim do dia, esperando que os filhos não exijam muito deles.

É evidente que esta família não interessa a ninguém. 

O pai não tem pachorra para tratar da casa nem dos filhos - na família tradicional também não tinha -, pelo que a mãe acaba quase sempre por ter de acumular o trabalho no emprego com o trabalho em casa, sentindo-se uma 
escrava do lar e apetecendo-lhe, por vezes, bater com a porta. 

E este modelo de família também não interessa aos filhos, que passam o dia todo fora de casa e, quando vêem os pais à noite, estes já estão sem paciência para os aturar.

Partindo do princípio de que fora da família é fácil encontrar o prazer efémero mas muito difícil construir a felicidade, é então necessário procurar no Ocidente um novo equilíbrio da família.

Esta situação que agora se vive não é nada.

Não é bom as mulheres casarem mais tarde. Não é bom as mulheres terem cada vez menos filhos. Não é bom os bebés serem depositados em armazéns. Não é bom as crianças não terem ninguém em casa durante todo o dia e serem forçadas a andar de actividade em actividade para encher o tempo. Nada disto é bom.

A emancipação da mulher não é, pois, um tema do futuro - é já um tema do passado. A questão que hoje se coloca é saber como irá a sociedade ocidental
resolver os problemas resultantes do 'progresso', de que a emancipação da mulher foi um dos aspectos marcantes.

José António Saraiva in Revista Tabu

VERSÃO INTEGRAL abaixo

1 comentário:

Maria Algures disse...

Conta-se que Picasso em resposta a um tal que o acusava de não fazer pintura realista, pediu que este lhe mostrasse uma prova do que era ser realista. O sujeito em questão mostrou-lhe uma fotografia da mulher ao que Picasso rispondeu: segundo o senhor, a sua mulher é alta 5 cm, bi-dimensional e a preto e branco?
A fotografia é estática, no máximo bi-dimensional enquanto a realidade è sempre dinâmica e tri-dimensional, portanto bem mais rica de elementos e mais complexa.
No seu artigo, fotografa-se tentando um certo rigor uma realidade que nos deve levar a reflectir mas, enquanto fotografia, tem os seus inevitáveis limites.
Espero vivamente que os leitores e as leitoras não deduzam, lendo o seu artigo nas pessoais entrelinhas interpretativas, que a situação dantes é que era boa, ou, como dizem outros, que “era melhor quando era pior”. Seria perigoso, além de falso, concluir que o modelo de família de hoje é de responsabilidade exclusiva da emancipação das mulheres e, que na actual crise económica é lógico que sejam elas a sacrificar, em favor dos homens, o direito ao trabalho.

Homem e mulher têm que evoluir paralelamente, senão simultaneamente, para se libertarem (ambos) dos velhos esquemas mentais de relacionamento tradicional.

Não há pachorra… …de acordo mas…
O homem quando faz qualquer coisa em casa ou em relação aos filhos, deseja e espera um reconhecimento e odeia ser reprovado, senão diz: se não faço bem então faz tu! Amua como uma criança ofendida.
E, paradoxalmente têm um bocado razão porque as mulheres, por outro lado, tratam quase sempre o homem como se fosse uma criança de bata e não de maneira objectiva. Elas “esperam” e pretendem que ele faça como elas fariam se estivessem no
seu lugar (coisa idiota, como se fosse possível estar no lugar de outra pessoa), fazem notar os erros (muitas vezes em frente dos filhos (o que é, na minha opinião, deseducativo) parentes ou estranhos provocando até às vezes sorrisinhos na assistência. Elas interferem frequentemente durante a actividade deles com sugestões e conselhos – que são pontualmente ignorados – e, quando não interferem porque ele se chateia, ficam à espera duma ocasião propícia para se desforrarem.
Às vezes a mulher faz ainda pior, corrige directamente a obra com auto-suficiência e arrogância, o que irrita duplamente porque o outro se sente ridículo e/ou incapaz.

E’ claro que também há, e muito infelizmente, a versão masculina do homem que
pretende,
critica,
exige,
amachuca do tipo (só para citar um exemplo): “A minha mãe é que cozinha bem, tu não tens jeito nenhum para a cozinha”.

A violência verbal esconde sempre uma forma de “bestialidade” mental que se só se pode corrigir com a educação (neste caso entendo um somatório de instrução, educação cívica, cultura) … …

E que dizer do Know-how?

O homem na cozinha é cioso das suas receitas, tem sempre aquele ar misterioso do alquimista que não desvela o segredo da poção mágica. A mulher geralmente não tem problemas em dar a receita e explicar até muitas vezes os truques para que ela saia bem.

Tinha razão aquele tal que escreveu (cito de cor): “a guerra dos sexos é a única em que se dorme habitualmente com o inimigo”???