Obrigado, Perdão Ajuda-me
sábado, 31 de março de 2012
Verdade e liberdade (Editorial)
Na insígnia do binómio verdade e liberdade concluiu-se a visita a Cuba do Papa, que completou assim a sua terceira viagem americana, vigésima terceira internacional do pontificado. Nos seis dias, durante os quais pelo menos um milhão e meio de mexicanos e mais de meio milhão de cubanos - pelas estradas e nas celebrações litúrgicas - puderam ver directamente Bento XVI. E mais uma vez o itinerário do Pontífice foi ritmado por repetidas manifestações de afecto e entusiasmo autênticos, dirigidas a um Papa que atrai cada vez mais pela sua tímida gentileza. Verdade e liberdade foram portanto as palavras que Bento XVI confiou a todo o povo cubano, cerca de quinze anos depois do seu predecessor ter percorrido a ilha caribenha pedindo que Cuba se abrisse ao mundo e o mundo a Cuba. Desde então foram dados alguns passos em frente nesta abertura, certamente não fácil também devido às relações internacionais, às quais se acrescentou nos anos mais recentes a crise económica global. Mas agora deve-se continuar, e o Papa disse-o explicitamente na homilia durante a missa em Havana e no discurso de despedida.
No coração da antiga capital Bento XVI celebrou na Plaza de la Revolución, sob o altíssimo memorial erigido ao herói cubano José Martí já durante a ditadura de Fulgencio Batista e diante de enormes imagens dos protagonistas da insurreição que o derrubou. E precisamente deste lugar emblemático o Papa disse que a verdade exige uma busca autêntica: para superar cepticismo e relativismo, mas também irracionalidade e fanatismo. Fé e razão - repetiu portanto Bento XVI - são complementares nesta busca, para chegar pelo menos a fundar uma ética que reconheça a "dignidade inviolável do ser humano" e possa aproximar culturas e religiões, autoridades e cidadãos, crentes e não-crentes. Por conseguinte, não é sem significado que também estes temas tenham sido enfrentados no encontro com Fidel Castro, recebido pelo Pontífice de forma privada na nunciatura em Havana.
Por sua vez, a Igreja propõe com amizade e confiança o caminho de Cristo, e por isso juntamente com os direitos fundamentais pede que seja garantido plenamente o direito à liberdade religiosa. Sem privilégios nem imposições da sua parte, numa sociedade que a Santa Sé deseja finalmente renovada e reconciliada: "Cuba seja a casa de todos e para todos os cubanos, onde convivam a justiça e a liberdade, num clima de fraternidade serena" resumiu com eficácia o Papa despedindo-se do país. E convidando-o sem hesitações a uma ulterior abertura, mais profunda e decisiva, a abertura à pessoa de Cristo. Concluiu-se portanto com o anúncio do Evangelho este itinerário americano que Bento XVI enfrentou com a sua coragem pacífica e não exibida para defender a fé no México e em Cuba, e para oferecer um olhar realista e confiante em relação ao futuro dos dois países e de todo o continente. Em síntese, uma viagem bem sucedida. Aliás, usando o adjectivo com que o Papa qualificou a do seu predecessor na ilha caribenha, também ela já histórica.
Giovanni Maria Vian – Diretor
(© L'Osservatore Romano - 31 de Março de 2012)
Imitação de Cristo, 1, 19, 3
Se não podes continuamente estar recolhido, recolhe-te de vez em quando, ao menos uma vez por dia, pela manhã ou à noite. De manhã toma resoluções, e à noite examina tuas ações: como te houveste hoje em palavras, obras e pensamentos, porque nisso, talvez não raro, tenhas ofendido a Deus e ao próximo. Arma-te varonilmente contra as maldades do demônio; refreia a gula, e facilmente refrearás todo apetite carnal. Nunca estejas de todo desocupado, mas lê ou escreve ou reza ou medita ou faze alguma coisa de proveito comum. Nos exercícios corporais, porém, haja toda discrição, porque não convém igualmente a todos.
O Senhor procura o meu pobre coração
Quantos anos a comungar diariamente! – Outro seria santo – disseste-me – e eu, sempre na mesma! – Filho – respondi-te – continua com a Comunhão diária, e pensa: que seria de mim, se não tivesse comungado? (São Josemaría Escrivá - Caminho, 534)
Recordai – saboreando, na intimidade da alma, a infinita bondade divina – que, pelas palavras da Consagração, Cristo vai tornar-se realmente presente na Hóstia, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Adorai-O com reverência e devoção; renovai na sua presença o oferecimento sincero do vosso amor; dizei-lhe sem medo que Lhe quereis; agradecei-lhe esta prova diária de misericórdia tão cheia de ternura, e fomentai o desejo de vos aproximardes da comunhão com confiança. Eu surpreendo-me perante este mistério de Amor: o Senhor procura como trono o meu pobre coração, para não me abandonar, se eu não me afastar d'Ele.
Reconfortados pela presença de Cristo, alimentados pelo seu Corpo, seremos fiéis durante esta vida terrena, e mais tarde no Céu, junto de Jesus e de Sua Mãe, chamar-nos-emos vencedores. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Demos graças a Deus que nos trouxe a vitória, pela virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo. (São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 161)
Recordai – saboreando, na intimidade da alma, a infinita bondade divina – que, pelas palavras da Consagração, Cristo vai tornar-se realmente presente na Hóstia, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Adorai-O com reverência e devoção; renovai na sua presença o oferecimento sincero do vosso amor; dizei-lhe sem medo que Lhe quereis; agradecei-lhe esta prova diária de misericórdia tão cheia de ternura, e fomentai o desejo de vos aproximardes da comunhão com confiança. Eu surpreendo-me perante este mistério de Amor: o Senhor procura como trono o meu pobre coração, para não me abandonar, se eu não me afastar d'Ele.
Reconfortados pela presença de Cristo, alimentados pelo seu Corpo, seremos fiéis durante esta vida terrena, e mais tarde no Céu, junto de Jesus e de Sua Mãe, chamar-nos-emos vencedores. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Demos graças a Deus que nos trouxe a vitória, pela virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo. (São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 161)
«Aí vem o noivo, ide ao seu encontro» (Mt 25,6)
Homilia atribuída a Santo Epifânio de Salamina (? - 403), bispo
Homilia para o Domingo de Ramos
«Exulta de alegria, filha de Sião!» (Za 9,9), alegra-te e exulta, Igreja de Deus, pois eis que o teu Rei vem a ti, eis o Esposo que chega, sentado num burro como num trono! Vamos depressa ao Seu encontro para contemplar a Sua glória. Eis a salvação do mundo: Deus avança para a cruz. Também nós, os povos, gritamos hoje com o povo: «Hossana ao Filho de David! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas!» (Mt 21,9; Sl 118,26) [...]
A Igreja celebra um dia de festa à sombra de Cristo, oliveira carregada de azeitonas na casa de Deus (Sl 52,10); celebra um dia de Festa com Cristo, lírio primaveril do Paraíso em flor. Porque Cristo está no meio da Igreja como verdadeiro lírio florido, raiz de Jessé que não julga o mundo mas o serve (Is 11,1.3). Ele está no meio da Igreja, fonte eterna donde jorram, não já os rios do paraíso (cf. Gn 2,10), mas Mateus, Marcos, Lucas e João, que regam os jardins da Igreja de Cristo. Hoje, nós, que somos novos e fecundos rebentos (cf Sl 128,3), levando nas mãos os ramos da oliveira, supliquemos a misericórdia de Cristo. «Plantados na casa do Senhor», florescendo na Primavera nos «átrios do nosso Deus», celebremos um dia de festa: «que o Inverno já passou!» (Sl 92,14; Ct 2,11) [...]
Clamo com São Paulo, com voz santa e forte: «O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas» (2Co 5,17). [...] Um profeta, olhando para este rei, grita: «Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo» (Jo 1,29) [...]; e David, olhando para Cristo, saído da sua raça segundo a carne diz: «O Senhor é Deus; Ele tem-nos iluminado!» (Sl 118,27). Dia de festa admirável, pela sua novidade, surpreendente e estupenda: as crianças aclamam a Cristo como Deus e os sacerdotes maldizem-n'O, as crianças adoram-n'O e os doutores da lei desprezam-n'O e caluniam-n'O. As crianças dizem: «Hossana!» e os Seus inimigos gritam: «Crucifica-O!» Aquelas juntam-se ao redor de Cristo com palmas, estes atiram-se a Ele com espadas; aquelas cortam os ramos, estes preparam uma cruz.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho de Domingo dia 1 de Abril de 2012
Dali a dois dias era a Páscoa e os Ázimos; os príncipes dos sacerdotes e os escribas andavam buscando o modo de O prender à traição, para O matar. Porém, diziam: «Não convém que isto se faça no dia da festa, para que não se levante nenhum motim entre o povo». Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão o leproso, enquanto estava à mesa, veio uma mulher trazendo um frasco de alabastro cheio de um perfume feito de verdadeiro nardo, de um grande valor e, quebrando o frasco, derramou-Lho sobre a cabeça. Alguns dos que estavam presentes indignaram-se e diziam entre si: «Para que foi este desperdício de perfume? Pois podia-se vender por mais de trezentos denários e dá-los aos pobres». E irritavam-se contra ela. Mas Jesus disse: «Deixai-a. Porque a molestais? Ela fez-Me uma boa obra, porque pobres sempre os tereis convosco, e quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; porém a Mim, não Me tereis sempre. Ela fez o que podia: ungiu com antecipação o Meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo: Onde quer que for pregado este Evangelho por todo o mundo, será também contado, para sua memória, o que ela fez». Então, Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os príncipes dos sacerdotes para lhes entregar Jesus. Eles ouvindo-o, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava ocasião oportuna para O entregar. No primeiro dia dos Ázimos, quando imolavam a Páscoa, os discípulos perguntaram-Lhe: «Onde queres que vamos preparar-Te a refeição da Páscoa?». Então, Ele enviou dois dos Seus discípulos e disse-lhes: «Ide à cidade e encontrareis um homem levando uma bilha de água; ide atrás dele, e, onde entrar, dizei ao dono da casa: “O Mestre manda dizer: Onde está a Minha sala onde hei-de comer a Páscoa com os Meus discípulos?”. E ele vos mostrará uma sala superior, grande, mobilada e já pronta. Preparai-nos lá o que é preciso». Os discípulos partiram e chegaram à cidade; encontraram tudo como Ele lhes tinha dito, e prepararam a Páscoa. Chegada a tarde, foi Jesus com os doze. Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: «Em verdade vos digo que um de vós, que come comigo, Me há-de entregar». Então começaram a entristecer-se, e a dizer-Lhe um por um: «Porventura sou eu?». Ele disse-lhes: «É um dos doze que se serve comigo do mesmo prato. O Filho do Homem vai, segundo está escrito d'Ele, mas, ai daquele homem por quem for entregue o Filho do Homem! Melhor fora a esse homem não ter nascido». Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciada a bênção, partiu-o, deu-lho e disse: «Tomai, isto é o Meu corpo». Em seguida, tendo tomado o cálice, dando graças, deu-lho, e todos beberam dele. E disse-lhes: «Isto é o Meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por todos. Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até àquele dia em que o beberei novo no reino de Deus». Cantados os salmos, foram para o monte das Oliveiras. Então Jesus, disse-lhes: «Todos vós vos escandalizareis, pois está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”. Mas, depois de Eu ressuscitar, preceder-vos-ei na Galileia». Pedro, porém, disse-Lhe: «Ainda que todos se escandalizem a Teu respeito, eu não». Jesus disse-lhe: «Em verdade te digo que hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante a segunda vez, Me negarás três vezes». Porém, ele insistia ainda mais: «Ainda que seja preciso morrer contigo, não Te negarei». E todos diziam o mesmo. Chegando a uma herdade, chamada Getsemani, Jesus disse aos Seus discípulos: «Sentai-vos aqui enquanto vou orar». Levou consigo Pedro, Tiago e João; e começou a sentir pavor e angústia. E disse-lhes: «A Minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai». Tendo-Se adiantado um pouco, prostrou-Se por terra e pedia que, se era possível, se afastasse d'Ele aquela hora. Dizia: «Abba, Pai, todas as coisas Te são possíveis; afasta de Mim este cálice; porém, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres». Depois, voltou e encontrou-os a dormir, e disse a Pedro: «Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora? Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito, na verdade, está pronto mas a carne é fraca». Tendo-Se retirado novamente, pôs-Se a orar, repetindo as mesmas palavras. Voltando, encontrou-os outra vez a dormir, porque tinham os olhos pesados pelo sono. Não sabiam que responder-Lhe. Voltou terceira vez, e disse-lhes: «Dormi agora e descansai. Basta!, é chegada a hora; eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos; eis que se aproxima o que Me há-de entregar». Ainda falava, quando chega Judas Iscariotes, um dos doze, e com ele muita gente armada de espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes, pelos escribas e pelos anciãos. O traidor tinha-lhes dado um sinal dizendo: «Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-O e levai-O com cuidado». Logo que chegou, aproximando-se imediatamente de Jesus, disse-Lhe: «Mestre!», e beijou-O. Então eles lançaram-Lhe as mãos e prenderam-n'O. Um dos presentes, tirando a espada, feriu um servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha. Jesus tomando a palavra, disse-lhes: «Como se Eu fosse um ladrão viestes prender-Me com espadas e varapaus? Todos os dias estava entre vós ensinando no templo e não Me prendestes. Mas isto acontece para que se cumpram as Escrituras». Então, os discípulos, abandonando-O, fugiram todos. Um jovem seguia Jesus coberto somente com um lençol e prenderam-no. Mas ele, largando o lençol, escapou-se-lhes nu. Levaram Jesus ao sumo sacerdote e juntaram-se todos os príncipes dos sacerdotes, os anciãos e os escribas. Pedro foi-O seguindo de longe, até dentro do pátio do sumo sacerdote. Estava sentado ao fogo com os criados, e aquecia-se. Os príncipes dos sacerdotes e todo o conselho buscavam algum testemunho contra Jesus, para O fazerem morrer, e não o encontravam. Muitos depunham falsamente contra Ele, mas não concordavam os seus depoimentos. Levantaram-se uns que depunham falsamente contra Ele, dizendo: «Nós ouvimo-l'O dizer: “Destruirei este templo, feito pela mão do homem, e em três dias edificarei outro, que não será feito pela mão do homem”». Porém, nem estes testemunhos eram concordes. Então, levantando-se do meio da assembleia o sumo sacerdote, interrogou Jesus, dizendo: «Não respondes nada ao que estes depõem contra Ti?». Ele, porém, estava em silêncio e nada respondeu. Interrogou-O de novo o sumo sacerdote e disse-Lhe: «És Tu o Cristo, o Filho de Deus bendito?». Jesus respondeu: «Eu sou, e vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do céu». Então, o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: «Que necessidade temos de mais testemunhas? Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?». E todos O condenaram como réu de morte. Então começaram alguns a cuspir-Lhe, a cobrir-Lhe o rosto e a dar-Lhe murros, dizendo-Lhe: «Profetiza!». Os criados receberam-n'O a bofetadas. Entretanto, estando Pedro em baixo no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote. Vendo Pedro, que se aquecia, encarando-o disse: «Tu também estavas com Jesus Nazareno». Mas ele negou: «Não sei, nem compreendo o que dizes». E saiu para fora, para a entrada do pátio, e o galo cantou. Tendo-o visto a criada, começou novamente a dizer aos que estavam presentes: «Este é daqueles». Mas ele o negou de novo. Pouco depois, os que ali estavam presentes diziam de novo a Pedro: «Verdadeiramente tu és um deles, porque também és galileu». Ele começou a fazer imprecações e a jurar: «Não conheço esse homem de quem falais». Imediatamente cantou o galo segunda vez. Pedro lembrou-se da palavra que Jesus tinha dito: «Antes que o galo cante duas vezes, Me negarás três». E começou a chorar. Logo pela manhã, os príncipes dos sacerdotes tiveram conselho com os anciãos, os escribas e todo o Sinédrio. Manietando Jesus, O levaram e entregaram a Pilatos. Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos Judeus?». Ele respondeu: «Tu o dizes». Os príncipes dos sacerdotes acusavam-n'O de muitas coisas. Pilatos interrogou-O novamente: «Não respondes coisa alguma? Vê de quantas coisas Te acusam». Mas Jesus não respondeu mais nada, de forma que Pilatos estava admirado. Ora ele costumava, pela Páscoa, soltar-lhes um dos presos que eles pedissem. Havia um, chamado Barrabás - que estava preso com outros sediciosos - que, num motim, tinha cometido um homicídio. Juntando-se o povo começou a pedir o indulto que sempre lhes concedia. Pilatos respondeu-lhes: «Quereis que vos solte o Rei dos Judeus?». Porque sabia que os príncipes dos sacerdotes O tinham entregue por inveja. Porém, os príncipes dos sacerdotes incitaram o povo a que pedisse antes a liberdade de Barrabás. Pilatos falando outra vez, disse-lhes: «Que hei-de fazer, então, d'Aquele que vós chamais o Rei dos Judeus?». Eles tornaram a gritar: «Crucifica-O!». Pilatos, porém, dizia-lhes: «Que mal fez Ele?». Mas eles cada vez gritavam mais: «Crucifica-O!». Então Pilatos, querendo satisfazer o povo, soltou-lhes Barrabás. Depois de fazer açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado. Os soldados conduziram-n'O ao interior do átrio, isto é, o Pretório, e ali juntaram toda a coorte. Revestiram-n'O de púrpura e cingiram-Lhe a cabeça com uma coroa entretecida de espinhos. E começaram a saudá-l'O: «Salve, Rei dos Judeus!». E davam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe no rosto, e, pondo-se de joelhos, faziam-Lhe reverências. Depois de O terem escarnecido, despojaram-n'O da púrpura, vestiram-Lhe os Seus vestidos e levaram-n'O para O crucificar. Obrigaram um certo homem que ia a passar, Simão de Cirene, que vinha do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a levar a cruz. Conduziram-n'O ao lugar do Gólgota, que quer dizer lugar do Crânio. Davam-Lhe a beber vinho misturado com mirra, mas Ele não o tomou. Tendo-O crucificado, dividiram os Seus vestidos, lançando sortes sobre eles, para ver que parte cada um levaria. Era a hora tércia quando O crucificaram. A causa da Sua condenação estava escrita nesta inscrição: «O Rei dos Judeus». Com Ele crucificaram dois ladrões, um à direita, e outro à esquerda. Omitido pela Neo-Vulgata. Os que passavam blasfemavam, abanando a cabeça e dizendo: «Ah! Tu, que destróis o templo de Deus e o reedificas em três dias, salva-Te a Ti mesmo descendo da cruz». Do mesmo modo, escarnecendo-O os príncipes dos sacerdotes e os escribas, diziam entre si: «Salvou os outros, e não Se pode salvar a Si mesmo. O Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz para que vejamos e acreditemos». Também os que tinham sido crucificados com Ele O insultavam. Chegando a hora sexta, toda a terra se cobriu de trevas até à hora nona. E, à hora nona, exclamou Jesus em alta voz: «Eli, Eli, lemá sabachtani?». Que quer dizer: «Meu Deus, Meu Deus, porque me desamparaste?». Ouvindo isto, alguns dos presentes diziam: «Eis que chama por Elias». Correndo um e ensopando uma esponja em vinagre e atando-a a uma cana, dava-Lhe de beber, dizendo: «Deixai, vejamos se Elias vem tirá-l'O». Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. O véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. O centurião, que estava em frente d'Ele, vendo que Jesus expirara dando este brado, disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus». Encontravam-se ali também algumas mulheres olhando de longe, entre as quais estava Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, as quais já O seguiam e serviam quando Ele estava na Galileia, e muitas outras que, juntamente com Ele, tinham subido a Jerusalém. Ao cair da tarde, pois era a Preparação, isto é, a véspera do sábado, chegou José de Arimateia, membro ilustre do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus. Apresentou-se corajosamente a Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos admirou-se que já estivesse morto; mandando chamar o centurião, perguntou-lhe se já estava morto. Informado pelo centurião, deu o corpo a José. José, tendo comprado um lençol e tirando-O da cruz, envolveu-O no lençol, depositou-O num sepulcro, que estava aberto na rocha, e rolou uma pedra para diante da entrada do sepulcro. Entretanto Maria Madalena e Maria, mãe de José, estavam observando onde era depositado.
Mc 14, 1-72.15, 1-47
Mc 14, 1-72.15, 1-47
«Jesus devia morrer [...] não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos»
São Prospério da Aquitânia (?-c. 460), teólogo leigo
O apelo de todos os povos, 9
São Paulo afirma: «Nestes dias que são os últimos, Deus falou-nos por Seu Filho, a quem considerou como herdeiro de todas as coisas» (He 1,2). Não quer esta frase dizer que o Pai considerou que todos os homens fazem parte da herança de Cristo? Ela é conforme à profecia de David: «Pede-Me e Eu te darei as nações por herança, e por domínio as extremidades da terra» (Sl 2,8).
O próprio Senhor declara: «Uma vez elevado da terra, atrairei tudo a Mim» (Jo 12,32). Não é a conversão de todos que parece sera qui prometida? Noutra passagem, encontramos uma profecia sobre a Igreja: «Todo o vale será preenchido, toda a montanha e toda a colina serão baixadas, os lugares acidentados serão aplanados e as escarpas transformadas em grandes vales» (Is 40,4): haverá alguém que pareça aqui esquecido, que não seja aqui designado como sujeito de Cristo? E que pensar quando lemos: «Toda a carne virá prosternar-se diante da Minha face, para que Me adorem em Jerusalém, diz o Senhor» (Is 66,23)? [...]
A expressão «povo de Deus» deve ser tomada em toda a sua plenitude. E, se bem que a maioria dos homens recuse ou negligencie a graça do Salvador, é o conjunto que é designado pelas palavras «eleitos» e «predestinados». [...] O Apóstolo São Paulo também diz: «Nós proclamamos a Jesus Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos, mas potência de Deus e sabedoria de Deus» (1Co 1,23-24). Cristo será «potência» e «sabedoria» de Deus para os mesmos homens para os quais é «escândalo» e «loucura»? De facto, porque alguns são salvos graças à sua fé, enquanto outros são endurecidos na impiedade, o Apóstolo juntou os fiéis e os infiéis sob o termo general de «chamados», mostrando assim que aqueles a quem chamava pagãos se tornaram estranhos ao chamamento de Deus, apesar de terem ouvido o Evangelho.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O apelo de todos os povos, 9
São Paulo afirma: «Nestes dias que são os últimos, Deus falou-nos por Seu Filho, a quem considerou como herdeiro de todas as coisas» (He 1,2). Não quer esta frase dizer que o Pai considerou que todos os homens fazem parte da herança de Cristo? Ela é conforme à profecia de David: «Pede-Me e Eu te darei as nações por herança, e por domínio as extremidades da terra» (Sl 2,8).
O próprio Senhor declara: «Uma vez elevado da terra, atrairei tudo a Mim» (Jo 12,32). Não é a conversão de todos que parece sera qui prometida? Noutra passagem, encontramos uma profecia sobre a Igreja: «Todo o vale será preenchido, toda a montanha e toda a colina serão baixadas, os lugares acidentados serão aplanados e as escarpas transformadas em grandes vales» (Is 40,4): haverá alguém que pareça aqui esquecido, que não seja aqui designado como sujeito de Cristo? E que pensar quando lemos: «Toda a carne virá prosternar-se diante da Minha face, para que Me adorem em Jerusalém, diz o Senhor» (Is 66,23)? [...]
A expressão «povo de Deus» deve ser tomada em toda a sua plenitude. E, se bem que a maioria dos homens recuse ou negligencie a graça do Salvador, é o conjunto que é designado pelas palavras «eleitos» e «predestinados». [...] O Apóstolo São Paulo também diz: «Nós proclamamos a Jesus Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos, mas potência de Deus e sabedoria de Deus» (1Co 1,23-24). Cristo será «potência» e «sabedoria» de Deus para os mesmos homens para os quais é «escândalo» e «loucura»? De facto, porque alguns são salvos graças à sua fé, enquanto outros são endurecidos na impiedade, o Apóstolo juntou os fiéis e os infiéis sob o termo general de «chamados», mostrando assim que aqueles a quem chamava pagãos se tornaram estranhos ao chamamento de Deus, apesar de terem ouvido o Evangelho.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
S. Josemaría Escrivá nesta data em 1935
Deixa reservado o Santíssimo Sacramento na residência de estudantes da rua de Ferraz. Dois dias depois escreve agradecido: “Celebrou-se a Santa Missa, no Oratório desta Casa, e ficou Sua Divina Majestade Reservado, realizando plenamente os desejos de tantos anos (desde 1928)”.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
Somos todos chamados a ter Alma Sacerdotal
(Sermão 4, 1 - São Leão Magno)
A partir desse dia, resolveram dar-lhe a morte
São Roberto Belarmino (1542-1621), jesuita, bispo e Doutor da Igreja
A ascensão da alma para Deus
Ó Senhor, aquilo que nos ensinas poderia parecer excessivamente difícil, excessivamente pesado, se nos falasses de outra tribuna; mas, dado que nos instruis mais pelo exemplo que pela palavra, Tu que és «Mestre e Senhor» (Jo 13, 14), como ousaremos dizer o contrário, nós que somos Teus servos e Teus discípulos? Aquilo que dizes é perfeitamente verdadeiro, aquilo que ordenas perfeitamente justo, e a cruz de onde nos falas o atesta. Atesta-o igualmente o sangue que corre a jorros e que brada ao céu (Gn4, 10), e por fim, também esta morte: se por ela se rasgou o véu do templo e se abriram fendas nas mais duras rochas (Mt 27, 51), como não fará o mesmo, e mais ainda, ao coração dos crentes, levando-os a submeter-se?
Senhor, queremos pagar-Te amor com amor; e, se o desejo de Te seguir não procede ainda do nosso amor a Ti, porque este é fraco, que proceda ao menos do nosso amor ao Teu amor. Se nos atrais a Ti, «corremos ao odor do Teu perfume» (Ct 1, 4): não desejamos apenas amar-Te e seguir-Te, mas estamos decididos a desprezar este mundo [...] quando vemos que Tu, o nosso mestre, não tomaste para Ti as alegrias deste mundo. Vemos-Te afrontar a morte, não numa cama, mas no lenho que faz justiça; sendo rei, não queres outro trono senão este patíbulo. [...] Movidos pelo Teu exemplo de rei cheio de sabedoria, recusamos o apelo deste mundo e dos seus luxos e, tomando a Tua cruz sobre os nossos ombros, propomo-nos seguir-Te, só a Ti. [...] Dá-nos somente a ajuda de que precisamos, dá-nos força para Te seguirmos.
A ascensão da alma para Deus
Ó Senhor, aquilo que nos ensinas poderia parecer excessivamente difícil, excessivamente pesado, se nos falasses de outra tribuna; mas, dado que nos instruis mais pelo exemplo que pela palavra, Tu que és «Mestre e Senhor» (Jo 13, 14), como ousaremos dizer o contrário, nós que somos Teus servos e Teus discípulos? Aquilo que dizes é perfeitamente verdadeiro, aquilo que ordenas perfeitamente justo, e a cruz de onde nos falas o atesta. Atesta-o igualmente o sangue que corre a jorros e que brada ao céu (Gn4, 10), e por fim, também esta morte: se por ela se rasgou o véu do templo e se abriram fendas nas mais duras rochas (Mt 27, 51), como não fará o mesmo, e mais ainda, ao coração dos crentes, levando-os a submeter-se?
Senhor, queremos pagar-Te amor com amor; e, se o desejo de Te seguir não procede ainda do nosso amor a Ti, porque este é fraco, que proceda ao menos do nosso amor ao Teu amor. Se nos atrais a Ti, «corremos ao odor do Teu perfume» (Ct 1, 4): não desejamos apenas amar-Te e seguir-Te, mas estamos decididos a desprezar este mundo [...] quando vemos que Tu, o nosso mestre, não tomaste para Ti as alegrias deste mundo. Vemos-Te afrontar a morte, não numa cama, mas no lenho que faz justiça; sendo rei, não queres outro trono senão este patíbulo. [...] Movidos pelo Teu exemplo de rei cheio de sabedoria, recusamos o apelo deste mundo e dos seus luxos e, tomando a Tua cruz sobre os nossos ombros, propomo-nos seguir-Te, só a Ti. [...] Dá-nos somente a ajuda de que precisamos, dá-nos força para Te seguirmos.
O Evangelho do dia 31 de Março de 2012
Então, muitos dos judeus que tinham ido visitar Maria e Marta, vendo o que Jesus fizera, acreditaram n'Ele. Porém, alguns deles foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. Os pontífices e os fariseus reuniram-se então em conselho e disseram: «Que fazemos, já que Este homem faz muitos milagres? Se O deixamos proceder assim, todos acreditarão n'Ele; e virão os romanos e destruirão a nossa cidade e a nossa nação!». Mas um deles, chamado Caifás, que era o Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada, nem considerais que vos convém que morra um homem pelo povo e que não pereça toda a nação!». Ora ele não disse isto por si mesmo, mas, como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para unir num só corpo os filhos de Deus dispersos. Desde aquele dia tomaram a resolução de O matar. Jesus, pois, já não andava em público entre os judeus, mas retirou-Se para uma terra vizinha do deserto, para a cidade chamada Efraim e lá esteve com os Seus discípulos. Estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da Páscoa para se purificarem. Procuravam Jesus e diziam uns para os outros, estando no templo: «Que vos parece, não virá Ele à festa?».
Jo 11, 45-56
Jo 11, 45-56
sexta-feira, 30 de março de 2012
Amar a Cristo...
Senhor Jesus, enviaste dois sacerdotes para a Missa de corpo presente de um ente querido, poderíamos ser levados a julgar esta dupla presença como normal, mas não o é, e Tu sabe-lo bem, pois falamos de uma pequena cidade no interior profundo do Baixo Alentejo em que devido à falta de vocações ambos os sacerdotes têm de se desmultiplicar por muitas freguesias e estão consequentemente sobrecarregados.
Como o fazes sempre, porque de facto sois o Bom Pastor, para esta Tua boa e devota filha quiseste a abundância e inspiraste o padre que proferiu a homilia, na qual invocou com detalhe o percurso de vida exemplar e cristão da defunta.
Querido Jesus, se dúvidas houvesse do Teu amor e carinho por todos nós, este exemplo é bem demonstrativo da Tua compaixão para com os Teus filhos.
Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor Jesus, Rei da eterna glória!
JPR
Imitação de Cristo, 1, 19, 2
A medida da nossa resolução será nosso progresso, e grande solicitude exige o sério aproveitamento. Se aquele que toma enérgicas resoluções tantas vezes cai, que será daquele que as toma raramente ou menos firmemente propõe? Sucede, porém, de vários modos deixarmos o nosso propósito; e raras vezes passa sem dano qualquer leve omissão de nossos exercícios. O propósito dos justos mais se firma na graça de Deus, que em sua própria sabedoria; nela confiam sempre, em qualquer empreendimento. Porque o homem propõe, mas Deus dispõe, e não está na mão do homem o seu caminho (Jer 10,23).
I. Quando, por motivo de piedade ou proveito do próximo, se deixa alguma vez o costumado exercício, fácil é reparar
II. depois essa falta; omiti-lo, porém, facilmente, por enfado ou negligência, já é bastante culpável, e sentir-se-á o prejuízo. Esforcemo-nos quanto pudermos, ainda assim cairemos em muitas faltas; contudo, devemos sempre fazer um propósito determinado, mormente contra os principais obstáculos do nosso progresso espiritual. Devemos examinar e ordenar tanto o interior como o exterior, porque ambos importam ao nosso aproveitamento.
I. Quando, por motivo de piedade ou proveito do próximo, se deixa alguma vez o costumado exercício, fácil é reparar
II. depois essa falta; omiti-lo, porém, facilmente, por enfado ou negligência, já é bastante culpável, e sentir-se-á o prejuízo. Esforcemo-nos quanto pudermos, ainda assim cairemos em muitas faltas; contudo, devemos sempre fazer um propósito determinado, mormente contra os principais obstáculos do nosso progresso espiritual. Devemos examinar e ordenar tanto o interior como o exterior, porque ambos importam ao nosso aproveitamento.
Tantos anos a lutar...
Surgiram nuvens negras de falta de vontade, de perda de entusiasmo. Caíram aguaceiros de tristeza, com a clara sensação de te encontrares atado. E, como remate, vieram os desânimos, que nascem de uma realidade mais ou menos objectiva: tantos anos a lutar... e ainda estás tão atrasado, tão longe! Tudo isso é necessário, e Deus conta com isso. Para conseguirmos o "gaudium cum pace" – a paz e a alegria verdadeiras – havemos de acrescentar à certeza da nossa filiação divina, que nos enche de optimismo, o reconhecimento da nossa própria fraqueza pessoal. (São Josemaría Escrivá - Sulco, 78)
Mesmo nos momentos em que percebemos mais profundamente a nossa limitação, podemos e devemos olhar para Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, sabendo-nos participantes da vida divina. Nunca existe razão suficiente para voltarmos atrás: o Senhor está ao nosso lado. Temos que ser fiéis, leais, encarar as nossas obrigações, encontrando em Jesus o amor e o estímulo para compreender os erros dos outros e superar os nossos próprios erros. Assim, todos esses desalentos – os teus, os meus, os de todos os homens – servem também de suporte ao reino de Cristo.
Reconheçamos as nossas fraquezas, mas confessemos o poder de Deus. O optimismo, a alegria, a convicção firme de que o Senhor quer servir-se de nós têm de informar a vida cristã. Se nos sentirmos parte dessa Igreja Santa, se nos considerarmos sustentados pela rocha firme de Pedro e pela acção do Espírito Santo, decidir-nos-emos a cumprir o pequeno dever de cada instante: semear todos os dias um pouco. E a colheita fará transbordar os celeiros. (São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 160)
Mesmo nos momentos em que percebemos mais profundamente a nossa limitação, podemos e devemos olhar para Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, sabendo-nos participantes da vida divina. Nunca existe razão suficiente para voltarmos atrás: o Senhor está ao nosso lado. Temos que ser fiéis, leais, encarar as nossas obrigações, encontrando em Jesus o amor e o estímulo para compreender os erros dos outros e superar os nossos próprios erros. Assim, todos esses desalentos – os teus, os meus, os de todos os homens – servem também de suporte ao reino de Cristo.
Reconheçamos as nossas fraquezas, mas confessemos o poder de Deus. O optimismo, a alegria, a convicção firme de que o Senhor quer servir-se de nós têm de informar a vida cristã. Se nos sentirmos parte dessa Igreja Santa, se nos considerarmos sustentados pela rocha firme de Pedro e pela acção do Espírito Santo, decidir-nos-emos a cumprir o pequeno dever de cada instante: semear todos os dias um pouco. E a colheita fará transbordar os celeiros. (São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 160)
Presença maior - de Aura Miguel
Foto de Juan Barreto AFP |
Até agora, México e Cuba eram dois países profundamente ligados às históricas viagens de João Paulo II. Não seria, pois, de espantar se o acolhimento ao novo Papa tivesse sido menos caloroso. Mas não: Bento XVI – apesar de mais velho e menos carismático – foi também recebido de braços abertos, tal como aconteceu com João Paulo II.
E este é o ponto. É que, na verdade, quer um quer outro foram ao México e a Cuba em nome de Cristo, o Senhor da História.
Por isso, o acontecimento da sua presença é independente da idade ou maneira de ser, porque remete para outra presença ainda maior. Que os mexicanos e os cubanos souberam reconhecer.
Aura Miguel in RR online
É poderosa a misericórdia do Senhor
«São mais do que podíamos esperar [os semeadores de confusão], e onde não são combatidos seduzem outros e engrossa-se a seita, de modo que não sei onde vão a terminar. Eu prefiro curá-los dentro do organismo da Igreja antes que amputá-los desse organismo como membros incuráveis, a não ser que urja a necessidade; porque também há que temer que por perdoar o apodrecido apodreçam muitos outros, contudo é poderosa a misericórdia do Senhor e pode livrá-los dessa peste»
(Epístola 137, 23,22 - Santo Agostinho)
(Epístola 137, 23,22 - Santo Agostinho)
S. Josemaría Escrivá nesta data em 1925
Às 10.30 da manhã celebra a sua primeira Missa na capela da Virgem do Pilar, em Saragoça (Espanha), em sufrágio pela alma de seu pai, falecido havia poucos meses: “Na Santa capela, perante uma mão-cheia de pessoas, celebrei sem dar nas vistas a minha Missa Nova”. É a Segunda-feira anterior à Semana Santa desse ano.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
”abri no deserto um caminho para o Senhor”
Para as populações desfalecidas pela miséria e pela fome, pelas multidões de refugiados, por todos aqueles que sofrem graves e sistemáticas violações dos seus direitos, a Igreja propõe-se como sentinela no monte elevado da fé e anuncia: Eis o vosso Deus. Eis que o Senhor Deus vem com fortaleza.
Este anúncio profético realizou-se em Jesus Cristo. Ele com a sua pregação e depois com a sua morte e ressurreição, levou a cumprimento as antigas promessas, revelando uma perspectiva mais profunda e universal. Inaugurou um êxodo já não só terreno, histórico, e como tal provisório, mas radical e definitivo: a passagem do reino do mal ao reino de Deus, do domínio do pecado e da morte ao domínio do amor e da vida.
E se a esperança cristã vai para além da legítima expectativa acerca de uma libertação social e politica, porque aquilo que Jesus iniciou é uma humanidade nova, que vem de Deus, a situação contingente na qual vivemos está contudo confiada á nossa responsabilidade. De facto o anúncio cristão germina nesta nossa terra, na medida em que ela se deixa fecundar pelo Espírito do Senhor.
(Bento XVI - Angelus de 07.12.2008)
Este anúncio profético realizou-se em Jesus Cristo. Ele com a sua pregação e depois com a sua morte e ressurreição, levou a cumprimento as antigas promessas, revelando uma perspectiva mais profunda e universal. Inaugurou um êxodo já não só terreno, histórico, e como tal provisório, mas radical e definitivo: a passagem do reino do mal ao reino de Deus, do domínio do pecado e da morte ao domínio do amor e da vida.
E se a esperança cristã vai para além da legítima expectativa acerca de uma libertação social e politica, porque aquilo que Jesus iniciou é uma humanidade nova, que vem de Deus, a situação contingente na qual vivemos está contudo confiada á nossa responsabilidade. De facto o anúncio cristão germina nesta nossa terra, na medida em que ela se deixa fecundar pelo Espírito do Senhor.
(Bento XVI - Angelus de 07.12.2008)
Cristo deu a vida pelos Seus inimigos
São Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir
Tratado sobre a Paixão, Cristo amou-os até ao fim, 1ª homilia
Meditemos profundamente sobre o amor de Cristo, nosso Salvador, que «amou os Seus até ao fim» (Jo 13, 1), a ponto de, para seu bem, ter voluntariamente sofrido uma morte dolorosa, manifestando assim o maior amor possível. Porque Ele próprio tinha dito: «Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos» (Jo 15, 13). Sim, é sem dúvida esse o maior amor que alguém jamais manifestou; e contudo, o nosso Salvador deu prova de um amor ainda maior, porque o fez tanto pelos amigos como pelos inimigos.
Que diferença entre este amor fiel e as outras formas de amor, falso e inconstante, que encontramos no nosso pobre mundo! [...] Quem terá a certeza de, na adversidade, continuar a ter muitos amigos, quando o próprio Salvador, quando foi preso, ficou só, abandonado pelos Seus? Quando vos fordes embora, quem quererá ir convosco? Se fôsseis rei, o vosso reino não vos deixaria partir só, esquecendo-vos sem demora? A vossa própria família não vos deixaria partir, qual pobre alma abandonada que não sabe para onde vai?
Aprendamos, pois, a amar em todo o tempo como temos o dever de amar: a Deus acima de todas as coisas, e a todas as coisas por causa Dele. Porque todo o amor que não se orienta para este fim – ou seja, para a vontade de Deus – é um amor completamente vão e estéril. Qualquer amor que devotemos a um ser criado que enfraqueça o nosso amor a Deus é um amor detestável e um obstáculo ao nosso caminho para o céu. [...] Assim pois, uma vez que Nosso Senhor nos amou tanto pela nossa salvação, imploremos-Lhe assiduamente a Sua graça, não vá acontecer que, em comparação com o Seu grande amor, nos encontremos cheios de ingratidão.
Tratado sobre a Paixão, Cristo amou-os até ao fim, 1ª homilia
Meditemos profundamente sobre o amor de Cristo, nosso Salvador, que «amou os Seus até ao fim» (Jo 13, 1), a ponto de, para seu bem, ter voluntariamente sofrido uma morte dolorosa, manifestando assim o maior amor possível. Porque Ele próprio tinha dito: «Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos» (Jo 15, 13). Sim, é sem dúvida esse o maior amor que alguém jamais manifestou; e contudo, o nosso Salvador deu prova de um amor ainda maior, porque o fez tanto pelos amigos como pelos inimigos.
Que diferença entre este amor fiel e as outras formas de amor, falso e inconstante, que encontramos no nosso pobre mundo! [...] Quem terá a certeza de, na adversidade, continuar a ter muitos amigos, quando o próprio Salvador, quando foi preso, ficou só, abandonado pelos Seus? Quando vos fordes embora, quem quererá ir convosco? Se fôsseis rei, o vosso reino não vos deixaria partir só, esquecendo-vos sem demora? A vossa própria família não vos deixaria partir, qual pobre alma abandonada que não sabe para onde vai?
Aprendamos, pois, a amar em todo o tempo como temos o dever de amar: a Deus acima de todas as coisas, e a todas as coisas por causa Dele. Porque todo o amor que não se orienta para este fim – ou seja, para a vontade de Deus – é um amor completamente vão e estéril. Qualquer amor que devotemos a um ser criado que enfraqueça o nosso amor a Deus é um amor detestável e um obstáculo ao nosso caminho para o céu. [...] Assim pois, uma vez que Nosso Senhor nos amou tanto pela nossa salvação, imploremos-Lhe assiduamente a Sua graça, não vá acontecer que, em comparação com o Seu grande amor, nos encontremos cheios de ingratidão.
«Está escrito na vossa Lei: 'Eu disse: vós sois deuses'»
Bem-aventurado João Paulo II
Audiência Geral 6/12/79
«Deus disse: façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança» (Gn 1,26). Como se o Criador entrasse em Si mesmo; como se, criando, não chamasse apenas do nada à existência dizendo: «Faça-se!», mas, de uma maneira particular, tirasse o homem do mistério do Seu próprio ser. E é compreensível que assim fosse, porque não se tratava somente do ser, mas da imagem. A imagem deve reflectir; deve reproduzir, em certo sentido, a substância do seu protótipo. [...] É evidente que esta semelhança não deve ser entendida como um «retrato», mas como o facto de este ser vivo ter uma vida semelhante à de Deus. [...]
Definindo o homem como «imagem de Deus», o livro do Génesis mostra aquilo pelo qual o homem é homem, aquilo pelo qual é um ser distinto de todas as outras criaturas do mundo visível. A ciência, sabemo-lo, fez e continua a fazer, nos diferentes domínios, numerosas tentativas para mostrar as ligações do homem com o mundo natural, para mostrar a sua dependência deste mundo, a fim de o inserir na história da evolução das diferentes espécies.
Respeitando totalmente essas investigações, não nos podemos limitar a elas. Se analisarmos o homem no mais profundo do seu ser, veremos que ele é mais diferente do que semelhante ao mundo da natureza. É igualmente neste sentido que procedem a antropologia e a filosofia, quando procuram analisar e compreender a inteligência, a liberdade, a consciência e a espiritualidade do homem. O livro do Génesis parece ir à frente de todas estas experiências da ciência e, ao dizer do homem que ele é «imagem de Deus», faz-nos compreender que a resposta ao mistério da sua humanidade não deve ser procurada na sua semelhança com o mundo da natureza. O homem assemelha-se mais a Deus que à natureza. É neste sentido que o salmo diz: «Vós sois deuses!» (Sl 82,6), palavras que Jesus retomará.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Audiência Geral 6/12/79
«Deus disse: façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança» (Gn 1,26). Como se o Criador entrasse em Si mesmo; como se, criando, não chamasse apenas do nada à existência dizendo: «Faça-se!», mas, de uma maneira particular, tirasse o homem do mistério do Seu próprio ser. E é compreensível que assim fosse, porque não se tratava somente do ser, mas da imagem. A imagem deve reflectir; deve reproduzir, em certo sentido, a substância do seu protótipo. [...] É evidente que esta semelhança não deve ser entendida como um «retrato», mas como o facto de este ser vivo ter uma vida semelhante à de Deus. [...]
Definindo o homem como «imagem de Deus», o livro do Génesis mostra aquilo pelo qual o homem é homem, aquilo pelo qual é um ser distinto de todas as outras criaturas do mundo visível. A ciência, sabemo-lo, fez e continua a fazer, nos diferentes domínios, numerosas tentativas para mostrar as ligações do homem com o mundo natural, para mostrar a sua dependência deste mundo, a fim de o inserir na história da evolução das diferentes espécies.
Respeitando totalmente essas investigações, não nos podemos limitar a elas. Se analisarmos o homem no mais profundo do seu ser, veremos que ele é mais diferente do que semelhante ao mundo da natureza. É igualmente neste sentido que procedem a antropologia e a filosofia, quando procuram analisar e compreender a inteligência, a liberdade, a consciência e a espiritualidade do homem. O livro do Génesis parece ir à frente de todas estas experiências da ciência e, ao dizer do homem que ele é «imagem de Deus», faz-nos compreender que a resposta ao mistério da sua humanidade não deve ser procurada na sua semelhança com o mundo da natureza. O homem assemelha-se mais a Deus que à natureza. É neste sentido que o salmo diz: «Vós sois deuses!» (Sl 82,6), palavras que Jesus retomará.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 30 de Março de 2012
Os judeus, então, pegaram em pedras para O apedrejarem. Jesus disse-lhes: «Tenho-vos mostrado muitas obras boas que fiz por virtude de Meu Pai; por qual destas obras Me apedrejais?». Os judeus responderam-Lhe: «Não é por causa de nenhuma obra boa que Te apedrejamos, mas pela blasfémia, porque sendo homem, Te fazes Deus». Jesus respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: “Eu disse: Vós sois deuses”? Se ela chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada, a Mim, a Quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Tu blasfemas!, por Eu ter dito: Sou Filho de Deus? Se Eu não faço as obras de Meu Pai, não Me acrediteis; mas se as faço, mesmo que não queirais crer em Mim, crede nas Minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim, e Eu no Pai». Então os judeus procuravam novamente prendê-l'O, mas Ele escapou-Se das suas mãos. Retirou-Se novamente para o outro lado do Jordão, para o lugar em que João tinha começado a baptizar; e ficou lá. Foram muitos ter com Ele e diziam: «João não fez nenhum milagre, mas tudo o que disse d'Este era verdade». E muitos acreditaram n'Ele.
Jo 10, 31-42
Jo 10, 31-42
quinta-feira, 29 de março de 2012
Amar a Cristo...
Querido Jesus, dás-nos sempre algo para Te estarmos gratos, das mais simples que quase nos passam desapercebidas às mais óbvias, mas nem sempre somos lestos a agradecer-Te.
Temos família natural que muito amamos, mais ainda quando estamos anos sem nos ver ou quando nos despedimos conscientes, que salvo situações excepcionais, não nos voltaremos a ver nos próximos anos, mas que graças às novas tecnologias feitas pela mão dos homens, que são obras Tuas, estamos em contacto permanente, ainda assim, nunca nos damos como satisfeitos e ambicionamos sempre a mais e melhor.
Senhor Jesus, concede-nos a humildade da gratidão por tudo o que nos ofereces e o dom de Te louvarmos e amarmos sem limites.
Grande e admiráveis são as vossas obras, Senhor!
JPR
Ao preencher o seu IRS, pense FAMÍLIA!
Caros amigos
Vimos informar que
através da vossa consignação e do vosso esforço no ano passado a Associação
Familia e Sociedade recebeu 3.729,14€.
Porque o vosso apoio É
essencial para que possamos continuar o que nos propomos, voltamos a propor
que:
- ao preencher a vossa
declaração de IRS se lembrem de nós (NIPC 506858049)
- em anexo segue uma
folha que podem fotocopiar e entregar a pessoas amigas que também partilhem dos
nosso valores. (pedindo que nos apoiem através da declaração de IRS)
Muito obrigada
Ao
preencher o seu IRS, pense FAMÍLIA !!!
Já
pensou que,
segundo a Lei 16/2001, pode ajudar com 0,5%
do seu IRS uma Instituição de
Solidariedade Social da sua escolha?
Isto, sem
encargos nenhuns da sua parte?
Apoie a Associação Família e Sociedade!
A Associação Família e Sociedade é uma IPSS que trabalha
em apoio e defesa da família, nomeadamente:
·
na divulgação dos métodos de regulação natural da fertilidade,
para conseguir ou evitar uma gravidez
·
na formação para pais, professores e adolescentes em
educação da sexualidade.
Para
tal, basta-lhe preencher no anexo H, quadro 9, com o nosso NIPC 506858049.
Imitação de Cristo, 1, 19, 1
A vida do bom religioso deve ser ornada de todas as virtudes, para que corresponda o interior ao que por fora vêem os homens; e com razão, ainda mais perfeito deve ser no interior do que por fora parece, pois lá penetra o olhar perscrutador de Deus, a quem devemos suma reverência, em qualquer lugar onde estivermos, e em cuja presença devemos andar com pureza Angélica. Cada dia devemos renovar nosso propósito e exercitar-nos a maior fervor, como se esse fosse o primeiro dia de nossa conversão, dizendo: Confortai-me, Senhor, meu Deus, no bom propósito e em vosso santo serviço; concedei-me começar hoje deveras, pois nada é o que até aqui tenho feito.
Não te assustes ao veres-te tal como és
Não necessito de milagres; bastam-me os que há na Escritura. – Pelo contrário, faz-me falta o teu cumprimento do dever, a tua correspondência à graça. (São Josemaría Escrivá - Caminho, 362)
Repitamos com a palavra e com as obras: Senhor, confio em Ti, basta-me a tua providência ordinária, a tua ajuda de cada dia. Não temos por que pedir a Deus grandes milagres. Temos de lhe suplicar, pelo contrário, que aumente a nossa fé, que ilumine a nossa inteligência, que fortaleça a nossa vontade. Jesus está sempre junto de nós e permanece fiel.
Desde o começo da minha pregação, preveni-vos contra um falso endeusamento. Não te assustes ao veres-te tal como és: assim, feito de barro. Não te preocupes. Porque, tu e eu somos filhos de Deus, – este é o endeusamento bom – escolhidos desde a eternidade, com uma vocação divina: escolheu-nos o Pai, por Jesus Cristo, antes da criação do mundo, para que sejamos santos diante dele. Nós, que somos especialmente de Deus, seus instrumentos apesar da nossa pobre miséria pessoal, seremos eficazes se não perdermos o conhecimento da nossa fraqueza. As tentações dão-nos a dimensão da nossa própria fraqueza.
Se sentimos desalento ao experimentar – talvez de um modo particularmente vivo – a nossa mesquinhez, é o momento de nos abandonarmos por completo, com docilidade, nas mãos de Deus. Conta-se que, certo dia, um mendigo saiu ao encontro de Alexandre Magno, pedindo uma esmola. Alexandre parou e ordenou que o fizessem senhor de cinco cidades. O pobre, confundido e atordoado, exclamou: eu não pedia tanto! E Alexandre respondeu: tu pediste como quem és; eu dou-te como quem sou. (São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 160)
Repitamos com a palavra e com as obras: Senhor, confio em Ti, basta-me a tua providência ordinária, a tua ajuda de cada dia. Não temos por que pedir a Deus grandes milagres. Temos de lhe suplicar, pelo contrário, que aumente a nossa fé, que ilumine a nossa inteligência, que fortaleça a nossa vontade. Jesus está sempre junto de nós e permanece fiel.
Desde o começo da minha pregação, preveni-vos contra um falso endeusamento. Não te assustes ao veres-te tal como és: assim, feito de barro. Não te preocupes. Porque, tu e eu somos filhos de Deus, – este é o endeusamento bom – escolhidos desde a eternidade, com uma vocação divina: escolheu-nos o Pai, por Jesus Cristo, antes da criação do mundo, para que sejamos santos diante dele. Nós, que somos especialmente de Deus, seus instrumentos apesar da nossa pobre miséria pessoal, seremos eficazes se não perdermos o conhecimento da nossa fraqueza. As tentações dão-nos a dimensão da nossa própria fraqueza.
Se sentimos desalento ao experimentar – talvez de um modo particularmente vivo – a nossa mesquinhez, é o momento de nos abandonarmos por completo, com docilidade, nas mãos de Deus. Conta-se que, certo dia, um mendigo saiu ao encontro de Alexandre Magno, pedindo uma esmola. Alexandre parou e ordenou que o fizessem senhor de cinco cidades. O pobre, confundido e atordoado, exclamou: eu não pedia tanto! E Alexandre respondeu: tu pediste como quem és; eu dou-te como quem sou. (São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 160)
Encontro do Papa com Fidel Castro em Havana
Bento XVI e o antigo líder cubano Fidel Castro reuniram-se na Nunciatura Apostólica em Havana, à porta fechada, durante cerca de meia hora.
Em conferência de imprensa, o director da sala de imprensa da Santa Sé referiu que a reunião foi “muito cordial” e abordou questões da atualidade mundial, temas de ciência, cultura e ecologia.
O Papa manifestou a sua alegria por estar em Cuba, manifestando a sua gratidão pelo acolhimento recebido, segundo o padre Federico Lombardi.
Fidel Castro manifestou-se sobre a beatificação de Madre Teresa de Calcutá, tendo colocado perguntas sobre as mudanças na liturgia católica e sobre o papel do Papa, a quem assegurou que
acompanhou esta viagem através da televisão.
Ambos brincaram com a sua idade e Bento XVI, que em abril completa 85 anos, disse ser um “ancião” que ainda faz o seu trabalho.
O Papa falou das suas viagens, dos encontros com as populações e prometeu enviar livros a Fidel Castro, que lhe pediu textos para aprofundar a temática da relação entre fé e razão.
O antigo presidente cubano falou das dificuldades nos tempos atuais, para a humanidade, e Bento XVI aludiu à ausência de Deus.
Com o Papa estiveram ainda a mulher e as duas filhas de Fidel Castro.
O encontro decorreu pouco depois de Bento XVI ter apelado "à liberdade religiosa em Cuba, na missa final da sua visita de três dias ao país, afirmando que esta ilha precisa de mudanças e "transformação social".
Fidel Castro revelara ter solicitado ao Papa “uns minutos do seu ocupado tempo”, assinalando que a resposta positiva lhe chegou através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez, segundo o qual Bento XVI ficaria agradado com "este modesto e simples contacto”.
O Papa, que completa 85 anos em abril, termina hoje a sua segunda viagem à América Latina, iniciada na sexta-feira com uma visita ao México, tendo-se seguido, desde segunda-feira, a ilha de Cuba.
Rádio Vaticano
Cristo libertou-nos do pecado e da morte
“Só Cristo, como novo Adão, libertou a humanidade do pecado e da morte, mediante o dom da graça da justificação. O baptismo não só livra do pecado original, mas também põe o homem de novo em relação com Deus, fazendo-o seu filho. O baptizado é introduzido numa vida totalmente nova, sustentada pelo dom do Espírito Santo”.
(Bento XVI - Audiência geral de 03.12.2008)
(Bento XVI - Audiência geral de 03.12.2008)
CONHECER BENTO XVI - A Eucaristia, eixo da vida cristã
O cristão não pode viver sem a Eucaristia, diz Bento XVI na Exortação Apostólica "Sacramentum caritatis", que recolhe as conclusões do Sínodo dos Bispos realizado em Outubro de 2005. O Papa sublinha que a Eucaristia - alimento do homem faminto de verdade e de liberdade - deve influir em toda a vida do cristão, em todas as suas actuações públicas. E como "a melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem celebrada", dedica particular atenção aos aspectos litúrgicos.
A Exortação Apostólica Sacramentum caritatis, datada de 22 de Fevereiro de 2007, é o segundo documento de envergadura publicado pelo Papa, após a encíclica Deus caritas est, com a qual está intimamente relacionada, como se pode deduzir do próprio título (tirado de uma expressão de S. Tomás de Aquino). O seu fio condutor é «a Eucaristia, fonte e ápice da vida da Igreja», que justifica a multiplicidade dos temas abordados nas suas cento e trinta páginas (28.000 palavras).
Está dividida em três grandes partes: Eucaristia, mistério acreditado; Eucaristia, mistério celebrado; Eucaristia, mistério vivido.
A intrínseca unidade destes três aspectos é um dos pontos-chave do texto. O objectivo do Papa é "suscitar na Igreja um novo impulso e fervor pela Eucaristia", em continuidade com o recente magistério da Igreja e concretamente com a encíclica Ecclesia de Eucharistia (2003) de João Paulo II.
Eucaristia, mistério acreditado
Um tema tão central para a vida da Igreja e dos cristãos não podia deixar de ser tratado com profundidade através dos séculos. Não eram de esperar, portanto, novidades doutrinais neste documento. A sua riqueza consiste em apresentar o património doutrinal com novo vigor e como eixo em torno do qual tudo gira. "Quanto mais viva for a fé eucarística no povo de Deus, mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio duma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos. Testemunha-o a própria história da Igreja: toda a grande reforma está, de algum modo, ligada à redescoberta da fé na presença eucarística do Senhor no meio do seu povo".
A Igreja, "universal sacramento de salvação", exprime-se nos sete sacramentos, "pelos quais a graça de Deus influencia concretamente a existência dos fiéis para que toda a sua vida, redimida por Cristo, se torne culto agradável a Deus".
O Papa mostra a relação que tem cada um dos sete sacramentos com o mistério eucarístico e indica que o caminho de iniciação cristã tem como ponto de referência a possibilidade de aceder a este sacramento. Daqui deriva a necessidade de sublinhar o vínculo estreito que há entre Baptismo, Confirmação e Eucaristia. Do ponto de vista pastoral, observa o Papa, é necessário verificar se a sequência na administração destes sacramentos é a adequada (efectivamente, nalguns lugares a Confirmação recebe-se em último lugar, o que poderá obscurecer a realidade de que "somos baptizados e crismados em ordem à Eucaristia").
Confissão e indulgências
No que diz respeito à confissão é muito útil para os fiéis "recordar-lhes os elementos que, no rito da Santa Missa, explicitam a consciência do próprio pecado e, simultaneamente, da misericórdia de Deus. Além disso, a relação entre a Eucaristia e a Reconciliação recorda-nos que o pecado nunca é uma realidade exclusivamente individual, mas inclui sempre uma ferida no seio da comunhão eclesial, na qual nos encontramos inseridos pelo Baptismo".
"O Sínodo lembrou que é dever pastoral do Bispo promover na sua diocese uma decisiva recuperação da pedagogia da conversão que nasce da Eucaristia e favorecer, entre os fiéis, a confissão frequente", a cuja administração se devem dedicar todos os sacerdotes com generosidade, empenho e competência. "A propósito, procure-se que, nas nossas igrejas, os confessionários sejam bem visíveis e expressivos do significado deste sacramento. Peço aos pastores que vigiem atentamente sobre a celebração do sacramento da Reconciliação, limitando a prática da absolvição geral exclusivamente aos casos previstos".
O Papa constata a influência de "uma cultura que tende a apagar o sentido do pecado, favorecendo uma atitude superficial que leva a esquecer a necessidade de estar na graça de Deus para se aproximar dignamente da comunhão sacramental".
Também é de grande eficácia pastoral o recurso às indulgências, com as quais se ganha "a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados, cuja culpa já foi apagada". Ajuda-nos a compreender que "não somos capazes, só com as nossas forças, de reparar o mal cometido e que os pecados de cada um causam dano a toda a comunidade". A prática das indulgências ajuda a descobrir o carácter central da Eucaristia na vida cristã, "dado que a forma própria da indulgência prevê, entre as condições requeridas, abeirar-se da Confissão e da Comunhão sacramental".
Sacerdócio e celibato
Depois de recomendar o costume do Viático, a comunhão levada aos doentes, o Papa expõe a relação da Eucaristia com a Ordem sacerdotal, condição indispensável para a celebração válida da Eucaristia. Os sacerdotes actuam na celebração litúrgica em nome de toda a Igreja; portanto, "nunca devem colocar em primeiro plano a sua pessoa nem as suas opiniões, mas Jesus Cristo".
O sentido do celibato sacerdotal ocupa um amplo espaço no documento. "Os padres sinodais quiseram sublinhar como o sacerdócio ministerial requer, através da ordenação, a plena configuração a Cristo. Embora respeitando a prática e tradição oriental diferente, é necessário reiterar o sentido profundo do celibato sacerdotal, justamente considerado uma riqueza inestimável e confirmado também pela prática oriental de escolher os bispos apenas de entre aqueles que vivem em celibato, indício da grande honra em que ela tem a opção do celibato, feita por numerosos presbíteros".
O Papa diz que o ponto de referência para entender o sentido do celibato é "o facto de que o próprio Cristo, eterno sacerdote, ter vivido a sua missão até ao sacrifício da cruz, no estado de virgindade". Assim, pois, "não é suficiente compreender o celibato sacerdotal em termos meramente funcionais; na realidade, constitui uma especial conformação ao estilo de vida do próprio Cristo".
"Em sintonia com a grande tradição eclesial, com o Concílio Vaticano II e com os Sumos Pontífices meus predecessores, corroboro a beleza e a importância duma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo de dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e, consequentemente, confirmo a sua obrigatoriedade para a tradição latina. O celibato sacerdotal, vivido com maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a Igreja e para a própria sociedade".
Os problemas de escassez de clero não podem levar a aceitar candidatos sem os requisitos necessários para a ordenação sacerdotal. "Um clero não suficientemente formado e admitido à ordenação sem o necessário discernimento dificilmente poderá oferecer um testemunho capaz de suscitar noutros o desejo de generosa correspondência à vocação de Cristo". Sobretudo, é preciso "ter a coragem de propor aos jovens o seguimento radical de Cristo, mostrando-lhes o seu encanto". E ter maior confiança na iniciativa divina, em que "Cristo continua a suscitar homens que não hesitam em abandonar qualquer outra ocupação para se dedicarem totalmente à celebração dos mistérios sagrados, à pregação do Evangelho e ao ministério pastoral".
Matrimónio e situações irregulares
Outro grande espaço está dedicado ao Matrimónio, à raiz antropológica e teológica da sua indissolubilidade e às situações irregulares. O Papa refere como na teologia de S. Paulo "o amor esponsal é sinal sacramental do amor de Cristo pela sua Igreja, um amor que tem o seu ponto culminante na cruz, expressão das suas 'núpcias' com a humanidade e, ao mesmo tempo, origem e centro da Eucaristia".
"O vínculo fiel, indissolúvel e exclusivo que une Cristo e a Igreja e tem expressão sacramental na Eucaristia, está de harmonia com o dado antropológico primordial segundo o qual o homem deve unir-se de modo definitivo com uma só mulher, e vice-versa". "Se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se por que motivo a mesma implique, relativamente ao sacramento do Matrimónio, aquela indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de aspirar".
O Papa qualifica de "problema pastoral espinhoso e complexo" a situação dos fiéis que, depois de terem celebrado o sacramento do Matrimónio, se divorciaram e contraíram novas núpcias. "O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir aos sacramentos os divorciados que voltaram a casar, porque o seu estado e condição de vida contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia".
Todavia, essas pessoas continuam a pertencer à Igreja, que as "acompanha com especial solicitude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida". Nos casos em que surgirem dúvidas legítimas sobre a validade do Matrimónio, deve fazer-se tudo o que for necessário para verificar o seu fundamento. Nestas situações é preciso evitar que a preocupação pastoral seja vista em contraposição ao direito. "Deve-se partir do pressuposto que o ponto fundamental de encontro entre direito e pastoral é o amor pela verdade". Por isto, quando não se reconhece a nulidade do vínculo matrimonial e se verificam as condições objectivas que tornam realmente irreversível a convivência, "a Igreja encoraja estes fiéis a esforçarem-se por viver a sua relação segundo as exigências da lei de Deus, como amigos, como irmão e irmã; deste modo poderão novamente abeirar-se da mesa eucarística, com os cuidados previstos por uma comprovada prática eclesial. Para que tal caminho se torne possível e dê frutos, deve ser apoiado pela ajuda dos pastores e por adequadas iniciativas eclesiais, evitando, em todo o caso, abençoar estas relações para que não surjam entre os fiéis confusões acerca do valor do matrimónio".
Mistério celebrado
A segunda parte do documento está dedicada à celebração da Eucaristia. Destaca o sentido da liturgia e da sua beleza, revê as partes da Missa e propõe a redescoberta da adoração eucarística. Neste percurso não faltam indicações concretas sobre alguns aspectos pontuais. Uma ideia de fundo, presente em todo o texto, é que a renovação litúrgica querida pelo II Concílio do Vaticano, deve ser lida em continuidade com a tradição litúrgica da Igreja, isto é, "dentro da unidade que caracteriza o desenvolvimento histórico do próprio rito, sem introduzir artificiosas rupturas".
A relação entre mistério acreditado e mistério celebrado manifesta-se, de modo peculiar no valor teológico e litúrgico da beleza, vista não como mero esteticismo. "A beleza não é um factor decorativo da acção litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e da sua revelação. Tudo isto nos há-de tornar conscientes da atenção que se deve prestar à acção litúrgica para que brilhe segundo a sua própria natureza". Visto que a liturgia eucarística é essencialmente acção de Deus, que nos envolve em Jesus por meio do Espírito, "o seu fundamento não está à mercê do nosso arbítrio e não pode suportar a chantagem das modas passageiras".
"Durante os trabalhos sinodais, foi várias vezes recomendada a necessidade de superar toda e qualquer separação entre a ars celebrandi, isto é, a arte de celebrar rectamente) e a participação plena, activa e frutuosa de todos os fiéis: com efeito, o primeiro modo de favorecer a participação do povo de Deus no rito sagrado é a condigna celebração do mesmo".
Gosto pela beleza
Da profunda ligação entre beleza e liturgia passa à consideração da importância de todas as expressões artísticas colocadas ao serviço da celebração: a arquitectura dos templos, a arte sacra, os paramentos e a decoração. O Papa diz que é necessário que em tudo quanto tenha a ver com a Eucaristia, haja gosto pela beleza que fomente o assombro pelo mistério de Deus, manifeste a unidade da fé e reforce a devoção.
Ocupa lugar de destaque o canto litúrgico, que "deve integrar-se na forma própria da celebração". Neste sentido, é necessário evitar a improvisação genérica ou a introdução de géneros musicais que não respeitem o sentido da liturgia". E embora tendo em conta as diferentes tendências e tradições, "desejo - como foi pedido pelos padres sinodais - que se valorize adequadamente o canto gregoriano, como canto próprio da liturgia romana".
Nesse contexto, o Papa recomenda - em sintonia com as directrizes do II Concílio do Vaticano - o uso da língua latina, especialmente nas celebrações que têm lugar durante encontros internacionais. "A nível geral, peço que os futuros sacerdotes sejam preparados, desde o tempo do seminário, para compreender e celebrar a Santa Missa em latim, bem como para usar textos latinos e entoar o canto gregoriano; nem se descure a possibilidade de formar os próprios fiéis para saberem, em latim, as orações mais comuns e cantarem, em gregoriano, determinadas partes da liturgia".
O ponto de referência para entender o sentido do celibato é o facto de o próprio Cristo, eterno sacerdote, ter vivido a sua missão até ao sacrifício da cruz, no estado de virgindade".
Viver segundo o domingo
A relação da Eucaristia com a vida quotidiana do cristão é o tema da terceira parte do documento. "O culto a Deus na existência humana não pode ser relegado para um momento particular e privado, mas tende, por sua natureza, a permear cada aspecto da realidade do indivíduo. Assim, o culto agradável a Deus torna-se uma nova maneira de viver todas as circunstâncias da existência, na qual cada particular fica exaltado porque vivido dentro do relacionamento com Cristo e como oferta a Deus".
Os cristãos "devem cultivar o desejo de ver a Eucaristia influir cada vez mais profundamente na sua existência quotidiana, levando-os a serem testemunhas reconhecidas como tais no próprio ambiente de trabalho e na sociedade inteira".
Trata-se de «viver segundo o domingo», em frase de Santo Inácio de Antioquia. Portanto, um primeiro passo será a prática do preceito dominical e a recuperação do sentido do domingo, que em si mesmo merece ser santificado para que não acabe por ficar um dia «vazio de Deus»". "É no dia consagrado a Deus que o ser humano compreende o sentido da sua existência e também do trabalho".
O Papa salienta que os padres sinodais afirmaram que "os fiéis cristãos precisam de uma compreensão mais profunda das relações entre a Eucaristia e a vida quotidiana. A espiritualidade eucarística não é apenas participação na Missa e devoção ao Santíssimo Sacramento; mas abraça a vida inteira".
Com efeito, acrescenta o Papa, "hoje torna-se necessário redescobrir que Jesus Cristo não é uma simples convicção privada ou uma doutrina abstracta, mas uma pessoa real cuja inserção na história é capaz de renovar a vida de todos. Por isso, a Eucaristia, enquanto fonte e ápice da vida e missão da Igreja, deve traduzir-se em espiritualidade, em vida «segundo o Espírito»".
Coerência eucarística
Os cristãos "devem cultivar o desejo de ver a Eucaristia influir cada vez mais profundamente na sua existência quotidiana, levando-os a serem testemunhas reconhecidas como tais no próprio ambiente de trabalho e na sociedade inteira".
Esta "coerência eucarística" exige também o testemunho público da própria fé. "Evidentemente isto vale para todos os baptizados, mas impõe-se com particular premência a quantos, pela posição social ou política que ocupam, devem tomar decisões sobre valores fundamentais como o respeito e defesa da vida humana desde a concepção até à morte natural, a família fundada sobre o matrimónio, entre um homem e uma mulher, a liberdade de educação dos filhos e a promoção do bem comum em todas as suas formas. Estes são valores não negociáveis. Por isso, cientes da sua grave responsabilidade social, os políticos e os legisladores católicos devem sentir-se particularmente interpelados pela sua consciência rectamente formada a apresentar e apoiar leis inspiradas nos valores impressos na natureza humana".
O Papa conclui recordando o exemplo dos primeiros cristãos, quando o culto cristão era ainda proibido. "Alguns cristãos do Norte de África, que se sentiam obrigados a celebrar o dia do Senhor, desafiaram tal proibição. Foram martirizados enquanto declaravam que não lhes era possível viver sem a Eucaristia, alimento do Senhor: «Sine dominico non possumos (...)» Também nós não podemos viver sem participar no sacramento da nossa salvação e desejamos ser iuxta dominicam viventes, isto é, traduzir na vida o que celebramos no dia do Senhor".
In Aceprensa, 32/07, na versão impressa
A Exortação Apostólica Sacramentum caritatis, datada de 22 de Fevereiro de 2007, é o segundo documento de envergadura publicado pelo Papa, após a encíclica Deus caritas est, com a qual está intimamente relacionada, como se pode deduzir do próprio título (tirado de uma expressão de S. Tomás de Aquino). O seu fio condutor é «a Eucaristia, fonte e ápice da vida da Igreja», que justifica a multiplicidade dos temas abordados nas suas cento e trinta páginas (28.000 palavras).
Está dividida em três grandes partes: Eucaristia, mistério acreditado; Eucaristia, mistério celebrado; Eucaristia, mistério vivido.
A intrínseca unidade destes três aspectos é um dos pontos-chave do texto. O objectivo do Papa é "suscitar na Igreja um novo impulso e fervor pela Eucaristia", em continuidade com o recente magistério da Igreja e concretamente com a encíclica Ecclesia de Eucharistia (2003) de João Paulo II.
Eucaristia, mistério acreditado
Um tema tão central para a vida da Igreja e dos cristãos não podia deixar de ser tratado com profundidade através dos séculos. Não eram de esperar, portanto, novidades doutrinais neste documento. A sua riqueza consiste em apresentar o património doutrinal com novo vigor e como eixo em torno do qual tudo gira. "Quanto mais viva for a fé eucarística no povo de Deus, mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio duma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos. Testemunha-o a própria história da Igreja: toda a grande reforma está, de algum modo, ligada à redescoberta da fé na presença eucarística do Senhor no meio do seu povo".
A Igreja, "universal sacramento de salvação", exprime-se nos sete sacramentos, "pelos quais a graça de Deus influencia concretamente a existência dos fiéis para que toda a sua vida, redimida por Cristo, se torne culto agradável a Deus".
O Papa mostra a relação que tem cada um dos sete sacramentos com o mistério eucarístico e indica que o caminho de iniciação cristã tem como ponto de referência a possibilidade de aceder a este sacramento. Daqui deriva a necessidade de sublinhar o vínculo estreito que há entre Baptismo, Confirmação e Eucaristia. Do ponto de vista pastoral, observa o Papa, é necessário verificar se a sequência na administração destes sacramentos é a adequada (efectivamente, nalguns lugares a Confirmação recebe-se em último lugar, o que poderá obscurecer a realidade de que "somos baptizados e crismados em ordem à Eucaristia").
Confissão e indulgências
No que diz respeito à confissão é muito útil para os fiéis "recordar-lhes os elementos que, no rito da Santa Missa, explicitam a consciência do próprio pecado e, simultaneamente, da misericórdia de Deus. Além disso, a relação entre a Eucaristia e a Reconciliação recorda-nos que o pecado nunca é uma realidade exclusivamente individual, mas inclui sempre uma ferida no seio da comunhão eclesial, na qual nos encontramos inseridos pelo Baptismo".
"O Sínodo lembrou que é dever pastoral do Bispo promover na sua diocese uma decisiva recuperação da pedagogia da conversão que nasce da Eucaristia e favorecer, entre os fiéis, a confissão frequente", a cuja administração se devem dedicar todos os sacerdotes com generosidade, empenho e competência. "A propósito, procure-se que, nas nossas igrejas, os confessionários sejam bem visíveis e expressivos do significado deste sacramento. Peço aos pastores que vigiem atentamente sobre a celebração do sacramento da Reconciliação, limitando a prática da absolvição geral exclusivamente aos casos previstos".
O Papa constata a influência de "uma cultura que tende a apagar o sentido do pecado, favorecendo uma atitude superficial que leva a esquecer a necessidade de estar na graça de Deus para se aproximar dignamente da comunhão sacramental".
Também é de grande eficácia pastoral o recurso às indulgências, com as quais se ganha "a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados, cuja culpa já foi apagada". Ajuda-nos a compreender que "não somos capazes, só com as nossas forças, de reparar o mal cometido e que os pecados de cada um causam dano a toda a comunidade". A prática das indulgências ajuda a descobrir o carácter central da Eucaristia na vida cristã, "dado que a forma própria da indulgência prevê, entre as condições requeridas, abeirar-se da Confissão e da Comunhão sacramental".
Sacerdócio e celibato
Depois de recomendar o costume do Viático, a comunhão levada aos doentes, o Papa expõe a relação da Eucaristia com a Ordem sacerdotal, condição indispensável para a celebração válida da Eucaristia. Os sacerdotes actuam na celebração litúrgica em nome de toda a Igreja; portanto, "nunca devem colocar em primeiro plano a sua pessoa nem as suas opiniões, mas Jesus Cristo".
O sentido do celibato sacerdotal ocupa um amplo espaço no documento. "Os padres sinodais quiseram sublinhar como o sacerdócio ministerial requer, através da ordenação, a plena configuração a Cristo. Embora respeitando a prática e tradição oriental diferente, é necessário reiterar o sentido profundo do celibato sacerdotal, justamente considerado uma riqueza inestimável e confirmado também pela prática oriental de escolher os bispos apenas de entre aqueles que vivem em celibato, indício da grande honra em que ela tem a opção do celibato, feita por numerosos presbíteros".
O Papa diz que o ponto de referência para entender o sentido do celibato é "o facto de que o próprio Cristo, eterno sacerdote, ter vivido a sua missão até ao sacrifício da cruz, no estado de virgindade". Assim, pois, "não é suficiente compreender o celibato sacerdotal em termos meramente funcionais; na realidade, constitui uma especial conformação ao estilo de vida do próprio Cristo".
"Em sintonia com a grande tradição eclesial, com o Concílio Vaticano II e com os Sumos Pontífices meus predecessores, corroboro a beleza e a importância duma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo de dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e, consequentemente, confirmo a sua obrigatoriedade para a tradição latina. O celibato sacerdotal, vivido com maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a Igreja e para a própria sociedade".
Os problemas de escassez de clero não podem levar a aceitar candidatos sem os requisitos necessários para a ordenação sacerdotal. "Um clero não suficientemente formado e admitido à ordenação sem o necessário discernimento dificilmente poderá oferecer um testemunho capaz de suscitar noutros o desejo de generosa correspondência à vocação de Cristo". Sobretudo, é preciso "ter a coragem de propor aos jovens o seguimento radical de Cristo, mostrando-lhes o seu encanto". E ter maior confiança na iniciativa divina, em que "Cristo continua a suscitar homens que não hesitam em abandonar qualquer outra ocupação para se dedicarem totalmente à celebração dos mistérios sagrados, à pregação do Evangelho e ao ministério pastoral".
Matrimónio e situações irregulares
Outro grande espaço está dedicado ao Matrimónio, à raiz antropológica e teológica da sua indissolubilidade e às situações irregulares. O Papa refere como na teologia de S. Paulo "o amor esponsal é sinal sacramental do amor de Cristo pela sua Igreja, um amor que tem o seu ponto culminante na cruz, expressão das suas 'núpcias' com a humanidade e, ao mesmo tempo, origem e centro da Eucaristia".
"O vínculo fiel, indissolúvel e exclusivo que une Cristo e a Igreja e tem expressão sacramental na Eucaristia, está de harmonia com o dado antropológico primordial segundo o qual o homem deve unir-se de modo definitivo com uma só mulher, e vice-versa". "Se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se por que motivo a mesma implique, relativamente ao sacramento do Matrimónio, aquela indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de aspirar".
O Papa qualifica de "problema pastoral espinhoso e complexo" a situação dos fiéis que, depois de terem celebrado o sacramento do Matrimónio, se divorciaram e contraíram novas núpcias. "O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir aos sacramentos os divorciados que voltaram a casar, porque o seu estado e condição de vida contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia".
Todavia, essas pessoas continuam a pertencer à Igreja, que as "acompanha com especial solicitude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida". Nos casos em que surgirem dúvidas legítimas sobre a validade do Matrimónio, deve fazer-se tudo o que for necessário para verificar o seu fundamento. Nestas situações é preciso evitar que a preocupação pastoral seja vista em contraposição ao direito. "Deve-se partir do pressuposto que o ponto fundamental de encontro entre direito e pastoral é o amor pela verdade". Por isto, quando não se reconhece a nulidade do vínculo matrimonial e se verificam as condições objectivas que tornam realmente irreversível a convivência, "a Igreja encoraja estes fiéis a esforçarem-se por viver a sua relação segundo as exigências da lei de Deus, como amigos, como irmão e irmã; deste modo poderão novamente abeirar-se da mesa eucarística, com os cuidados previstos por uma comprovada prática eclesial. Para que tal caminho se torne possível e dê frutos, deve ser apoiado pela ajuda dos pastores e por adequadas iniciativas eclesiais, evitando, em todo o caso, abençoar estas relações para que não surjam entre os fiéis confusões acerca do valor do matrimónio".
Mistério celebrado
A segunda parte do documento está dedicada à celebração da Eucaristia. Destaca o sentido da liturgia e da sua beleza, revê as partes da Missa e propõe a redescoberta da adoração eucarística. Neste percurso não faltam indicações concretas sobre alguns aspectos pontuais. Uma ideia de fundo, presente em todo o texto, é que a renovação litúrgica querida pelo II Concílio do Vaticano, deve ser lida em continuidade com a tradição litúrgica da Igreja, isto é, "dentro da unidade que caracteriza o desenvolvimento histórico do próprio rito, sem introduzir artificiosas rupturas".
A relação entre mistério acreditado e mistério celebrado manifesta-se, de modo peculiar no valor teológico e litúrgico da beleza, vista não como mero esteticismo. "A beleza não é um factor decorativo da acção litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e da sua revelação. Tudo isto nos há-de tornar conscientes da atenção que se deve prestar à acção litúrgica para que brilhe segundo a sua própria natureza". Visto que a liturgia eucarística é essencialmente acção de Deus, que nos envolve em Jesus por meio do Espírito, "o seu fundamento não está à mercê do nosso arbítrio e não pode suportar a chantagem das modas passageiras".
"Durante os trabalhos sinodais, foi várias vezes recomendada a necessidade de superar toda e qualquer separação entre a ars celebrandi, isto é, a arte de celebrar rectamente) e a participação plena, activa e frutuosa de todos os fiéis: com efeito, o primeiro modo de favorecer a participação do povo de Deus no rito sagrado é a condigna celebração do mesmo".
Gosto pela beleza
Da profunda ligação entre beleza e liturgia passa à consideração da importância de todas as expressões artísticas colocadas ao serviço da celebração: a arquitectura dos templos, a arte sacra, os paramentos e a decoração. O Papa diz que é necessário que em tudo quanto tenha a ver com a Eucaristia, haja gosto pela beleza que fomente o assombro pelo mistério de Deus, manifeste a unidade da fé e reforce a devoção.
Ocupa lugar de destaque o canto litúrgico, que "deve integrar-se na forma própria da celebração". Neste sentido, é necessário evitar a improvisação genérica ou a introdução de géneros musicais que não respeitem o sentido da liturgia". E embora tendo em conta as diferentes tendências e tradições, "desejo - como foi pedido pelos padres sinodais - que se valorize adequadamente o canto gregoriano, como canto próprio da liturgia romana".
Nesse contexto, o Papa recomenda - em sintonia com as directrizes do II Concílio do Vaticano - o uso da língua latina, especialmente nas celebrações que têm lugar durante encontros internacionais. "A nível geral, peço que os futuros sacerdotes sejam preparados, desde o tempo do seminário, para compreender e celebrar a Santa Missa em latim, bem como para usar textos latinos e entoar o canto gregoriano; nem se descure a possibilidade de formar os próprios fiéis para saberem, em latim, as orações mais comuns e cantarem, em gregoriano, determinadas partes da liturgia".
O ponto de referência para entender o sentido do celibato é o facto de o próprio Cristo, eterno sacerdote, ter vivido a sua missão até ao sacrifício da cruz, no estado de virgindade".
Viver segundo o domingo
A relação da Eucaristia com a vida quotidiana do cristão é o tema da terceira parte do documento. "O culto a Deus na existência humana não pode ser relegado para um momento particular e privado, mas tende, por sua natureza, a permear cada aspecto da realidade do indivíduo. Assim, o culto agradável a Deus torna-se uma nova maneira de viver todas as circunstâncias da existência, na qual cada particular fica exaltado porque vivido dentro do relacionamento com Cristo e como oferta a Deus".
Os cristãos "devem cultivar o desejo de ver a Eucaristia influir cada vez mais profundamente na sua existência quotidiana, levando-os a serem testemunhas reconhecidas como tais no próprio ambiente de trabalho e na sociedade inteira".
Trata-se de «viver segundo o domingo», em frase de Santo Inácio de Antioquia. Portanto, um primeiro passo será a prática do preceito dominical e a recuperação do sentido do domingo, que em si mesmo merece ser santificado para que não acabe por ficar um dia «vazio de Deus»". "É no dia consagrado a Deus que o ser humano compreende o sentido da sua existência e também do trabalho".
O Papa salienta que os padres sinodais afirmaram que "os fiéis cristãos precisam de uma compreensão mais profunda das relações entre a Eucaristia e a vida quotidiana. A espiritualidade eucarística não é apenas participação na Missa e devoção ao Santíssimo Sacramento; mas abraça a vida inteira".
Com efeito, acrescenta o Papa, "hoje torna-se necessário redescobrir que Jesus Cristo não é uma simples convicção privada ou uma doutrina abstracta, mas uma pessoa real cuja inserção na história é capaz de renovar a vida de todos. Por isso, a Eucaristia, enquanto fonte e ápice da vida e missão da Igreja, deve traduzir-se em espiritualidade, em vida «segundo o Espírito»".
Coerência eucarística
Os cristãos "devem cultivar o desejo de ver a Eucaristia influir cada vez mais profundamente na sua existência quotidiana, levando-os a serem testemunhas reconhecidas como tais no próprio ambiente de trabalho e na sociedade inteira".
Esta "coerência eucarística" exige também o testemunho público da própria fé. "Evidentemente isto vale para todos os baptizados, mas impõe-se com particular premência a quantos, pela posição social ou política que ocupam, devem tomar decisões sobre valores fundamentais como o respeito e defesa da vida humana desde a concepção até à morte natural, a família fundada sobre o matrimónio, entre um homem e uma mulher, a liberdade de educação dos filhos e a promoção do bem comum em todas as suas formas. Estes são valores não negociáveis. Por isso, cientes da sua grave responsabilidade social, os políticos e os legisladores católicos devem sentir-se particularmente interpelados pela sua consciência rectamente formada a apresentar e apoiar leis inspiradas nos valores impressos na natureza humana".
O Papa conclui recordando o exemplo dos primeiros cristãos, quando o culto cristão era ainda proibido. "Alguns cristãos do Norte de África, que se sentiam obrigados a celebrar o dia do Senhor, desafiaram tal proibição. Foram martirizados enquanto declaravam que não lhes era possível viver sem a Eucaristia, alimento do Senhor: «Sine dominico non possumos (...)» Também nós não podemos viver sem participar no sacramento da nossa salvação e desejamos ser iuxta dominicam viventes, isto é, traduzir na vida o que celebramos no dia do Senhor".
In Aceprensa, 32/07, na versão impressa
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