Santa Teresa d'Ávila (1515-1582), carmelita, doutora da Igreja
Vida escrita pela própria, cap. 25
Meu terno mestre, sois efectivamente o verdadeiro amigo! Sendo todo-poderoso, tudo o que quereis podeis. E nunca deixais de querer, para quem Vos ama. Tudo o que há no mundo Vos louve, Senhor! Como fazer ecoar a minha voz por todo o universo, para anunciar como sois fiel aos Vossos amigos? Todas as criaturas podem faltar-nos: Vós, que sois o senhor de todas elas, nunca nos faltareis.
Aqueles que Vos amam não sofrem durante muito tempo! Ó meu mestre, que delicadeza, que atenção, que ternura demonstrais para com eles! Sim, feliz daquele que nunca deixou de Vos amar! É verdade que tratais os Vossos amigos com rigor, mas creio que é para que o Vosso amor ressoe ainda mais fortemente nos momentos de maior sofrimento. Meu Deus, não tenho inteligência, nem talento, nem palavras novas para falar das Vossas obras tal como a minha alma as concebe! Tudo me falta, meu Senhor. Mas desde que não me abandoneis, eu jamais Vos abandonarei. [...]
Sei por experiência com que proveitos fazeis sair da provação os que põem em Vós toda a confiança. Enquanto vivi em aflição amarga [...], as únicas palavras que ouvi [...] foram suficientes para dissipar a minha dor e voltar a sentir a tranquilidade perfeita: «Nada temas, minha filha; sou Eu, não te abandonarei. Nada temas.» [...] E eis que, apenas com estas palavras, a calma desceu sobre mim, sinto-me forte, corajosa, tranquilizada; sinto renascer a paz e a luz. Num instante, a minha alma foi transformada.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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