O bispo do Porto, Manuel Clemente, considerou hoje que a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) em hospitais públicos "foi convertida em método contracetivo", deixando o problema humano por resolver.
Entrevistado pela Lusa cinco anos após o referendo que abriu as portas ao aborto até às dez semanas, a pedido da mulher, o prelado considerou que a lei de 2007 se limitou a responder à questão de se saber "se as pessoas que fazem aborto devem ou não ser punidas, em que circunstâncias e até onde".
Mas o "acerto de discussão naquilo que realmente está em causa" continua por fazer, enfatizou.
À espera de resposta continua, conforme explicou, "a consideração geral, e também legal, que a vida deve ter" à luz dos conhecimentos científicos atuais.
"A vida é um processo que, desde a conceção à morte natural, tem um seguimento único e progressivo. Se não assentarmos nesta base, depois tudo o resto está falseado", observou.
Referindo-se ao resultado prático da lei de há cinco anos, o bispo do Porto considerou que, no fundo, "acabou por se tornar o aborto, em estabelecimentos públicos e financiamento por nós todos, como um método anticoncetivo".
É algo que "está profundamente errado porque, mais uma vez, não se ponderou devidamente o respeito pela vida e o respeito que ela nos deve a todos", assinalou Manuel Clemente.
Citando testemunhos que ouviu, o bispo do Porto lamentou o desrespeito, em muitas circunstâncias, da norma legal que obriga a mulher que quer abortar a ir a uma consulta médica, no prazo de cinco dias, depois de solicitada a IVG.
"A ponderação, segundo oiço de vários testemunhos de pessoas no sistema de saúde, não se faz devidamente. Imediatamente se passa para uma pseudo solução técnica e fica o problema humano por resolver", criticou.
(Fonte: DN online)
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