Vento de Vncent Van Gogh |
o desconcerto do ar
o frio de fora a entrar
no guarda-vento do horto!
(Mas que estou eu a palrar
sem horto nem guarda-vento
só por o vento soprar
como é próprio deste tempo?)
É o desconforto do mar
é o frio vento da noite
é o lobo da noite a uivar
sobre mim como um açoite!
(Mas que estou eu a chorar
se o vento pára nos muros
e nem me chega a tocar
com os seus silvos escuros?)
É o desconforto dos outros
é o arrepio dos ramos
são animaizinhos mortos
é o tremerzinho dos canos
Coitado de quem, coitado
pela ventania vai
Tenho pena do coitado
como se fosse seu pai
Meu irmão que andas ao vento
gostava de estar contigo
Dava-te a minha amizade
que é sempre o melhor abrigo
Hugo de Azevedo
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