1º Discurso para a novena de Natal
«Cristo disse ao entrar no mundo: “Tu não quiseste sacrifício nem oferenda, mas preparaste-Me um corpo. Então, Eu disse: Eis que venho – como está escrito no livro a Meu respeito – para fazer, ó Deus, a Tua vontade.”» (Heb 10,5-7; Sl 40,7-9 LXX). Será verdade que, para nos salvar da nossa miséria [...] e para conquistar o nosso amor, Deus tenha querido fazer-Se homem? De tal maneira é verdade que é artigo de fé: «E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus [...] e Se fez Homem» (Credo) [...]. Sim, eis o que Deus fez para Se fazer amar por nós. [...] Quis assim manifestar-nos a grandeza do Seu amor por nós: «Com efeito, manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2,11). O homem não Me ama, parece ter dito o Senhor, porque não Me vê. Vou tornar-Me visível, conversar com ele, e assim far-Me-ei amar, seguramente»: «Depois disto ela [a sabedoria do Senhor] apareceu sobre a terra e permaneceu entre os homens» (Br 3,38).
O amor de Deus pelo homem é imenso, imenso e para toda a eternidade: «Amei-te com um amor eterno. Por isso, dilatei a misericórdia para contigo» (Jr 31, 3). Não tínhamos porém visto ainda como é grande, incompreensível; quando o Filho de Deus Se fez contemplar na forma de uma criança deitada nas palhas, num estábulo, manifestou-Se-nos verdadeiramente: «manifestou-Se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o Seu amor para com os homens» (Tt 3,4). «A criação do mundo, observa São Bernardo, fez brilhar o poder de Deus, a governação do mundo, a Sua sabedoria; mas a encarnação do Verbo fez resplandecer a Sua misericórdia aos olhos de todos» [...].
«Ao desprezar Deus, diz São Fulgêncio, o homem separou-se d'Ele para sempre; e como o homem já não podia regressar a Deus, Deus dignou-Se a vir ao seu encontro na Terra.» Já dissera Santo Agostinho: «Não podíamos ir ao médico; por isso o médico teve a bondade de vir até nós.»
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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