Há dois dias quando acordei e ainda estava no estado de sonolência, comecei a louvar a Deus, como habitualmente faço, agradecendo por mais um dia na vida que Ele me deu.
No meu coração despontaram então duas palavras, estalactite e estalagmite, que eu não alcancei no momento o que me queriam dizer e não entendi o significado para aquele momento.
Ao longo do dia e durante os períodos de oração que fui tendo, fui reflectindo sobre aquelas palavras e pedindo ao Espírito Santo o discernimento sobre o facto do aparecimento daquelas palavras significarem algo para a minha vida espiritual ou apenas serem um acontecimento fortuito.
Aos poucos foi aparecendo uma “explicação”, que quero partilhar com quem aqui me visita.
Não existe estalagmite, (simplesmente falando), sem que primeiro haja uma estalactite, que vá gotejando a necessária água para a formação da mesma.
Primeiro discernimento:
Sem a existência da estalactite, não há estalagmite. Assim se nós somos estalagmites, não poderemos existir sem a estalactite que vem primeiro e já existia (Deus).
A estalagmite está bem fixa no chão da gruta e vai “crescendo” em direcção ao tecto, conforme a estalactite vai pingando água sobre ela.
Segundo discernimento:
Sendo nós as estalagmites, temos de ter os pés bem assentes na terra, mas crescendo sempre para o Alto, com o “alimento” que nos vem do Céu.
O processo de crescimento da estalagmite é demorado, contínuo, embora por vezes possa ser interrompido, porque alguma coisa interrompeu a queda das gotas de água na estalagmite. No entanto, passado esse momento as gotas de água voltam a cair e a estalagmite volta a crescer.
Terceiro discernimento:
Na “nossa vida de estalagmites” em crescimento para o Alto, deixamos algumas vezes que outras estalagmites, ou outros acontecimentos, nos impeçam de nos “alimentarmos” do Alto e assim, interrompam o nosso crescimento na Fé. No entanto, passado esse momento, e perante o nosso arrependimento voltamos a aceitar o “alimento” divino e continuamos o crescimento para e com Deus.
Às vezes, embora apreciando a beleza das estalagmites, alguns homens por razões muitas vezes inexplicáveis, (porque os “irrita” a beleza, por uma razão apenas de destruição, etc.), destroem as estalagmites. No entanto depois da destruição, recomeça o processo de crescimento entre a estalactite e a estalagmite.
Quarto discernimento:
Muitas vezes por razões de respeitos humanos, de vergonhas, de críticas às nossas vidas, de tantas coisas que todos nós sabemos, cortamos a nossa relação com Deus. Quando nos arrependemos, Ele que está sempre presente, recomeça connosco e em nós o caminho para o Céu.
A estalagmite só cresce se receber as gotas de água da estalactite, não há outra forma de crescer. Se as não receber não passará do tamanho que tem e com o tempo e a erosão irá ficando cada vez mais pequena até desaparecer.
Quinto discernimento:
Não podemos crescer na Fé apenas por nós próprios. Se não recebermos do Alto o alimento, não cresceremos para e com Deus, e até o “pouco que tivermos, acabará por desaparecer”(conf. Lc 19,26).
A estalactite “desce” ao encontro da estalagmite que vai crescendo para a união com a estalactite.
Sexto discernimento:
Deus vem ao nosso encontro. Se nos deixarmos “alimentar” por Ele, cresceremos na e até à Comunhão com Ele.
Quando a estalactite toca a estalagmite e se “fundem”, considera-se a união perfeita, que passa a chamar-se Coluna.
Sétimo discernimento:
Se, apesar dos obstáculos do caminho, sempre caminharmos para Deus, em Comunhão com Ele, um dia, por Sua graça seremos Um com Ele (conf. Jo 17, 20-21), no louvor perfeito, no gozo eterno. Então seremos também uma união perfeita do Céu com a terra, na Comunhão dos Santos.
Se os homens já apreciam a beleza da estalactite e da estalagmite que se forma a partir da estalactite, ficam ainda mais extasiados perante a perfeição da coluna e do tempo que a mesma demorou a formar-se.
Oitavo discernimento:
Com um testemunho verdadeiro e coerente de vida na Fé, muitos outros ficarão admirados e ansiosos por “experimentarem” as maravilhas de Deus.
“Senhor, faz-me ser uma “estalagmite”, alimentada por Ti, crescendo para Ti e em Ti, até à união perfeita contigo, por Tua graça”.
Monte Real, 21 de Outubro de 2006
Joaquim Mexia Alves
www.queeaverdade.blogspot.com
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