Todos somos responsáveis de todos: sublinhou Bento XVI, dirigindo-se, nesta quinta-feira, a onze novos Embaixadores junto da Santa Sé, recebidos em conjunto para a apresentação das Cartas Credenciais. Trata-se de representantes diplomáticos que não residem estavelmente em Roma. No caso de hoje, os Embaixadores em questão provêm de diversos continentes: África (Burkina-Faso, Burundi, Guiné-Bissau e Moçambique), Ásia (Kirghizstan, Paquistão, Sri Lanka e Tailândia), Europa (Andorra e Suíça) e, finalmente, Trindade e Tobago (pequeno estado insular junto à costa da Venezuela, América do Sul).
Nas considerações desenvolvidas no discurso aos novos Embaixadores, o Papa começou por chamar a atenção para a crescente tomada de consciência da “unidade da família humana”, facto por vezes advertido como um peso, em razão da maior responsabilidade que comporta para cada um, e também pela cada vez maior complexidade dos problemas a enfrentar e resolver.
“Todos somos responsáveis de todos” – considerou o Papa, que sublinhou a importância de ter um conceito positivo da solidariedade, como “alavanca concreta do desenvolvimento integral que permite à humanidade caminhar para a sua realização. Aliás, observou, é um sinal positivo da cultura atual a exigência, que cada vez mais se impõe à consciência dos nossos contemporâneos, de uma solidariedade entre as diversas gerações”. E é precisamente a educação dos jovens a via privilegiada para alargar e consolidar o campo da solidariedade. Neste sentido, Bento XVI encorajou todos – começando pelos governos – a darem provas de criatividade, para encontrar e investir os meios que permitam fornecer à juventude as bases éticas fundamentais, que permitam combater males sociais como o desemprego, a droga, a criminalidade e o desrespeito da pessoa
O pluralismo cultural e religioso (considerou o Papa) “não se opõe à busca comum do que é verdadeiro, bom e belo. Aliás a razão humana tem condições para reconhecer os bens universais de que todos os homens têm necessidade, nomeadamente a paz e a harmonia social e religiosa, ligados, “não só a um quadro legislativo justo e apropriado, mas também à qualidade moral de cada cidadão” e isso porque – como diz o Compêndio da Doutrina Social da Igreja – “a solidariedade apresenta-se sob dois aspetos complementares: o do princípio social e o de virtude moral”.
“A solidariedade desempenha plenamente o seu papel de virtude social quando se pode apoiar ao mesmo tempo em estruturas de subsidiariedade e na determinação firme e perseverante de cada pessoa em atuar a favor do bem comum, consciente de uma responsabilidade comum”.
Como dizíamos, de entre os onze novos Embaixadores junto da Santa Sé, dois representam países de expressão oficial portuguesa: Guiné-Bissau, com a Embaixadora Hília Garez Gomes Lima Barber, e Moçambique, com o Embaixador Amadeu Paulo Samuel da Conceição.
A primeira, de 67 anos, é casada e tem dois filhos. Formada em Letras, desenvolveu diversas atividades em Bissau como conselheira da presidência da República e no ministério dos Negócios Estrangeiros de Bissau e foi Embaixadora em Israel. Atualmente é Embaixadora da Guiné-Bissau em Paris, onde reside.
Por sua vez o novo embaixador moçambicano tem 51 anos. Casado, pai de dois filhos. Formado em Relações Internacionais, entrou na carreira diplomática em 1978, tendo sido nomeadamente Embaixador na Itália (com Grécia), no Brasil (com Argentina e Chile) e em Cuba. Atualmente é Embaixador em Berlim, onde reside.
Rádio Vaticano
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