Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino
As obras do Espírito Santo, IV, 10; SC 165
De acordo com graça que fez com que Jesus o amasse e o fez inclinar-se sobre o Seu peito na Última Ceia (cf Jo 13,23), João recebeu com abundância os dons do entendimento e da sabedoria (Is 11,2) – o entendimento para compreender as Escrituras, e a sabedoria para escrever os seus próprios livros com arte admirável. Para dizer a verdade, não recebeu este dom no momento em descansou sobre o peito do Senhor, apesar de ter tocado o coração «em que estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Col 2,3). Quando João diz que, ao entrar no túmulo, «viu e acreditou», reconhece que «ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos» (Jo 20,9). Como os outros apóstolos, João recebeu plenamente a sua medida quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos [no Pentecostes], quando a graça foi dada a cada um «segundo a medida do dom de Cristo» (Ef 4,7). [...]
O Senhor Jesus amou este discípulo mais do que os outros [...] e abriu-lhe os segredos do céu [...] para fazer dele o escrivão do mistério profundo sobre o qual o homem não é capaz de falar só por si mesmo: o mistério do Verbo, da Palavra de Deus, do Verbo que Se fez carne. É o fruto desse amor. Mas, mesmo amando-o, não foi a ele que Jesus disse: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja» (Mt 16,18). [...] Embora amasse todos os Seus discípulos, e especialmente Pedro, com um amor espiritual e da alma, Nosso Senhor amou João com um amor do coração. [...] Na ordem do apostolado, Simão Pedro recebeu o primeiro lugar e as «chaves do reino dos céus» (Mt 16,19); João, recebeu outro legado: o Espírito de entendimento, «uma alegria e uma coroa de júbilo» (Sir 15,6).
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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