Tintin, o repórter mais famoso da banda desenhada, é um "herói do catolicismo, um cavaleiro ocidental dos tempos modernos e um coração sem mácula", defendeu o escritor francês Dennis Tillinac num artigo publicado hoje no L’Osservatore Romano.
O diário do Vaticano escreve que o recém estreado filme de Steven Spielberg sobre Tintin recupera para a actualidade o personagem criado em 1929 pelo belga Georges Remi Hergé (1907-1983), considerado pelo "Dictionnaire amoureux di catholicisme" um cavaleiro "imaculado, atraído pelo mistério e pela protecção dos mais fracos". Segundo Tillinac, Tintin não é um católico que possa ser identificado como tal, uma vez que nunca reza perante a ameaça da morte e nunca aparece numa igreja.
Apenas em duas ocasiões, escreveu o autor, se lhe escapa um "Deus o tenha" quando é informado da morte de vilão japonês n'"O Lótus Azul", a quinta das suas aventuras. "Apesar disso, Tintin é um herói do catolicismo, impregnado dos ideais dos escuteiros, que tiveram grande importância na formação de Hergé como demonstram as suas primeiras histórias", escreveu Tillinac. Tintin, assegurou, tem uma profissão que legitima as suas viagens pelo mundo e domina a arte da camuflagem que o converte "num anjo ou quase".
No estudo sobre Tintin, o escritor sublinha que o personagem é curioso, aventureiro e prestável e que parece ter vindo à Terra para defender as viúvas e os órfãos. "Tintin é um herói sobrenatural que se move em cenários realistas. As pessoas que lhe são próximas caem em tentações - o whisky, para o capitão Haddock, os osso, para o cão Milu -, mas no momento certo enchem-se de coragem e são salvos por um fundo de honra, como o professor Girassol, intransigente com os direitos humanos", escreveu.
No estudo aprofundado sobre o personagem, Tillinac afirma que Tintin é um cavaleiro ocidental dos tempos modernos, um coração sem mácula e um corpo invulnerável, que atravessa a humanidade como um meteorito para salvar inocentes e vencer o mal. Tintin é o "anjo guardião dos valores cristãos que o Ocodente constantemente renega ou ridiculariza", escreve o escritor francês.
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