Obra do Papa aborda primeiros anos da vida de Cristo e sustenta realidade histórica dos relatos evangélicos
O novo livro de Bento XVI, que conclui a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’, vai chegar às livrarias portuguesas no dia 21 de novembro, na mesma altura que em Itália e nos principais mercados mundiais, pela mão da Principia.
A 20 de novembro, o livro terá uma apresentação mundial no Vaticano, onde estará presente também a editora portuguesa.
Na obra, o Papa defende que a figura de Cristo se distingue das personagens da mitologia e apela à “seriedade” da pesquisa histórica.
“Jesus não nasceu nem apareceu publicamente no vago ‘outrora’ do mito. Ele pertence a um tempo datável exatamente e a um ambiente geográfico indicado com clareza”, escreve Bento XVI no volume intitulado ‘A infância da Jesus’, de que o Vaticano antecipou algumas passagens.
O livro vai abordar os chamados “evangelhos de infância”, sobre os primeiros anos de vida de Cristo, e é apresentado pelo próprio Papa como uma introdução aos dois livros precedentes sobre a figura e a mensagem de Cristo.
“Jesus nasceu numa época que pode ser determinada com exatidão. No início da atividade pública de Jesus, Lucas oferece mais uma vez uma datação pormenorizada e exata daquele momento histórico: é o décimo quinto ano do império de Tibério César”, refere.
Segundo Bento XVI, são necessários “dois passos” para uma interpretação correta dos textos bíblicos: “Por um lado, é preciso perguntar-se o que pretendiam dizer com o seu texto os respetivos autores, no seu momento histórico – é a componente histórica da exegese”.
O Papa observa, no entanto, que “não é suficiente deixar o texto no passado, arquivando-o entre os eventos acontecidos há tempos”.
“Diante de um texto como o bíblico, do qual o último e mais profundo autor, de acordo com a nossa fé, é o próprio Deus, a pergunta acerca da relação do passado com o presente faz inevitavelmente parte da nossa interpretação. Deste modo a seriedade da pesquisa histórica não diminui mas aumenta”, prossegue.
Bento XVI diz que teve “o cuidado de entrar em diálogo com os textos”, frisando que “este colóquio na encruzilhada entre passado, presente e futuro nunca poderá ser completo e que cada interpretação nunca alcança a grandeza do texto bíblico”.
O primeiro volume de ‘Jesus de Nazaré’ tinha sido publicado em 2007 e era dedicado ao começo da vida pública de Cristo (desde o batismo à transfiguração).
A segunda parte da obra foi apresentada em março de 2011, passando em revista os momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição.
Toda a obra começou a ser escrita no verão de 2003, antes da eleição de Joseph Ratzinger como Papa.
“Espero que o pequeno livro, não obstante os seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho rumo a e com Jesus”, sublinha agora Bento XVI.
“Nele, procurei interpretar, em diálogo com exegetas do passado e do presente, o que Mateus e Lucas narram no início dos seus Evangelhos sobre a infância de Jesus”, acrescenta.
A Princípia Editora, como já tinha acontecido aquando do segundo volume, foi selecionada no âmbito de uma consulta internacional lançada pela editorial italiana Rizzoli, detentora dos direitos mundiais da obra e responsável pelas negociações para a cedência dos direitos de publicação para cada idioma.
Os direitos adquiridos para a língua portuguesa, excetuando o Brasil, incluem “as versões impressa, eletrónica e áudio”, adianta o editor Henrique Mota.
A divulgação e a apresentação da obra em Portugal têm o apoio da Agência ECCLESIA.
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