Numa reunião de um colégio, o director falou da violência na escola. «Que podemos fazer para acabar com esta “praga” que nos persegue há algum tempo?» perguntava-se, convidando à reflexão os pais que estavam presentes. Seguidamente, fez referência a alguns recentes acontecimentos dolorosos que tinham sido o motivo daquele encontro. Por fim exclamou: «Como pode Deus permitir coisas assim no nosso colégio?».
Um pai resolveu responder à pergunta que em princípio era só um desabafo: «Creio que Deus também está profundamente triste com tudo o que aconteceu». Fez-se silêncio na sala. Então continuou: «Há uns anos para cá, nós pedimos a Deus que Se fosse embora desta escola. E Ele, respeitando a nossa liberdade, obedeceu.
Tudo começou quando alguém pediu que não se rezasse no começo das aulas. E nós achámos bem. Depois pediu-se para acabar com as aulas de religião. E nós achámos bem. Depois um psicólogo revelou-nos que dizer “não” aos nossos filhos gerava neles traumas profundos. E nós achámos bem. Depois alguém disse que seria contra a dignidade humana proibir os filhos de verem tudo o que quisessem na televisão. E nós achámos bem.
Posteriormente alguém sugeriu pôr uma máquina de preservativos na escola para evitar a sida. E nós achámos bem. Então alguém nos explicou que a lei já não proibia que as nossas filhas interrompessem voluntariamente a gravidez. E nós achámos bem. Afinal, trata-se de um direito que elas têm como seres livres que são. Agora, perguntamo-nos porque é que os nossos filhos não sabem distinguir entre o bem e o mal. Se pensarmos com calma, encontraremos a resposta. Aquilo que semeámos é aquilo que estamos a recolher».
Nunca foi fácil educar moralmente uma pessoa. As tendências desordenadas, que todos levamos dentro, tornam essa tarefa árdua e delicada. Quando a estas dificuldades habituais, acrescentamos a falta de referência a Deus, tudo se torna muito mais complexo. Prescindir de Deus é não admitir que haja alguém superior que julgue as nossas acções. Isto torna-nos muito mais vulneráveis. É fácil cair na tentação de sermos os únicos a decidir o que é bom ou mau, de acordo com os nossos interesses.
Porquê ajudar uma pessoa que dificilmente poderá retribuir-me? Porquê perdoar os outros? Porquê dizer a verdade em vez de deixar que seja outro a pagar as consequências dos meus erros? Porquê não aceitar esse dinheiro fácil que possui o “pormenor” de não ser honesto? Porquê ser fiel ao marido ou à mulher quando é tão fácil não sê-lo? Porquê fazer algo que não me apetece?
Sem Deus é mais espontâneo duvidar se vale a pena fazer o bem. Sem formação religiosa é mais fácil não manter condutas que requerem esforço. Isto não significa que aquele que acredita em Deus actue sempre correctamente. No entanto, tem a vantagem de não se sentir nunca sozinho. Está menos exposto a enganar-se a si mesmo, dizendo que é bom o que lhe apetece e mau o que não lhe agrada. Sabe que tem dentro de si uma voz que em determinados momentos lhe dirá: «Basta! Não vás por aí!». É uma voz que não tira a liberdade, mas protege-a da degradação.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
1 comentário:
Não posso estar mais de acordo. Como professora, aposentada, assisti a tudo isto sempre com tristeza, mas total impotência de ir contra o superiormente instituído. Servi-me das aulas de Formação Cívica para elevar os valores e estimular as atitudes que achei que fariam dos meus alunos Homens do amanhã , com H maiúsculo.
Tenho acompanhado a derrocada de tudo, mas acalento a certeza de que Deus não nos abandonou, quis apenas que aprendêssemos, à nossa custa
Teres Leite
Enviar um comentário