Vejamos porque é o reino de Deus comparado a um grão de mostarda. Lembro-me doutra passagem que evoca o grão de mostarda; ele é comparado com a fé, quando o Senhor diz: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: 'Muda-te daqui para acolá', e ele há-de mudar-se» (Mt 17,19). [...] Se, portanto, o Reino dos céus é como um grão de mostarda e a fé também é como um grão de mostarda, a fé é seguramente o Reino dos céus e o Reino dos céus é a fé. Ter fé é ter o Reino dos céus. [...] Foi por isso que Pedro, que tinha realmente fé, recebeu as chaves do Reino dos céus: para o poder abrir também aos outros (Mt 16,19).
Apreciemos agora o alcance da comparação. Este grão é certamente uma coisa comum e simples mas, se o trituramos, ele irradia a sua força. Do mesmo modo, à primeira vista, a fé parece ser simples mas, tocada pela adversidade, ela irradia a sua força. [...] Os nossos mártires Félix, Nabor e Victor foram grãos de mostarda: tinham o perfume da fé, mas eram ignorados. Chegada a perseguição, depuseram as armas, estenderam o pescoço e, abatidos pelo gládio, espalharam a beleza do seu martírio «até aos confins da terra» (Sl 18,5). [...]
Mas o próprio Senhor é um grão de mostarda: até ter sofrido ataques, o povo não O conhecia; escolheu ser triturado [...]; escolheu ser esmagado, embora Pedro Lhe dissesse: «é a multidão que te aperta e empurra» (Lc 8,45); Ele escolheu ser semeado, como o grão «que um homem tomou e deitou no seu quintal». Pois foi num jardim que Cristo foi preso e enterrado; Ele cresceu nesse jardim e foi lá que ressuscitou. [...] Portanto, vós também, semeai Cristo no vosso jardim. [...] Semeai o Senhor Jesus: Ele é grão quando é preso, árvore quando ressuscita, árvore que dá sombra ao mundo; Ele é grão quando é enterrado na terra, árvore quando Se eleva ao céu.
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão e Doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de Lucas
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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