Tomai atenção ao que Cristo diz, indicando com a mão os discípulos: «Aí estão Minha mãe e Meus irmãos». E em seguida: «Pois todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está nos céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe» (Mt 12,49-50). Não fez a Virgem Maria a vontade do Pai, Ela que acreditou pela fé, que concebeu pela fé? [...] Sim, Santa Maria fez a vontade do Pai e, consequentemente, [...] Maria era bem-aventurada porque, antes mesmo de dar à luz o Mestre, trouxe-O no seu seio.
Vede se aquilo que eu digo não é verdade. Enquanto o Senhor caminhava, seguido pela multidão e realizando milagres divinos, uma mulher exclamou: «Felizes as entranhas que Te trouxeram e os seios que Te amamentaram!» E que replicou o Senhor, para evitar que a tónica da felicidade fosse colocada na carne? «Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática!» Ou seja, Maria também é feliz porque escutou a palavra de Deus e a pôs em prática; mais do que guardar a carne no seu seio, guardou a verdade na sua alma. A Verdade é Cristo; a carne é Cristo. A verdade é Cristo na alma de Maria; a carne é Cristo no seio de Maria. Aquilo que está na alma é mais do que o que está no seio. Santa Maria, feliz Maria! [...]
Mas vós, meus caros, vede que sois corpo de Cristo e Seus membros (1Co 12,27). [...] «Pois aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe». [...] Porque só há uma herança. Foi por isso que Cristo, embora fosse Filho único, não quis permanecer só; na Sua misericórdia, quis que fôssemos herdeiros do Pai, que fôssemos co-herdeiros com Ele (Rm 8,17).
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (África do Norte) e doutor da Igreja
Sermão sobre o Evangelho de Mateus, n° 25, 7-8; PL 46, 937
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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