Perante mais de 50 mil pessoas, que assinalaram com palmas o momento solene, o Arcebispo de Birmingham, D. Bernard Longley, pediu formalmente que o Papa beatificasse John Henry Newman e o vice-postulador da causa de canonização leu uma pequena biografia.
Bento XVI proferiu, em seguida, a fórmula de beatificação, anunciando que a festa litúrgica do Beato Newman será celebrada a 9 de Outubro, precisamente a data da sua conversão, em 1845.
Um retrato do novo beato foi destapado e as suas relíquias colocadas junto ao altar, antes de o Papa cumprimentar o Arcebispo local e o vice-postulador da causa do Cardeal Newman, que continuará agora a trabalhar para a sua canonização.
Na homilia da Missa, Bento XVI começou por sublinhar o profundo sentido, na vida dos cristãos, do domingo, “o dia do Senhor, o dia em que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos”, logo evocando também uma celebração especial que tem lugar neste dia na nação britânica: a comemoração dos 70 anos da “Batalha da Inglaterra”. “Para mim, que vivi e sofri ao longo dos tenebrosos dias do regime nazista na Alemanha (declarou o Papa Ratzinger), é profundamente comovente encontrar-me aqui convosco, nesta ocasião, e recordar tantos dos vossos concidadãos que sacrificaram a sua própria vida, resistindo corajosamente às forças daquela ideologia maligna”.
“Setenta anos depois, recordamos com vergonha e com horror a tremenda quantidade de morte e destruição que a guerra traz consigo ao deflagrar e renovamos o nosso propósito de agir a favor da paz e da reconciliação, em qualquer lugar onde surgir a ameaça de conflitos”.
Passando depois a referir a figura de John Henry Newman, agora proclamado Bem-aventurado, Bento XVI convidou a prestar glória e louvor a Deus pelas virtudes heróicas deste santo homem inglês. Numa Inglaterra com grande tradição de santos mártires (observou o Papa), “é justo e conveniente reconhecer hoje a santidade de um confessor, um filho desta nação, que, embora não tenha sido chamado a derramar o próprio sangue pelo Senhor, lhe prestou contudo um eloquente testemunho ao longo de uma vida dedicada ao ministério sacerdotal, especialmente na pregação, no ensino e nos escritos”.
Foi na esteira de outros Santos e Mestres das Ilhas Britânicas, como São Beda, Santa Hilda e Duns Scoto (entre outros), que “aquela graciosa tradição de ensino, de profunda sabedoria humana e de intenso amor ao Senhor deu ricos frutos no Bem-aventurado John Henry” – sublinhou o Papa, que recordou o lema do cardeal Newman – “O coração fala ao coração”, que permite penetrar na sua compreensão da vida cristã como chamada à santidade:
“O Evangelho de hoje diz-nos que ninguém pode ser servo de dois patrões e o ensinamento do Beato John Henry sobre a oração explica que o cristão é colocado de maneira definitiva ao serviço do único verdadeiro Mestre, o único que tem direito à nossa dedicação incondicionada, Newman ajuda-nos a compreender o que isto significa na nossa vida quotidiana: diz-nos que o nosso divino Mestre atribuiu a cada um de nós uma tarefa específica, um serviço bem definido, confiado unicamente a cada indivíduo”.
“O serviço específico a que foi chamado o Beato John Henry Newman comportou a aplicação da sua subtil inteligência e da sua prolífica pena a muitos dos mais urgentes problemas do dia”.
“As suas intuições sobre fé e razão, sobre o espaço vital da religião revelada na sociedade civilizada, e sobre a necessidade de abordar a educação de um modo amplamente fundamentado e com um largo horizonte, não foram apenas de profunda importância para a Inglaterra vitoriana, mas continuam ainda hoje a inspirar e iluminar muitos em todo o mundo”.
Firmemente contrário a uma visão redutiva ou utilitarista da educação, Newman propunha um ambiente educativo conjugando formação intelectual, disciplina moral e empenho religioso. Nesse sentido, ele desejava leigos crentes e esclarecidos, para formar as novas gerações. Como ele próprio escreveu no seu famoso apelo para um laicado inteligente e bem instruído:
“Quero um laicado não arrogante, não precipitado nos discursos, não polémico, mas homens que conheçam a sua religião, que nela penetrem, que saibam bem onde se elevam, que saibam em que é que crêem ou não crêem, que conheçam suficientemente o próprio credo ao ponto de poderem dar contas dele, que conheçam bem a história ao ponto de a defenderem.
Hoje, no momento em que o autor destas palavras é elevado à honra dos altares, rezo para que, mediante a sua intercessão e o seu exemplo, quantos são empenhados na tarefa do ensino e da catequese, se inspirem no maior esforço da sua visão, tal como se apresenta claramente diante de nós”.
(Fonte: site Radio Vaticana)
Um retrato do novo beato foi destapado e as suas relíquias colocadas junto ao altar, antes de o Papa cumprimentar o Arcebispo local e o vice-postulador da causa do Cardeal Newman, que continuará agora a trabalhar para a sua canonização.
Na homilia da Missa, Bento XVI começou por sublinhar o profundo sentido, na vida dos cristãos, do domingo, “o dia do Senhor, o dia em que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos”, logo evocando também uma celebração especial que tem lugar neste dia na nação britânica: a comemoração dos 70 anos da “Batalha da Inglaterra”. “Para mim, que vivi e sofri ao longo dos tenebrosos dias do regime nazista na Alemanha (declarou o Papa Ratzinger), é profundamente comovente encontrar-me aqui convosco, nesta ocasião, e recordar tantos dos vossos concidadãos que sacrificaram a sua própria vida, resistindo corajosamente às forças daquela ideologia maligna”.
“Setenta anos depois, recordamos com vergonha e com horror a tremenda quantidade de morte e destruição que a guerra traz consigo ao deflagrar e renovamos o nosso propósito de agir a favor da paz e da reconciliação, em qualquer lugar onde surgir a ameaça de conflitos”.
Passando depois a referir a figura de John Henry Newman, agora proclamado Bem-aventurado, Bento XVI convidou a prestar glória e louvor a Deus pelas virtudes heróicas deste santo homem inglês. Numa Inglaterra com grande tradição de santos mártires (observou o Papa), “é justo e conveniente reconhecer hoje a santidade de um confessor, um filho desta nação, que, embora não tenha sido chamado a derramar o próprio sangue pelo Senhor, lhe prestou contudo um eloquente testemunho ao longo de uma vida dedicada ao ministério sacerdotal, especialmente na pregação, no ensino e nos escritos”.
Foi na esteira de outros Santos e Mestres das Ilhas Britânicas, como São Beda, Santa Hilda e Duns Scoto (entre outros), que “aquela graciosa tradição de ensino, de profunda sabedoria humana e de intenso amor ao Senhor deu ricos frutos no Bem-aventurado John Henry” – sublinhou o Papa, que recordou o lema do cardeal Newman – “O coração fala ao coração”, que permite penetrar na sua compreensão da vida cristã como chamada à santidade:
“O Evangelho de hoje diz-nos que ninguém pode ser servo de dois patrões e o ensinamento do Beato John Henry sobre a oração explica que o cristão é colocado de maneira definitiva ao serviço do único verdadeiro Mestre, o único que tem direito à nossa dedicação incondicionada, Newman ajuda-nos a compreender o que isto significa na nossa vida quotidiana: diz-nos que o nosso divino Mestre atribuiu a cada um de nós uma tarefa específica, um serviço bem definido, confiado unicamente a cada indivíduo”.
“O serviço específico a que foi chamado o Beato John Henry Newman comportou a aplicação da sua subtil inteligência e da sua prolífica pena a muitos dos mais urgentes problemas do dia”.
“As suas intuições sobre fé e razão, sobre o espaço vital da religião revelada na sociedade civilizada, e sobre a necessidade de abordar a educação de um modo amplamente fundamentado e com um largo horizonte, não foram apenas de profunda importância para a Inglaterra vitoriana, mas continuam ainda hoje a inspirar e iluminar muitos em todo o mundo”.
Firmemente contrário a uma visão redutiva ou utilitarista da educação, Newman propunha um ambiente educativo conjugando formação intelectual, disciplina moral e empenho religioso. Nesse sentido, ele desejava leigos crentes e esclarecidos, para formar as novas gerações. Como ele próprio escreveu no seu famoso apelo para um laicado inteligente e bem instruído:
“Quero um laicado não arrogante, não precipitado nos discursos, não polémico, mas homens que conheçam a sua religião, que nela penetrem, que saibam bem onde se elevam, que saibam em que é que crêem ou não crêem, que conheçam suficientemente o próprio credo ao ponto de poderem dar contas dele, que conheçam bem a história ao ponto de a defenderem.
Hoje, no momento em que o autor destas palavras é elevado à honra dos altares, rezo para que, mediante a sua intercessão e o seu exemplo, quantos são empenhados na tarefa do ensino e da catequese, se inspirem no maior esforço da sua visão, tal como se apresenta claramente diante de nós”.
(Fonte: site Radio Vaticana)
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