Santa Sé vai responder «nas formas e tempos» que considerar adequados às autoridades irlandesas
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, reagiu hoje às mais recentes revelações sobre casos de abusos sexuais por parte do clero católico na Irlanda, sublinhando a “gravidade dos factos acontecidos” num período recente. O sacerdote italiano, diretor da sala de imprensa da Santa Sé, comentava à Rádio Vaticano os dados revelados por um relatório sobre a diocese de Cloyne, na costa sul irlandesa, divulgado na última semana, segundo o qual a Igreja local teria abafado casos de abusos até 2009. Para o padre Lombardi, “é justo reconhecer o compromisso decidido da Santa Sé em encorajar e apoiar eficazmente todos os esforços da Igreja na Irlanda” que visam “superar definitivamente a crise ligada à dramática praga dos abusos sexuais sobre menores”. “Parece-nos imperioso lembrar e renovar os intensos sentimentos de dor e de reprovação expressos pelo Papa, por ocasião do seu encontro com os bispos irlandeses, chamados ao Vaticano a 11 de dezembro de 2009, exatamente para enfrentar em conjunto a difícil situação da Igreja na Irlanda”, assinala. Bento XVI falava então em “desconcerto e vergonha” perante os “crimes odiosos” relevados num relatório sobre a arquidiocese de Dublin. O padre Lombardi sublinha que fala em nome pessoal e que a resposta “oficial” da Santa Sé aos mais recentes acontecimentos será dada “nas formas e nos tempos apropriados”. “Como declararam os bispos irlandeses, a publicação do relatório sobre a diocese de Cloyne assinala uma nova etapa do longo e cansativo caminho de busca da verdade, de penitência e purificação, de cura e renovação da Igreja na Irlanda, ao qual a Santa Sé não se sente estranha”, refere. Este responsável adianta que o período em análise no novo relatório vai de janeiro de 1996 a fevereiro de 2009 e que as “autoridades irlandesas” pediram uma “reação por parte da Santa Sé”. O bispo emérito de Cloyne, D. John Magee, pediu a renúncia ao cargo em março de 2010, ao abrigo do cânone 401 § 2 do Código de Direito Canónico, no qual se fala em situação de “precária saúde ou outra causa grave”. No Vaticano estão atualmente em análise os resultados da “visita apostólica” à Igreja na Irlanda, que decorreram nas quatro arquidioceses deste país, bem como nos seminários e casas das congregações religiosas. O padre Lombardi observa, por outro lado, que as “objeções” levantadas pela Congregação do Clero (Santa Sé) a um documento da Conferência Episcopal Irlandesa sobre os casos de abusos sexuais, em 1997, devem ser vistas como “compreensíveis e legítimas”, por causa de “aspetos cuja compatibilidade com a lei canónica universal era problemática”. “Não há nenhuma razão para interpretar tal carta [da Congregação do Clero] como destinada a ocultar os casos de abusos”, diz o diretor da sala de imprensa da Santa Sé. Este responsável refere ainda que algumas críticas “não manifestam consciência do que a Santa Sé fez efetivamente no decorrer dos anos, contribuindo para enfrentar eficazmente o problema”. OC |
(Fonte: site Agência Ecclesia, foto da responsabilidade do blogue)
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