Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Homilia do Prelado do Opus Dei na festa de São Josemaria Escrivá, 2011

Queridos irmãos e irmãs

Antecipamos um dia a celebração da festa litúrgica de São Josemaria porque amanhã, aniversário da sua passagem para o Céu, coincide este ano com a festa do Corpo de Deus. Esta circunstância, contudo pode ajudar a prepararmo-nos melhor para tão grande solenidade. O nosso Padre dispunha-se com muito amor e continuava a celebrá-la também nos dias seguintes, durante a oitava que então estava prescrita na liturgia, adorando a Jesus no Santíssimo Sacramento, agradecendo o ter ficado connosco sob as espécies eucarísticas, desagravando pelas ofensas que recebe e pedindo pelo Papa, pela Igreja, pelo mundo inteiro.

Convido-vos a unirdes-vos a estes sentimentos que enchiam a alma de São Josemaria quando estava fisicamente entre nós. Recorramos à sua intercessão para que nos obtenha da Santíssima Trindade, a graça de sermos verdadeiramente almas eucarísticas: mulheres e homens que de verdade se empenhem por fazer da Sagrada Eucaristia, dia após dia, o centro dos seu trabalho, das suas aspirações e de toda a sua existência.

Também me enche de alegria que hoje seja o aniversário da primeira ordenação sacerdotal de fiéis do Opus Dei: D. Álvaro del Portillo, José Maria Hernández Garnica e José Luis Músquiz. Dos três está em curso a causa da canonização. Recorramos privadamente a estes três primeiros sacerdotes da Obra para que intercedam por cada um de nós.


Servir a obra da Redenção
Os textos litúrgicos da Missa de São Josemaria resumem os pontos fundamentais do espírito que, inspirado por Deus, começou a difundir desde o dia 2 de Outubro de 1928. Resume-os bem a oração colecta: «Anunciar a vocação universal à santidade e ao apostolado», como filhos de Deus, no meio do trabalho profissional e nas circunstâncias da vida corrente, para «servir com amor ardente a obra da Redenção», mediante um trabalho apostólico pessoal de amizade e confidência. Hoje quero deter-me neste último aspecto, considerando a cena da pesca milagrosa que acabamos de escutar.

Como os primeiros
Nessa passagem do Evangelho, que narra o chamamento ao apostolado dos primeiros discípulos de Jesus Cristo, descobre-se o modelo exemplar da vocação apostólica dos primeiros fiéis cristãos, a quem o Senhor procura no meio da sua profissão. No Caminho, já nos anos de 1930, São Josemaria escrevia: O que a ti te admira, a mim parece-me razoável. – Deus foi-te procurar no exercício da tua profissão?
Foi assim que procurou os primeiros: Pedro, André, João e Tiago, junto das redes; Mateus, sentado à mesa dos impostos… (S. Josemaria,
Caminho, n. 799).

Como o bom pai de família de que fala Jesus (Cfr. Mt. 13, 52), São Josemaria soube tirar luzes novas da Palavra de Deus, mostrando como aspirar à santidade na vida corrente, como lembrou Bento XVI na sua Exortação Apostólica 
Verbum Domini (Cfr. Exhort. apost. Verbum Domini, 30-IX-2010, n. 48). A pregação de São Josemaria situava-se também no caminho aberto pelos Padres da Igreja. Já Santo Agostinho, comentando esta cena evangélica, tinha afirmado que os Apóstolos «receberam de Jesus as redes da Palavra de Deus, lançaram-nas ao mundo, como num mar profundo, e recolheram esse grande número de cristãos que vemos com assombro» (Santo Agostinho, Sermão 248, 2). São Cirilo de Alexandria acrescentava que «a rede continua a ser lançada, enquanto Cristo chama à conversão aqueles que, segundo a palavra da Escritura, se encontram no meio do mar, quer dizer, no meio das ondas tempestuosas das coisas do mundo» (São Cirilo de Alexandria, Comentário ao Evangelho de São Lucas, homilia 12). Agora cabe-nos a nós prosseguir essa pesca divina, obedecendo ao mandamento de Jesus, sob a orientação de Pedro, que é o patrão da barca. Os frutos, agora com então, serão copiosos: apanharam tão grande quantidade de peixes. Tantos, que as redes se rompiam (Lc 5, 6).

Com a segurança da fé
Talvez nalgumas ocasiões, como fazia notar o nosso Padre, poderia vir-nos à cabeça a ideia de que tudo isto é muito belo, mas utópico, um sonho irrealizável; o mar do mundo em que vivemos está tão revolto! Afastemos imediatamente este pensamento, se alguma vez se apresentasse, e peçamos ao Senhor que nos aumente a fé, com a certeza absoluta de que as nossas aspirações serão ultrapassadas pelas maravilhas de Deus (São Josemaria 
Cristo que passa, n. 159). A solenidade de Pentecostes, que celebrámos há duas semanas, mostra-nos que para Deus não há impossíveis: Ele encherá de frutos as redes se, da nossa parte, utilizarmos em primeiro lugar os meios sobrenaturais – a oração, a mortificação, o trabalho realizado com perfeição humana e sobrenatural – e aproveitarmos todas as ocasiões que se apresentarem, para aproximar as almas de Deus.

Fixemo-nos na atitude de Simão Pedro. Depois da dúvida inicial – tinha-se esforçado na pesca durante toda a noite, sem conseguir nada – confia no Senhor: sobre a Tua palavra, lançarei as redes (Lc 5, 5). Então acontece o milagre. Bento XVI refere que «Pedro não podia imaginar então que um dia chegaria a Roma e seria aqui “pescador de homens” para o Senhor. Aceita esse chamamento surpreendente e deixa-se envolver nessa grande aventura. É generoso, reconhece as suas limitações, mas crê n’Aquele que o chama e segue o sonho dos seu coração. Diz sim, um sim valente e generoso, e converte-se em discípulo de Jesus» (Bento XVI,
Discurso na audiência geral, 17-V-2006).

O mesmo acontece connosco, se escutarmos o Senhor e pusermos em prática o que nos diz, como parafraseava o nosso Padre: se me seguis, far-vos-ei pescadores de homens: sereis eficazes, e atraireis as almas para Deus. Devemos portanto confiar nessas palavras do Senhor: meter-se na barca, pegar nos remos, içar as velas, e lançar-se a esse mar do mundo que Cristo nos deixa como herança. Duc in altum et laxate retia vestra in capturam! (Lc 5, 4): fazei-vos ao largo e lançai as vossas redes para pescar (S. Josemaria, 
Cristo que passa, n. 159).

A conduta de São Pedro, que confia em Jesus mais que na sua experiência pessoal, constitui um precioso ensinamento para todos. Porque «também nós temos desejos de Deus, também nós queremos ser generosos, mas também nós esperamos que Deus actue com força no mundo e o transforme imediatamente segundo as nossas ideias» (Bento XVI, Discurso na audiência geral, 17-V-2006). Com estas palavras Bento XVI alerta para a única coisa que verdadeiramente poderia conduzir ao fracasso mais completo: depositar a confiança  ou principalmente nas possibilidades ou nos esforços humanos, descuidando o recurso aos meios sobrenaturais. Seria um erro gravíssimo, porque o Senhor habitualmente «escolhe o caminho da transformação dos corações com o sofrimento e a humildade. E nós, como Pedro, devemos converter-nos sempre de novo» (Bento XVI, Discurso na audiência geral, 17-V-2006).

Rainha dos Apóstolos
São Josemaria estimulava-nos a recorrer à Santíssima Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, para que as redes – isto é, o nosso trabalho profissional, as nossas iniciativas, pessoais ou em colaboração com outros – se encham de eficácia no serviço à Igreja: Que Ela nos ensine a viver de fé, perseverar com esperança, permanecer unidos a Jesus Cristo, amá-Lo de verdade, de verdade, de verdade, percorrer e saborear a nossa aventura de Amor, pois estamos apaixonados por Deus. Deixar que Cristo entre no nosso pobre barco e tome posse da nossa alma como Dono e Senhor (S. Josemaria, Amigos de Deus , n. 22. 

Roma, Basílica de Santo Eugénio, 25-VI-2011

(Fonte: site São Josemaría Escrivá em http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/homilia-do-prelado-do-opus-dei-na-festa-de-se3o-josemaria-escriva2c-2011)

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