Bento XVI
Mensagem para a Quaresma de 2008
É muito significativo o episódio evangélico da viúva que, da sua pobreza, lança no tesouro do templo «tudo o que tinha para viver» (Mc 12,44). A sua pequena e insignificante moeda tornou-se um símbolo eloquente: esta viúva dá a Deus, não o supérfluo, não tanto o que tem, mas sobretudo aquilo que é; entrega-se totalmente a si mesma.
Este episódio comovedor está inserido na descrição dos dias que precedem imediatamente a paixão e morte de Jesus, o Qual, como observa São Paulo, Se fez pobre para nos enriquecer pela sua pobreza (cf. 2Cor 8,9); entregou-Se totalmente por nós. A Quaresma, nomeadamente através da prática da esmola, impele-nos a seguir o Seu exemplo. Na Sua escola, podemos aprender a fazer da nossa vida um dom total; imitando-O, conseguimos tornar-nos disponíveis para dar, não tanto algo do que possuímos, mas a nós próprios. Não se resume porventura todo o Evangelho no único mandamento da caridade? A prática quaresmal da esmola torna-se, portanto, um meio para aprofundar a nossa vocação cristã. Quando se oferece gratuitamente a si mesmo, o cristão testemunha que não é a riqueza material que dita as leis da existência, mas o amor. Deste modo, o que dá valor à esmola é o amor, que inspira formas diversas de doação, segundo as possibilidades e as condições de cada um.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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