A Quinta Feira Santa é tão rica em tudo o que a Igreja nos propõe, que um simples texto nunca daria para abarcar tudo que neste dia a Igreja nos exorta a meditar e a viver.
Assim, tomei a opção pela 2ª Leitura da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, para nos conduzir à “particularidade” mais importante do mistério do sacramento da Eucaristia.
1ª Carta aos Coríntios 11,23-26.
Com efeito, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus na noite em que era entregue, tomou pão
e, tendo dado graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim».
Do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto sempre que o beberdes, em memória de mim.»
Porque, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha.
Diz-nos João Paulo II
Homilia (a partir da trad. L'Osservatore Romano)
«Sempre que comerdes este pão e beberdes este vinho proclamareis a morte do Senhor, até que Ele venha»
«Jesus, sabendo bem que tinha chegado a Sua hora da passagem deste mundo para o Pai, Ele, que amara os Seus que estavam no mundo, levou o Seu amor por eles até ao extremo». E eis que, durante a refeição pascal, a última antes da Sua partida para o Pai, se revela um sinal novo: o sinal da Nova Aliança. «Até ao extremo» quer dizer: até Se dar a Si próprio por eles. Por nós. Por todos. «Até ao extremo» significa: até ao fim dos tempos. Até que Ele venha pela segunda vez.
Desde esta noite da Última Ceia, todos nós, filhos e filhas da Nova Aliança no sangue de Cristo, recordamos a Sua Páscoa, a Sua partida graças à morte na cruz. Mas não se trata apenas de uma lembrança. O sacramento do Corpo e do Sangue tornam o Seu sacrifício presente, fazendo com que nele participemos sempre de novo. Neste sacramento, Cristo crucificado e ressuscitado está constantemente connosco, Ele vem constantemente até nós sob a forma do pão e do vinho, até vir de novo, a fim de que o sinal dê lugar à realidade última e definitiva. Que darei eu em troca deste amor «até ao extremo»?
Salientemos então, vivamente, esta imensa verdade que Cristo nos oferece e que tantas vezes deixamos passar “sobre a rama”.
A Eucaristia é memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
E memorial não é memória, não é algo que se lembra, não é algo que se recorda, é algo sim que se faz presente, total e realmente presente.
E não é uma repetição, ou seja, na Eucaristia, Jesus Cristo não sofre a Paixão, Morte e Ressurreição, outra vez.
Não, na Eucaristia a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo há cerca de dois mil anos, torna-se presente no momento.
É o que nos diz muito claramente o Catecismo da Igreja Católica:
1363 - «Na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles tomam-se de certo modo presentes e actuais.»
1364 - «Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre actual: «Todas as vezes que no altar se celebra o sacrifício da cruz, no qual "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado", realiza-se a obra da nossa redenção» (LG 3)
E a presença de Cristo sob as espécies eucarísticas, não é simbólica, não é representativa, não é em “vez de”, é sim real e total, como nos diz mais uma vez o Catecismo da Igreja Católica:
1374 - «No santíssimo sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente, o Corpo e o Sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo total» (Conc. De Trento: Ds 1651)
Poderíamos escrever, transcrever tratados e mais tratados sobre a Eucaristia, mas todos eles nos levam a esta verdade única e sublime:
Na Eucaristia, Jesus Cristo faz-se real e totalmente presente, na sua Paixão, Morte e Ressurreição, oferendo-se ao Pai por nós e dando-se como alimento divino a cada um de nós.
E é a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica, comunhão de fiéis, desde Pedro até aos nossos dias, em Bento XVI, nos dá e juntos celebramos, este sublime, precioso e todos os dias extraordinário, Sacramento da Eucaristia.
Esta verdade imensa que só Deus pode conter e que a graça da fé nos faz crer, tem de levar cada um de nós a perguntar-se:
Qual a importância da Eucaristia na minha vida, (toda a minha vida, e não só a minha vida em Igreja), como participo eu da/na Eucaristia, como vivo eu a Eucaristia, enfim, como celebro eu a Eucaristia?
Uma Santa Páscoa para todas e para todos.
Joaquim Mexia Alves
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