O
senhor usa muitas vezes a palavra Providência. Que significado tem para o
senhor?
Creio
firmemente que Deus de facto nos vê e nos deixa a liberdade e que, contudo, também
nos conduz. Muitas vezes podemos ver que certas coisas, que a princípio nos pareciam
aborrecidas, perigosas, desagradáveis, vêm depois a fazer sentido. De repente, verifica-se
que foi bom assim, que foi um caminho certo. Para mim, na prática, isto significa
que a minha vida não é composta de acasos, mas que Alguém prevê e anda por assim
dizer, na minha frente, antecipa-se aos meus pensamentos e prepara a minha
vida.
Posso recusar,
mas também posso aceitar, e então percebo que realmente sou conduzido por uma
luz "providencial".
No entanto,
isto não significa que o homem seja completamente determinado, mas sim que o
seu destino é precisamente um desafio à sua liberdade. Como se diz na parábola dos
talentos, quem os recebe tem uma tarefa determinada, mas pode executá-la de um modo
ou de outro. Em todo o caso, cada um tem a sua missão, o seu dom especial, ninguém
é supérfluo, ninguém existe em vão. Cada um tem de procurar perceber qual é a sua
vocação, e como responder melhor ao apelo que lhe é feito.
(Cardeal
Joseph Ratzinger em ‘O sal da terra’, págs.
35-36)
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