Cavaco Silva disse ao país, há uma semana, que “Portugal vive uma situação de emergência económica e social” e há limites para os sacrifícios que se podem pedir aos cidadãos”. E apelou aos jovens para que fizessem ouvir a sua voz mostrando às gerações mais velhas que não se acomodam.
Foi um discurso histórico, de uma dureza extrema e que não desiludiu os que esperavam que o Presidente cumprisse a promessa de um segundo mandato marcado por uma magistratura activa.
Nesse discurso de verdade, não faltou o apelo à união de esforços e ao possível consenso político alargado em tempos de emergência.
Sócrates reagiu em fúria, ignorou os alertas presidenciais e num acto de inusitada arrogância apresentou em Bruxelas, sem prévio conhecimento do Presidente e sem prévia negociação com parceiros sociais e oposição, um programa duríssimo de reforçada austeridade acrescentando ao estado de emergência nacional a crise política.
Era tudo o que o país não precisava. Cavaco Silva vai assim mais uma vez ser chamado a mostrar que é possível passar das palavras aos actos e forçar a mudança.
Num texto de lucidez extrema, Mário Soares foi, ontem no DN, o primeiro a alertar para a gravidade de dois cenários: a convocação de eleições ou, em alternativa, o deixar o Governo e o PS (o que considerou mais grave!) a arder em lume brando e defendeu que do protesto se passe à acção na busca de “uma alternativa, coerente, eficaz e estruturada, tendo visão de futuro”.
Uma solução que, fica implícito, pode e deve passar pelo PS, mas não se pode resumir ao partido mais votado.
Sócrates, mais uma vez ignorou, e ontem reafirmou que mesmo que caía será de novo candidato. Parece ser o único a não ver que já não faz parte da solução mas do problema!
Graça Franco
(Fonte: site Rádio Renascença)
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