Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

CONFESSAR OS PECADOS
– A Confissão, um encontro com Cristo.
– No sacramento da Penitência pedimos o perdão dos nossos pecados. Qualidades de uma boa confissão: “concisa, concreta, clara e completa”.
– Luzes e graças que recebemos neste sacramento. Importância das disposições interiores.



I. LEMBRAI-VOS, SENHOR, de que a vossa misericórdia e a vossa bondade são eternas1, lemos na antífona de entrada da Missa.
A Quaresma é um tempo oportuno para nos esmerarmos no modo de receber o sacramento da Penitência, esse encontro com Cristo presente no sacerdote, encontro sempre único e diferente. Cristo acolhe-nos como Bom Pastor, cura-nos, limpa-nos, fortalece-nos. Cumpre-se neste sacramento o que o Senhor prometera pela voz dos Profetas: Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas, eu mesmo as farei repousar. Procurarei a ovelha perdida; reconduzirei a desgarrada; tratarei da que estiver ferida; curarei a que estiver doente e guardarei a que estiver gorda e robusta2.
Quando nos aproximamos deste sacramento, devemos pensar sobretudo em Cristo. Ele deve ser o centro do ato sacramental. E a glória e o amor a Deus devem contar mais do que os pecados que tenhamos cometido. Trata-se de olhar muito mais para Jesus do que para nós mesmos; para a sua bondade mais do que para a nossa miséria, pois a vida interior é um diálogo de amor em que Deus é sempre o ponto de referência.
O filho pródigo – que é o que nós somos quando resolvemos confessar-nos – empreende o caminho de volta abalado pela triste situação de pecado em que se encontra: Não sou digno de ser chamado teu filho; mas, à medida que se aproxima da casa paterna, vai reconhecendo comovidamente todas as coisas do seu lar, do lar de sempre, e, por último, vê ao longe a figura inconfundível de seu pai, que se dirige ao seu encontro. Isso é o importante: o encontro. Cada confissão contrita é “um aproximar-se da santidade de Deus, um reencontro com a verdade interior, obscurecida e transtornada pelo pecado, um libertar-se no mais profundo de si próprio e, por isso, um reconquistar a alegria perdida, a alegria de ser salvo, que a maioria dos homens do nosso tempo deixou de saborear”3.
Devemos sentir desejos de encontrar-nos pessoalmente com o Senhor quanto antes – como o desejariam os seus discípulos quando se ausentavam por uns dias –, para descarregarmos n’Ele toda a dor experimentada ao verificarmos as nossas fraquezas, os erros, as imperfeições e os pecados cometidos tanto ao realizarmos os nossos deveres profissionais como no nosso relacionamento familiar e social, na actividade apostólica e na própria vida de piedade.
Este esforço por colocar Cristo no centro das nossas confissões é muito importante para não cairmos na rotina, para tirarmos do fundo da alma tudo aquilo que mais nos pesa e que somente virá à tona à luz do amor de Deus. Lembrai-vos, Senhor, de que a vossa misericórdia e a vossa bondade são eternas.
II. TENDE PIEDADE DE MIM, Senhor, segundo a vossa bondade, e, conforme a vossa imensa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me por inteiro da minha falta e purificai-me do meu pecado4.
Ao longo da nossa vida, tivemos que pedir perdão muitas vezes, e o Senhor nos perdoou outras tantas. Ao fim de cada dia, quando fazemos o balanço das nossas obras, poderíamos dizer: Tende piedade de mim, Senhor.... Cada um de nós sabe quanto precisa da misericórdia divina.
Vamos, pois, à confissão para pedir a absolvição das nossas culpas como quem pede uma esmola que está longe de merecer. Mas aproximamo-nos com confiança, fiados não nos nossos méritos, mas na misericórdia divina, que é eterna e infinita, sempre inclinada ao perdão: Senhor, Tu não desprezarás um coração contrito e humilhado5.
O Senhor só nos pede que reconheçamos humildemente as nossas culpas. Não nos confessamos para pedir àquele que está no lugar de Deus que nos compreenda e nos reanime. Vamos antes para pedir perdão. Por isso, a acusação dos pecados não consiste simplesmente em declará-los, em fazer um relato histórico das nossas faltas, mas em acusar-nos delas: Eu me acuso de...
É igualmente uma acusação dolorida de coisas que desejaríamos que nunca tivessem acontecido, e em que não têm cabimento as desculpas com o fim de dissimularmos as nossas faltas ou de diminuirmos a responsabilidade pessoal. Senhor..., pela vossa imensa misericórdia, apagai a minha iniquidade. Lavai-me por inteiro do meu delito e purificai-me do meu pecado.
SãoJosemaría Escrivá, o Fundador do Opus Dei, aconselhava com critério simples e prático que as nossas confissões fossem concisas, concretas, claras e completas.
Confissão concisa, sem muitas palavras: apenas as necessárias para dizermos com humildade o que fizemos ou omitimos, sem nos estendermos desnecessariamente, sem adornos. A abundância de palavras denota às vezes o desejo, inconsciente ou não, de fugir da sinceridade directa e plena; para evitá-lo, temos que fazer bem o exame de consciência.
Confissão concreta, sem divagações, sem generalidades. O penitente “indicará oportunamente a sua situação e o tempo que decorreu desde a sua última confissão, bem como as dificuldades que teve para levar uma vida cristã”6, declarando os seus pecados e o conjunto de circunstâncias que tenham caracterizado as suas faltas a fim de que o confessor possa julgar, absolver e curar7.
Confissão clara, para sermos bem entendidos, declarando a natureza precisa das faltas e manifestando a nossa própria miséria com a necessária modéstia e delicadeza.
Confissão completa, íntegra. Sem deixar de dizer nada por falsa vergonha, para “não ficar mal” diante do confessor.
Vejamos se, ao preparar-nos para receber este sacramento, procuramos que aquilo que vamos dizer ao confessor satisfaça esses requisitos.
III. “A QUARESMA é um tempo particularmente adequado para despertar e educar a consciência. A Igreja recorda-nos precisamente neste período a necessidade inderrogável da Confissão sacramental, para que todos possamos viver a ressurreição de Cristo não só na liturgia, mas também na nossa própria alma”8.
A Confissão faz-nos participar da Paixão de Cristo e, pelos seus méritos, da sua Ressurreição. Sempre que recebemos este sacramento com as devidas disposições, opera-se na nossa alma um renascimento para a vida da graça. O Sangue de Cristo, amorosamente derramado, purifica e santifica a alma, e a sua virtude faz com que este sacramento nos confira a graça – se porventura a tivermos perdido – ou a aumente, ainda que em graus diversos, segundo as disposições do penitente. “Umas vezes, a intensidade do arrependimento é proporcional a uma graça maior do que aquela que o pecador tinha quando decaiu pelo seu pecado; outras, pode ser proporcional a uma graça igual; enfim, outras, a uma menor. Por isso, o penitente umas vezes ressurge com maior graça do que a que tinha antes; outras, com graça igual; e outras, enfim, com uma graça menor. E o mesmo se passa com as virtudes que dependem e resultam da graça”9.
Na Confissão, a alma recebe maiores luzes de Deus e um aumento de forças para a sua luta diária: graças particulares para combater as inclinações confessadas, para evitar as ocasiões de pecar, para não reincidir nas faltas cometidas... “Vede como Deus é bom e como perdoa facilmente os pecados: não somente devolve o perdoado, mas concede coisas inesperadas”10. Quantas vezes as maiores graças que recebemos são as que nos chegam depois de uma confissão, depois de termos dito ao Senhor que nos comportamos mal! Jesus concede sempre o bem em troca do mal, para nos animar a ser fiéis. O castigo que merecemos pelos nossos pecados – como o que mereciam os habitantes de Nínive, segundo nos relata hoje a primeira leitura da Missa11 – é apagado por Deus quando vê o nosso arrependimento e as nossas obras de penitência e desagravo.
A confissão sincera das nossas culpas deixa sempre na alma uma grande paz e uma grande alegria. A tristeza do pecado ou da falta de correspondência à graça converte-se em júbilo. “Talvez os momentos de uma confissão sincera – diz o Papa Paulo VI – estejam entre os mais doces, os mais reconfortantes e os mais decisivos da vida”12.
(1) Sl 24, 6; Antífona de entrada da Missa da quarta-feira da primeira semana da Quaresma; (2) Ez 34, 15-16; (3) João Paulo II, Exort. Apost. Reconciliatio et paenitentia, 2-XII-1984, 31, III; (4) Sl 50, 4;Salmo responsorial da Missa da quarta-feira da primeira semana da Quaresma; (5) ib.; (6) Paulo VI, Ordo Paenitentiae, 16; (7) cfr. ib.; (8) João Paulo II, Carta aos fiéis de Roma, 28-II-1979; (9) São Tomás, Suma Teológica, 3, q. 89, a. 2 c.; (10) Santo Ambrósio, Trat. sobre o Evangelho de S. Lucas, 2, 73; (11) Jon 3, 1-10; Primeira leitura da Missa da quarta-feira da primeira semana da Quaresma; (12) Paulo VI, Alocução, 27-II-1975.


(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal) 

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